quarta-feira, 20 de maio de 2015

A Festa do São Gonçalo (o Culto do Pão) Outeiro - Bragança

        O Culto do Pão:
O pão é o elemento festivo desta festa, mais do que em qualquer outro lugar, é aqui em comunidades como esta do Nordeste Transmontano que o pão se reveste de um simbolismo mais profundo e existencial, aqui o pão é Trabalho, Força e Festa.
Trabalho no momento de laborar a terra, na ceifa, na malha, no moinho e no forno.
Força pelo elemento que simboliza e pela realidade sagrada que o encerra.
Festa, o pão é sempre um motivo festivo no momento de o trabalhar, transformar, de o oferecer à divindade e de o consumir em comunidade em honra dos Santos.
Em Outeiro o pão ocupa um lugar central na festa de São Gonçalo que ocorre no ciclo de Inverno, no dia 10 de Janeiro ou no sábado mais próximo ao dia consagrado ao Santo.
São os mordomos de Santo Estêvão e são Gonçalo quem se encarregam de toda a organização da festa, dias antes mobilizam-se as suas famílias para a confecção das roscas.
As Roscas:
Todos os anos a azáfama é grande em volta do forno na confecção das roscas e de toda a doçaria envolvente. Três sacas de farinha, fermento caseiro, leite, ovos, manteiga, azeite, sumo de laranja, e as raspas, aguardente ou vinho do Porto fazem parte da receita tradicional das roscas.
As roscas do Charolo aparecem de várias formas sendo a mais comum a circular assemelhando-se com o sol, outras formas como serpente ou de animais, mesmo até representando o Santo e pares de namorados para que a bênção do Santo recaía sobre eles.
O Charolo:
O Charolo é assim uma espécie de andor em forma de pirâmide todo coberto de roscas de pão nas suas formas mais variadas e imaginativas, é enfeitado com ramos, com doçaria caseira, guloseimas e frutos secos, são centenas de roscas e os 5 ramos dispostos de uma forma tão habilidosa e cuidada que nada transparece da madeira da estrutura que lhe serve de suporte.
O Charolo é colocado na Igreja de santo Cristo em lugar de destaque como se de um andor de um Santo se tratasse.
A Procissão:
A cerimónia da procissão é acompanhada pelos música de gaita de foles, caixa e bombo com o Charolo imediatamente à frente do andor de São Gonçalo, faz-se um pequeno percurso no largo do Santo Cristo passando em frente à capela do santo onde o cortejo lhe presta homenagem, a procissão regressa ao ponto de partida mas o Charolo parte agora para o largo em frente à casa do povo, bem a vista do povo que aguarda o momento do leilão.
O Remate das Roscas:
O remate do Charolo é feito peça a peça por vezes juntando duas roscas no mesmo lance.
No fim do leilão partilha-se pelo povo grossas fatias das roscas, come-se, bebe-se e dançam-se as roscas.
A Dança das Roscas
A dança das roscas é feita ao som da melodia tradicional da gaita-de-foles, em duas filas, dos homem e das mulheres, tão extensão quanto necessário já que nela podem entrar todos quantos quiserem, os homem erguem as roscas e as mulheres dançam de braços no ar, a dado momento da dança trocam-se as posições e quando os pares se cruzam chocam-se os traseiros.
A Entrega da Festa
Pela tarde fora segue-se a entrega da festa aos mordomos novos, a nomeação obedece à disposição topográfica das ruas e dos bairros da aldeia e todos serão responsabilizados pela organização das festas de Santo Estêvão e São Gonçalo. A entrega da festa é outro momento festivo onde os novos mordomos oferecem bebidas e doces.
De noite a pondorcada encerra a festa numa visita a casa dos mordomos onde participa praticamente todo o povo, em cada casa o cortejo para e os donos oferecem bebidas, doçaria tradicional e guloseimas, ao mesmo tempo dançam-se as roscas onde todos podem participar.

in:outeirobrg.com.sapo.pt

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