segunda-feira, 15 de março de 2021

Património Monumental de Bragança

São vários os monumentos a merecerem uma visita na bela cidade de Bragança. Entre eles destacam-se o Castelo, claro está, o Domus Municipalis e o Museu do Abade de Baçal, e várias igrejas, capelas e pontes.

Castelo de Bragança
O Castelo de Bragança foi construído no início do século XV, erguendo-se no alto de uma elevação, a cerca de 700 metros de altitude. A construção, em granito, apresenta um extenso conjunto de muralhas, formando quatro recintos individualizados entre si. O Castelo, de feição gótico, é de planta oval com torres cilíndricas nos ângulos, tendo, ao centro, uma torre de menagem quadrangular.
O interior está orientado segundo dois eixos viários, sendo a Rua da Cidadela, aquela que estabelece a ligação entre a Porta de Santo António, que dá para a parte velha da cidade, e a Porta do Sol. Da Porta de Santo António irradiam duas ruas e respectivos quarteirões edificados. À esquerda está um pequeno quarteirão interrompido pelo espaço ande, actualmente, se localiza o Pelourinho, outrora ocupado pela Igreja de S. Pedro. No centro fica o principal aglomerado populacional, tendo no seu topo a Igreja de Santa Maria e a célebre Domus Municipalis.
O lado Norte, anteriormente ocupado pelas instalações do Batalhão de Caçadores III, encontra-se desocupado desde 1960, o que torna a torre de menagem ainda maior. O reduto principal, hoje transformado em Museu, está defendido por muralha com cubelos.
A porta, situada a Norte, está hoje desactivada. O Museu Militar encontra-se localizado na Torre de Menagem. Mandada construir por D. João I, no ano de 1409, a Torre tem 17 metros de lado e está dotada de sapata, com cerca de 6 metros de altura, e torreões nos ângulos. A porta, existente no primeiro registo, encontra-se a vários metros de altura. Destaque ainda para a pedra de armas da Casa de Avis, na fachada principal, e para as janelas de estilo gótico. Reza a história que aqui esteve prisioneira uma princesa perdida de amores por um trovador. De resto, a Torre é um dos melhores miradouros da cidade.


Domus Municipalis
A Domus Municipalis constitui um belo exemplo de arquitectura românica civil, sendo o único do género na Península Ibérica. Provavelmente construído entre os séculos XIII e XIV, o edifício integra-se no aglomerado amuralhado da antiga cidadela, ladeando a Igreja de Santa Maria.
A sua construção, em granito, é composta por cinco faces de dimensão irregular, abrindo-se, na de maior extensão, duas portas de folha única a vão rectangular. As janelas, dispostas ao longo de todas as faces de construção, apresentam arco abatido e moldura lisa, com excepção das sete colocadas a Este, que possuem, no interior, uma arquivolta com ornatos estreliformes.
A cobertura, de cinco águas em telha caleira, exibe cornija exterior assente em sessenta e quatro modilhões historiados. A particularidade deste edifício reside no lacrimal e num friso seu, o qual funciona como caleira recolectora de águas pluviais, sendo estas conduzidas por algerozes à cisterna, situada no rés-do-chão. Esta é de planta rectangular, com abóboda de canhão de três tramos marcados por arcos torais abatidos. Sobre o extradorso da abóboda assenta o pavimento do piso superior, no qual se abrem três bocas, quadrangulares, de ligação à cisterna, sendo fechadas por grades de ferro.
O primeiro piso do edifício, constituído por um único salão com pavimento lajeado, exibe uma “sédia” ao longo de todas as paredes, para assento dos membros do Conselho Municipal. A cornija interior assenta sobre cinquenta e três modilhões, alguns dos quais historiados. Por curiosidade, refira-se que este edifício foi construído para, inicialmente, servir de cisterna, sendo, por isso, referido em alguns documentos mais antigos como Sala da Água.

Pelourinho de Bragança
O Pelourinho de Bragança insere-se, actualmente, no interior da povoação fortificado, perto da torre de menagem. Símbolo do Poder Municipal, a sua construção, em granito, remonta ao período medieval, possivelmente, aos séculos XII-XIII, altura em que D. Sancho I lhe concedeu foral, sendo mais tarde confirmado por D. Afonso II. Importante marco histórico-cultural, o Pelourinho assenta sobre uma base poligonal de quatro degraus, sobre a qual está um berrão com cerca de 2 metros de comprido, também conhecido como “a porca da vila”. As patas apresentam desgaste, devido à destruição causada pelo arranque forçado da obra do seu primeiro local. O fuste, colocado a meio do corpo do “berrão”, é formado por uma coluna cilíndrica, com cerca de 6 metros de altura, sendo rematado por capitel com cruz de braços iguais. Os topos dos braços são esculpidos, representando, na sua maioria, figuras humanas e animais. A encimar a cruz está um escudo, no qual se vislumbram um castelo e quinas. O conjunto remata com um outra figura humana.

Convento e Igreja de S. Francisco
A construção deste convento deve-se, em grande parte, a D. Afonso III, que, em 1271 terá deixado, em testamento, cinquenta libras aos franciscanos de Bragança. Edificado no século XIII, a fundação do Convento foi, então, atribuída a São Francisco, aquando da sua passagem pela cidade a caminho de Santiago de Compostela.
Situado na vertente Norte do Castelo, este edifício, em granito, apresenta uma estrutura em forma de cruz latina, tendo a cobri-la, um telhado de duas águas. A fachada exibe um portal renascença com arco pleno, sendo ladeado por duas colunas adossadas que, por sua vez, estão rematadas por pequenas pirâmides. Um pouco mais acima existe uma janela abocinada, de vão rectangular. Na empena do lado esquerdo está instalada uma torre sineira e um vasto edifício de três registos, que serviu outrora de hospital. O primeiro registo exibe duas portas, o segundo, cinco janelões moldurados e o terceiro mostra janelas com vão mais pequeno. O lado direito apresenta edificação de fachada rectangular com portal seiscentista, sendo rematado por frontão triangular de 1635. O conjunto é encimado por um pequeno nicho e duas janelas. No alçado posterior está a capela-mor, semicircular, sendo contrafortada até meio da sua altura.
O interior, também ele em forma de cruz latina com cinco tramos, é de uma só nave e apresenta uma cobertura de estuque em berço, sustentada por arcos torais de granito. A capela lateral, no lado da Epístola, exibe, no tecto, uma imagem da Anunciação, que terá sido pintada em finais do século XVII inícios do seguinte. A capela-mor é iluminada por quatro janelas, duas oculares lobuladas e duas de vão recto. A talha que a orna esconde um fresco do século XVI, com área de 1,30m2, onde está representada Nossa Senhora da Misericórdia, rodeada por rei e rainha, nobres, clérigos e outras figuras da corte. Frente ao altarmor, no pavimento, está a lápide sepulcral do seu fundador e, sob ela, uma cripta de 4,16 por 3,35m, onde repousa o corpo em túmulo granítico.
Dos seis altares laterais destaca-se a da Nossa Senhora da Conceição, concebido para se orar por intenção dos falecidos. O incêndio de 1728 destruiria parte do edifício, obrigando a obras de reconstrução. Vinte anos mais tarde, em 1748, O arco do cruzeiro, de volta perfeita, substitui os três arcos primitivos. O decurso das obras obrigaria ainda ao entaipamento de quatro janelões das paredes das naves laterais. Já no século XX, o Convento viria a sofrer novas intervenções, como foi o caso da construção de um novo altar-mor, em 1915, da recuperação de parte do edifício e cobertura exterior do hospital, em 1983/4, e do restauro da capela, em 96-97. De referir ainda que o Arquivo Distrital está a funcionar nas instalações deste convento.
Igreja de Santa Maria
É um edifício românico, e adquiriu feição barroca com as obras de restauro realizadas no século XVIII. Destaque para o portal principal, ladeado por duas colunas salomónicas decoradas.
Igreja de São Vicente
Foi construída no século XIII e já em meados do século XVII, veio a ser reconstruída, devido ao desmoronamento de uma torre da segunda muralha do castelo. O interior exibe decoração barroca, mas ainda é possível observar a traça românica primitiva do edifício. Destaque para a capela-mor, em talha dourada muito rica, e para o Painel de Azulejos (1929), que retrata o General Sepúlveda na proclamação entre as invasões napoleónicas (1808). Consta que terá sido nesta Igreja que D. Pedro desposou, em segredo, D. Inês de Castro.

Igreja de São Bento
Foi construída em finais do século XVI e pertenceu, em tempos, ao Mosteiro de São Bento. A sua principal fundadora terá sido D. Maria Teixeira, cuja pedra de armas está esculpida no interior do edifício. No interior há que destacar, “um dos únicos tetos de alfarge”, estilo renascentista, e o retábulo do altar-mor, em talha do século XVIII.
Museu do Abade de Baçal
Está situado no antigo Paço Episcopal, este edifício poderá ter as suas origens nas antigas casas da Mitra e no Colégio de S. Pedro existentes no local, durante o século XVII. O Museu Municipal de Bragança, hoje Museu Abade de Baçal, foi criado por proposta do vereador Sebastião dos Reis Macias, aprovada na sessão de 4 de Novembro de 1896, depois do coronel Albino Pereira Lopo ter escrito em: 1886, um artigo no Norte Transmontano, que reclamava a criação de um museu em Bragança, à semelhança do que já acontecia um pouco por toda a Europa e principais cidades de Portugal. Nas suas palavras, o Museu devia compor-se de “collecções de moedas, objectos prehistóricos, esculturas, brasões, inscripções latinas e portuguezas [...]; de instrumentos de lavoura, trajos característicos, instrumentos músicos, apparelhos de caça e pesca [...]; de crâneos encontrados nos campos, esqueletos, collecção de cabellos […]; e finalmente amostras de madeira, produto agrícolas, variedades de rochas, animaes embalsamados, etç.”. Apoiado pelo clero e pela intelectualidade bragançana, Albino Lopo organizou uma subscrição pública de peças museológicas, ao mesmo tempo que efectuava buscas e recolha de materiais, sobretudo arqueológicos. O Museu Municipal, como viria a chamar-se, instalou-se em parte do rés-do-chão da Câmara Municipal, sendo inaugurado a 14 de Março de 1897.

Ponte do Jorge
A ponte, de tabuleiro horizontal sobre arco quebrado, é da autoria do arquitecto Pero de La Faia, que, no ano de 1556, conseguiu arrematar a sua construção à Câmara de Bragança. Construída na segunda metade do século XVI, esta ponte ainda hoje mantém a circulação pedonal entre as margens altas do rio Fervença. A fazer parte do conjunto está uma fonte de espaldar, que apresenta a taça enterrada, sendo enquadrada por duas pilastras de feição jónica e encimada pelas armas do Concelho.
Ponte de Granja
Esta ponte está integrada no caminho velho, que ligava Bragança ao Portelo, atravessando a Ribeira que tem o mesmo nome, permitindo a circulação rodoviária entre as suas margens. A ponte, de tabuleiro plano, assenta sobre um único arco quebrado. O intradorso do arco mostra dois tipos de aparelhos diferentes, o que leva a crer que a ponte terá sido alargada. O tabuleiro, com cerca de 4m, está pavimentado com calçada, tendo guardas em alvenaria de xisto argamassado e remate superior com lajes dispostas verticalmente. As guardas apresentam, na base, orifício de drenagem de águas. Por sua vez, as aduelas dos arcos, estreitas e compridas, apresentam extradorso irregular.

Ponte das Carvas
Esta ponte está acessível pela EN 218, que liga Bragança a Vimioso e une as margens do Sabor, onde o vale se apresenta mais encaixado. Construída durante a Idade Média, a Ponte insere-se no traçado da Via XVII do Itinerário de Antonino, encontrando-se no caminho medieval e, mais tarde, moderno, que ligava a cidade de Bragança à Vila de Outeiro de Miranda. De tabuleiro horizontal, a ponte assenta sobre três arcos quebrados de dimensão irregular.
Os dois pilares da ponte estão reforçados com contrafortes, sendo os talhamares triangulares, ao passo que um dos talhantes é triangular e o outro rectangular. Os encontros também estão reforçados, sendo o da margem Oeste em forma de pegão com talhante e talhamar triangulares, enquanto o da margem E. tem um reforço rectangular do lado jusante.
O tabuleiro apresenta um pavimento de calçada e as guardas são em alvenaria de xisto. As várias gárgulas existentes nas faces servem de escoamento das águas sobre o pavimento.

2 comentários:

  1. É um excelente dicumento histórico, entre outros, que o Henrique nos vai deixando. Imagens maghíficas que não deixarão de maravilhar os vindouros, quando os homens deixarem destruir este património. Os meus parabéns pelo magnífico trabalho que vem produzindo!!!!.

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  2. Eu é que tenho que agradecer amigo Daniel.
    Tudo isto só faz sentido, porque Vós me dais a honra de me visitar.
    Um abraço.

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