segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Em Bragança, houve quem pagasse para ter a TDT espanhola

As adaptações à nova Televisão Digital Terrestre começaram há dois anos para algumas administrações de condomínios de Bragança, não para preparar a TDT portuguesa mas para alguns prédios continuarem a receber canais espanhóis. Quando em 2010 Espanha desligou o sinal analógico de televisão, em Bragança alguns condomínios investiram 190 euros em equipamento para receber o sinal da TDT espanhola. Ao longo dos tempos, as populações raianas portuguesas habituaram-se a ver os canais espanhóis que captavam nos televisores sem necessidade de qualquer equipamento e, em alguns casos, com melhor qualidade do que os canais nacionais.
Nem a fronteira nem as diferenças linguísticas alguma vez forma um obstáculo nas relações entre os dois povos com a afinidade dos portugueses pela programação espanhola reforçada também pelo trabalho que muitos têm encontrado em Espanha. Manuel Quina tem uma empresa de administração de condomínios em Bragança e contou à Lusa que “entre 15 a 20 por cento” dos prédios que gere “optaram por fazer a alteração para continuar a receber o sinal através da TDT espanhola”.
A iniciativa “partia sempre de uma pessoa que estava em Espanha ou que estava muito tempo em casa e dizia que “as portuguesas não dão nada”, ou que criou hábitos com a televisão espanhola e não quis ficar sem esses canais”. Nesses prédios foi preciso adaptar os módulos das antenas comuns já existentes e comprar mais equipamento com um custo à volta de 190 euros. Cada condómino pagou “10, 11 euros para ter os canais espanhóis”. Alguns até estavam dispostos a suportar o custo por inteiro. “Tivemos um caso de uma pessoa que vivia em Espanha e até só vinha de férias, mas só para não perder a possibilidade de ver todos os canais espanhóis quando estava em Bragança, disse: eu pago os 190 euros”, contou.
Diferente é já, segundo disse, o que se está a passar com a mudança para a TDT em Portugal porque as operadores de televisão por cabo – a televisão paga – estão a ser a solução mais procurada para as pessoas continuarem a ver os canais nacionais. Sinésia Miranda tem televisão paga portuguesa em casa, mas também gastou, por sua iniciativa, 40 euros em equipamento para continuar a ter a televisão espanhola. “Já víamos antigamente, mas é o meu marido quem mais gosta de ver, principalmente os filmes”, disse à Lusa, explicando que os canais espanhóis servem também para ver os resultados dos jogos espanhóis em que o marido gosta de apostar.
Na fronteira, a aldeia de Henrique Nogueiro, o Portelo, partilha com a localidade vizinha espanhola de Calabor o mesmo problema: é tão mau o sinal de televisão de Portugal como de Espanha. As dificuldades em ver televisão obrigaram a que estas gentes se tenham preparado antecipadamente para as mudanças que aí vêm, pois tiveram de recorrer à televisão paga há já algum tempo. Saíram a ganhar as operadoras portuguesas, segundo disse, porque até o café central da aldeia espanhola contratou o serviço em Portugal para que os clientes possam ver televisão.
(Lusa)

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