sábado, 7 de janeiro de 2012

Reinaldo Ferreira


Tome-se um homem, 
Feito de nada, como nós, 
E em tamanho natural. 
Embeba-se-lhe a carne, 
Lentamente, 
Duma certeza aguda, irracional, 
Intensa como o ódio ou como a fome. 
Depois, perto do fim, 
Agite-se um pendão 
E toque-se um clarim. 


Serve-se morto. 
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Aos Domingos, iremos ao jardim. 
Entediados, em grupos familiares, 
Aos pares, 
Dando-nos ares 
De pessoas invulgares, 
Aos Domingos iremos ao jardim. 
Diremos nos encontros casuais 
Com outros clãs iguais, 
Banalidades rituais 
Fundamentais. 
Autómatos afins, 
Misto de serafins 
Sociais 
E de standardizados mandarins, 
Teremos preconceitos e pruridos, 
Produtos recebidos na herança 
De certos caracteres adquiridos. 
Falaremos do tempo, 
Do que foi, do que já houve... 
E sendo já então 
Por tradição 
E formação 
Antiburgueses 
- Solidamente antiburgueses-, 
Inquietos falaremos 
Da tormenta que passa 
E seus desvarios. 


Seremos aos domingos, no jardim, 
Reaccionários


in:astormentas.com

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