sexta-feira, 15 de maio de 2015

Vila de Izeda

Izeda é uma freguesia portuguesa do concelho de Bragança, com 33,77 km² de área e 915 habitantes (2001). Densidade: 27,1 hab/km².
Ocupando a extremidade meridional do território concelhio, a freguesia de Izeda abarca uma considerável superfície, confrontante, respectivamente a sul e nascente, com os vizinhos municípios de Macedo de Cavaleiros e Vimioso. Distando uns quarenta quilómetros para sul da capital concelhia, Izeda tem na E.N. 217 o seu principal eixo de ligação viária com aquele núcleo urbano.
Toponímia:
Pinho Leal, sempre inventivo, reclamava o topónimo Izeda como suposta corrupção de “Yazeda”, que em português antigo significaria estância ou enseada. Leite de Vasconcelos apontava o latim “iliceta” (azinhal), interrogando por sua vez o Abade de Baçal se não proviria do arábico nome próprio “Yezid” (embora acrescentando que em um documento do século XI surge igualmente o nome arcaico português “Oseda”): As míticas origens da localidade desde cedo se alimentaram igualmente da imaginação e criatividade quer de eruditos, quer da tradição oral popular.
História:
Foi vila e sede de um concelho de breve existência, criado em 1836 e suprimido em 1855. Tinha, de acordo com o censo de 1849, 5.656 habitantes e 447 km². Era constituído por 14 freguesias: Calvelhe, Coelhoso, Izeda, Salsas, Serapicos, Bagueixe e Macedo do Mato, Lagoa, Morais, Podence e Edroso, Salselas, Talhas, Talhinhas, Vinhas e Edrosa e Meilhe.
Tendo encabeçado um concelho de efémera duração, a Vila de Izeda conheceu já algum protagonismo administrativo, paralelamente a uma certa pujança demográfica e económica. Atravessando um longo período de apagamento e mesmo certo declínio logo a partir dos finais do século passado, a freguesia acabaria por dar indícios de recuperação na segunda metade desta centúria, culminando em 1990 na respectiva elevação à categoria de Vila. Abarcando uma parcela da bacia orográfica do Sabor, à margem direita daquele curso de água, Izeda estende-se a ocidente por área planáltica de mediana altitude (entre os 500 e os 750 metros), pouco acidentada em termos topográficos.
Economia:
Adquirem aqui alguma expressão as actividades industriais (sobretudo ligadas ao sector da construção civil) e terciárias, sendo porém na agro-pecuária que temos de procurar ainda o principal esteio da economia local (assumindo a olivicultura certo protagonismo especifico). Contra os 1.216 residentes noticiados em meados do século, a freguesia registará hoje um pouco menos de um milhar (942).
Património:
O pároco redactor das “Memórias Paroquiais de 1758 aludia à Ermida de Santa Eulália (actualmente em ruínas), uma meia légua distante do lugar de Izeda, e implantada em local onde a tradição referia ser o do assento de “hua cidade chamada Medea, de que ainda parecem vestígios”. O informe, precioso do ponto de vista arqueológico, não terá sido ainda convenientemente explorado no terreno. Bastará a significativa abundância de estações castrejas em freguesia limítrofes (nada menos que três em Calvelhe e uma outra em Paradinha Nova) para aferir das probabilidades de um recuado povoamento proto-histórico no aro da actual Izeda.
Embora comummente referida como “romana”, a Ponte de Izeda, alçada sobre o rio Sabor entre esta freguesia e a vizinha Santulhão (esta já pertencente a Vimioso), é um magnífico exemplar de arquitectura pontística, com seus múltiplos arcos e perfil “em cavalete”. Dotada de quatro talhamares (que sobem até à altura do fecho dos arcos, mostrando um perfil arredondado a montante e agudo nos voltados e jusantes), a estrutura de alvenaria, em rocha xistosa da região apresenta um amplo arco central bastante aberto e mais quatro outros arquetes (dois de cada lado), estes já levemente apontados e de tamanhos desiguais. Sendo uma construção de fábrica inequivocamente baixo-medieval, esta ponte mostra-se estreita e dotada de guardas, sob a forma de muretes de topo abaulado).
Em 1987 foi erguida, a escassas centenas de metros, uma segunda ponte, em betão armado e tabuleiro recto assente sobre múltiplos pilares (cerca de 250 metros de comprimento e 40 de altura).
No domínio da arquitectura religiosa, contam nesta freguesia, para além da Igreja Matriz (de amplas proporções e fábrica setecentista), uma mão cheia de templetes, a saber: a Capela de Santa Catarina (construída em 1982, no lugar da antiga, em ruínas, do século XVI; actual data de 1982), a Capela de Santo Apolinário (possivelmente já deste século, embora o par de colunas “toscanas” do pequeno alpendre pareça denotar certa antiguidade) e já aludida Capela de Santa Eulália (em ruínas). Existiram ainda templetes invocados a Nossa Senhora da Conceição (particular e datado de 1860) e a dita Capela dos Frades, no Bairro da Veiga. Muito curiosa é a atribulada história de uma casa conventual, instalada pelos meados da primeira década deste século em Izeda e constituída por Missionários do Imaculado Coração de Maria. A dita comunidade esperava edificar um colégio e Igreja, tendo-se inclusivamente iniciados a sua construção, que ficaria interrompida e abandonada, com a ida dos missionários para Espanha. 
Outro ambicioso projecto que não passaria dos limbos foi o da erecção de um sumptuoso Santuário do Coração de Maria, assinado por arquitecto madrileno e patrocinado por duas abastadas irmãs de Izeda – Maria Rosa e Maria Clara Martins. O magnificente templo, de estrutura neogótica, viu a sua primeira pedra benzida em 1909, atingindo as paredes no ano seguinte, uma altura de dois metros. Ficar-se-ia o arrojado projecto por ali, com o entaipamento de portas e janelas. 
Na entrada principal do edifício da antiga colónia correccional, pode ainda observar-se um exímio trabalho de cantaria interrompido. Subsistirá em Izeda, no Bairro do Pereiro, a memória toponímica do local de assento da antiga Igreja Paroquial (em uma casa particular da Rua da Fonte do Mouro há uma pedra com data de 1622).
O actual templo foi edificado em 1757, ostentando uma traça bastante austera. A estrutura é demarcada por uma planta rectilínea e uma volumetria simples, onde sobressaem os corpos da torre sineira – em posição central e avançada em relação a parede fronteira – e uma espécie de “Zimbório”, central de planta quadrangular, provido de lanternim e levemente sobrelevado. No vasto, ajardinado e bem cuidado adro, pode apreciar-se uma pia de água benta bem em granito, alegadamente proveniente da arruinada Capela de Santa Eulália. Vasta mole arquitectónica, alvejando entre o acastanhado da paisagem circundante, é o Estabelecimento Prisional Central de Izeda, primitivamente Escola Profissional de Santo António. 
O actual Complexo data de 1960, integrando um vasto corpo rectangular de três pisos (o térreo aberto em arcaria de volta perfeita), adossado ao qual se observa, a um dos flancos, uma ala lateral rematada por sóbrio templete.
Tradições:
Antigamente, nos tempos livres, os homens de Izeda distraíam-se a jogar ao fito, à relha, ao ferro e ao calhau, enquanto que as mulheres passavam os seus tempos livres a fazer lindas rendas (panos de enfeitar, colchas, toalhas, etc.). Estes jogos tradicionais, actualmente, estão praticamente extintos, mas ainda existem mulheres que fazem diversas rendas.

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