sexta-feira, 27 de abril de 2012

Alguns transmontanos estão sem televisão depois do "apagão" do sinal analógico


Depois do apagão do sinal analógico, há quem esteja sem poder ver televisão no Nordeste Transmontano.Em Bragança há quem fique sem televisão porque não se preveniu a tempo. Mas há locais, como o caso da aldeia de Varge  em que não adianta comprar o descodificador porque o sinal do TDT não chega lá.
É o caso de José Pereira que tem 68 anos e vive sozinho no Bairro da Mãe d’Água. Pensou que ainda tinha mais tempo para se adaptar à Televisão Digital Terrestre.“Pensei que só era no fim do mês e o fim do mês só é para a semana. Não ouvi nada porque também não estou sempre a ver televisão. A televisão dá. Só que diz lá umas coisas que eu não tenho grande vista para ver… Pensei que tinha avariado! Depois comecei a ler devagarinho e vi que era a partir de hoje”, admitiu.
Mas há quem já soubesse e até comprou o receptor de TDT mas de nada adiantou. Por exemplo em Varge, quem comprou um adaptador não lhe serviu para nada porque o sinal não é recebido na aldeia.
Joaquina Vaz vive em Varge e tem um televisor dos mais modernos que não precisa de descodificadores, mas desde o meio-dia que a única imagem que vê no aparelho é a mensagem a dizer que acabou o sinal analógico.“Já há uns dias que andavam a anunciar mas nós deixamos estar até ver. Até que hoje foi mesmo o fim… Liguei a televisão às 10 horas e ainda estava a funcionar mas depois desliguei-a. Voltei a ligar por volta do meio-dia e já não deu nada. Pronto, foi o fim!”, exclamou a habitante de Varge.Se o descodificador não funciona só resta uma alternativa: a televisão por satélite que exige a assinatura de um contrato e o pagamento de uma mensalidade. Uma conta extra que nem sempre é fácil de suportar pelos idosos que vivem na aldeia.“Eu acho que é caro porque só pelo telefone pagava entre 15 a 20 euros, no máximo e aqui já são 26 euros. É muito caro”, disse uma habitante da aldeia.“Eu assinei o contrato porque havia essa dúvida e não queria ficar sem televisão principalmente para a minha mulher que está muito tempo em casa”, revelou Florindo Preto.“Aceitamos várias pessoas aqui na aldeia. Há aparelhos mais baratos mas caí na asneira de comprar aquele… Mas estou contente”, disse Francisco Parreiras, outro habitante da aldeia, com 84 anos.
Por isso há quem prefira esperar para ver qual a melhor opção.“Cá já há senhores que compraram o aparelho e dizem que ficaram na mesma. Nós sem ver não compramos”, admitiu Maria Barreira. Perante este problema, a Junta de Freguesia de Varge está a tratar de uma alternativa. A população diz que só adere se tiver a garantia de que funciona.“O presidente da junta diz que vai por lá em cima um aparelho. Mas eu já paguei uma vez e não volto a pagar mais nada”, acrescentou Maria Teresa Ferreira. O certo é que para já há quem tenha a rádio como única companhia em Varge. Contactado pela Brigantia o presidente da Junta de Aveleda, à qual pertence a aldeia de Varge garante que está a tratar de uma solução em parceria com a Comissão de Baldios e que, o mais tardar na próxima semana, toda a população deve ter televisão. Além disso, José Carlos Valente garante que a população não vai pagar nem um cêntimo pelo serviço.“Quando foi colocado o anterior receptor, o analógico, que nem me recordo há quantos anos foi, a junta de freguesia que estava no poder pediu à população para contribuir com uma verba. Mas nós temos alguns meios financeiros, não os melhores, mas os suficientes para garantir o serviço à população”.
Este serviço vai ter um custo de cerca de 3500 euros.


Escrito por Brigantia (CIR)
in:brigantia.pt

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