quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A Banca Ganha Sempre

A Banca é, de facto, uma grande, anafada e próspera criatura.
Quer chova quer faça sol - isto é, quer o tempo seja de crise quer seja de retoma... - a Banca ganha sempre.
Porquê?: porque, como deste tempos imemoriais nos é dito, a Banca tem que ganhar sempre. E pronto.
Atente-se neste exemplo: a propósito do PEC3 e das suas consequências nos bolsos dos portugueses, alguém fez as contas e concluiu que os muitos milhões de euros que o Estado vai arrecadar serão assim distribuídos: os consumidores (isto é, a malta) entram com 93% e a Banca entra com 7%.

Mas isto é uma maneira de dizer, já que, como fez questão de nos informar um dos senhores 7% (neste caso o inevitável Faria de Oliveira, presidente da CGD) quem, de facto, vai pagar esses 7% são «os clientes da Banca» (isto é, a malta).

E assim se cumpre o sagrado princípio: a Banca ganha sempre.

Outro exemplo: o dinheiro com o qual o Estado salvou de falências fraudulentas o BPP e o BPN - dinheiro que era (deveria ser...) de todos nós - seria suficiente para baixar o défice de 7, 3 para 4, 6 %... e, portanto, os impostos não teriam que aumentar.
Mas vejamos: se os referidos bancos não tivessem sido salvos dariam uma má imagem da Banca em geral - o que acarrateria elevados prejuízos para a Banca em particular.

Ora, a Banca não pode ter prejuízos, a Banca tem que ganhar sempre...

Para que a Banca ganhe sempre, os «governos», os «mercados», «Bruxelas», a «Comissão»... não se poupam a esforços.
E chega a ser comovente o zelo, o enlevo, o desvelo com que essas instituições cumprem a sagrada tarefa de que estão incumbidas.

Por exemplo: o Banco Central Europeu - que, por razões óbvias, decidiu não fazer empréstimos directamente aos Estados - elegeu a Banca como intermediária nas suas relações com esses Estados, ou seja: empresta à Banca que, por sua vez, empresta aos Estados.

Mas atenção: como a Banca tem que ganhar sempre, o BCE cobra-lhe um juro de 1% de forma a que ela - a Banca - possa depois emprestar aos Estados cobrando-lhes um juro de 6% e, assim, cumprir o sagrado destino de ganhar sempre.

Até que a malta troque as voltas a esse destino...

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