quarta-feira, 4 de abril de 2012

Bragança vai precisar da ajuda do exército para garantir água à população

A câmara de Bragança necessitará da mobilização de meios de todo o país, incluindo a intervenção do exército, para garantir o abastecimento de água à população se a seca se prolongar, disse hoje a autarquia.
Este é o pior dos cenários, que contempla também um pedido de ajuda a Espanha, e está a ser trabalhado num plano de emergência que deverá estar pronto dentro de pouco mais de uma semana.

O vice-presidente da autarquia, Rui Caseiro, explicou hoje à Lusa que o plano contemplará «os vários cenários possíveis» e está a ser elaborado devido à possibilidade de uma ruptura total das reservas.
O município está a viver uma situação «inédita» de falta de água, que já obrigou a recorrer aos sistemas alternativos com quatro meses de antecedência, devido à seca.
As reservas estão a níveis do Verão e a única albufeira para abastecimento aos 35 mil habitantes da cidade, a da Serra Serrada, não conseguiu encher durante o Inverno.
A situação «só melhorará se chover em Abril e Maio», segundo Rui Caseiro, mas a autarquia está a preparar-se para o pior dos cenários, avançando, pela primeira vez, com um plano de emergência.
O plano está a ser preparado em parceria com a Autoridade Nacional da Protecção Civil, o Ministério do Ambiente, através de organismos como o INAG (Instituto Nacional da Água) e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN).
Rui Caseiro prevê que esteja pronto «no final da primeira quinzena de Abril», depois de um levantamento dos meios necessários e disponíveis.
De acordo com o autarca, no pior dos cenários, serão necessários «setenta camiões cisterna» a transportar água 24 por dia para os depósitos da cidade, o que implica uma mobilização de meios da Protecção Civil de todo o país.
Neste cenário, será também necessária a intervenção do exército, segundo ainda Rui Caseiro, e a ajuda de Espanha, através de uma unidade militar de Leon, cidade com a qual Bragança mantém, há vários anos, uma cooperação transfronteiriça.
Uma operação deste género poderá ter um custo de 1,8 milhões de euros, segundo dados já avançados anteriormente pela autarquia.
O plano visa ter tudo preparado para não deixar a população sem água, principalmente durante o verão, época em que os consumos disparam, devido às condições climatéricas e ao aumento da população com a chegada dos emigrantes para férias.
A câmara de Bragança já tinha um plano de contingência que accionou várias vezes nos últimos anos, nomeadamente em Outubro, com camiões cisterna dos bombeiros a transportarem água para os depósitos do concelho, mas numa escala menor e menos abrangente do que os cenários contemplados no plano de emergência.
O problema da falta de água em Bragança deverá fica resolvido com a construção da barragem de Veiguinhas, recentemente aprovada pelo Ministério do Ambiente, depois de vários chumbos por se localizar no Parque Natural de Montesinho.
O projecto com mais de 30 anos vai completar o sistema de abastecimento do Alto Sabor, mas a construção só deverá iniciar-se dentro de um ano, pelo que a autarquia terá de continuar a procurar alternativas para garantir água à população em situações de seca como actual, até a nova albufeira estar operacional.

Lusa/SOL

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