sábado, 10 de dezembro de 2011

Foz Tua - «Governo ou opta pela barragem ou salva a classificação»


O Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT) considera que, perante a ameaça de desclassificação do Douro Vinhateiro, o Governo terá de decidir se «opta pela barragem ou salva o Património da Humanidade».


O relatório que uma equipa de peritos, a ICOMOS, elaborou para a UNESCO, depois de uma visita ao local, sustenta que a barragem de Foz Tua, que está em construção na confluência dos rios Tua e Douro, terá impactos «irreversíveis» na paisagem protegida.


O movimento transmontano, que se tem debatido contra a barragem e em defesa da linha do Tua que vai ficar submersa em parte, lembra, em comunicado, que «desde 2009 vinha a alertar para o perigo real» de desclassificação do Douro Vinhateiro.


«Finalmente a UNESCO veio confirmar o nosso receio, e não é com o pó de arroz de um galardoado arquitecto nacional que este problema será de todo contornado», refere, numa alusão à contratação por parte da EDP do arquitecto Souto Moura para conceber a central de produção da barragem.


O MCLT «lamenta que a voz da UNESCO tenha sido ‘abafada’ desde Agosto pelo Governo, uma prática já utilizada pelo anterior governo no dossier Tua».


Para os defensores da linha, que ainda acreditam ser possível parar a barragem e reactivar a última ferrovia do Nordeste Transmontano, «o Governo ou opta por deixar prosseguir uma barragem de Sócrates, cujos argumentos falaciosos para a sua construção foram todos rebatidos um a um por mais do que uma vez, ou por salvar a classificação do Douro Vinhateiro como Património da Humanidade, naquela que é a terceira região turística mais importante do País».


O movimento critica ainda a ministra Assunção Cristas, «segundo a qual o paredão desta barragem já estaria construído e que seria impossível agora parar com a construção da mesma, por causa do encaixe financeiro do pagamento da EDP pela sua concessão, sendo que o seu impacte em área classificada nem seria muito grande».


O MCLT lembra que não existe paredão, embora as obras de escavações já estejam em curso.


«É mais que lamentável, é criminosa, a forma como este Governo está a conduzir este assunto, num lavar de mãos abjecto e alarmantemente danoso para o País», lê-se no comunicado.


Para o MCLT, «esta é a última oportunidade para, em consciência ou por obrigação, anular esta odiosa parceria público privada, plena de destruição de riqueza e de valores económico-sociais e vazia de argumentos para a sua construção».
Café Portugal; Foto - MCLT
in:cafeportugal.net

Sem comentários:

Enviar um comentário