quinta-feira, 26 de abril de 2012

O general bispo das Forças Armadas


D. Januário Torgal

Ovelhas ranhosas como diabos esconjurados sempre os houve e haverá. Mas este que dá pelo nome de Januário Torgal  é daqueles tresmalhados que acusam para não serem acusados, insultam para não serem insultados, chamam incultos aos que fazem o melhor que podem, para que ninguém dê pela crosta da sua ignorância, arrogância e vaidade. Em meados deste mês de Abril, todos os canais televisivos, rádios e jornais, lhe abriram as goelas, como se fosse uma instituição de interesse público. Ora este reverendo Januário, degenerou e, embora tenha um curriculum professoral revolucionário, como o bispo que o escolheu para chefe de gabinete, não lhe chega  aos calcanhares. António Ferreira Gomes era democrata por convicção e não por oportunismo. Pesquisei no Google a origem deste espécime. Quis saber onde é que este major-general de sotaina e anel beijoqueiro dependurava o pote. 
Pude ver que não passou de um aluno medíocre, a avaliar pelo que escreveu de si mesmo: «no ano lectivo de 1962-1963 inscreveu-se no curso de Filosofia na Faculdade de Letras da U. do Porto, como aluno voluntário, uma vez que já se encontrava a dar aulas. Na altura não era um estatuto invejável, pois, com frequência, gerava injustiças. Esta situação de desigualdade relativamente aos demais colegas não lhe agradou. Nesse 1º ano reprovou por faltas e, no ano seguinte passou à condição de aluno ordinário. Em 1968 partiu para Paris com o objectivo de preparar a tese de licenciatura, que só defendeu no ano lectivo de 1969-70. Alguns anos mais tarde regressou a França para frequentar um curso de Pós-graduação, a qual veio a abandonar após a morte dos pais. 
Em Abril de 1989, ao ingressar no Ordinário Castrense como bispo auxiliar das Forças Armadas e de Segurança, abandonou a docência e a investigação científica. Nesse ano tornou-se Vigário-geral Castrense e Capelão-Mor das Forças Armadas, recebendo a patente de Brigadeiro e, mais tarde, de Major-General.»
Eis o retrato do frustrado bispo que tem neste curriculum, obviamente da sua lavra, a marca da petulância e da incoerência. Começou em 62/63, quando lhe «desagradou a desigualdade em relação aos seus colegas». Ele dava aulas sem ter habilitações «facto que, na altura, não era propriamente um estatuto invejável, pois gerava injustiças». Só muitos anos depois foi a França buscar uma licenciatura, já que da Pós-graduação desistiu após a morte dos pais.
Apesar desta sumidade «científica», permite-se que no seu curriculum conste o seguinte: «no decurso da sua carreira de docente Universitário, entre 1970 e 1989, trabalhou como Professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde ministrou as disciplinas de Introdução à Filosofia, Axiologia e Ética, História da Cultura Clássica, História da Filosofia Antiga, Introdução às Ciências do Homem, Introdução à Psicologia (no curso de pós-graduação em Hermenêutica em Ciências Pedagógicas)», etc. etc. Vale a pena ler esta provocação «científica» de quem, sendo um mero licenciado, faz alarde de leccionar no ensino Universitário. E, não possuindo qualquer pós-graduação, foi docente de pós-graduações... E o mais que nessa autobiografia se pode ler.
Não admira, pois que a crise intelectual, a crise científica e a crise de valores andem pelas ruas da amargura. Sobretudo a crise de valores que se enforma pela «axiologia e ética», uma disciplina nuclear que o bispo Januário ministrou sem possuir preparação cientifica para tanto. Há por aí milhares de Mestres, de Doutores, de Pós-Doutores no desemprego. Mas a ele,  simples  licenciado,  talvez pelo facto de ser bispo, ascendeu ao pódio da carreira académica, usurpando lugares  de quem tinha competência científica e precisava de ganhar a vida para a qual se preparou. E aí temos um docente universitário, major general das Forças Armadas, capelão que tem  púlpito para apregoar a sua ladainha, amealhando dinheiros públicos de diversas proveniências. 
Usa e abusa desses púlpitos, desses adereços católicos e desses títulos espampanantes para  injectar as suas ideias revolucionárias junto dos católicos que o reverenciam e a quem beijam a sotaina e o anel bispal. Não tem pejo em inocular na fragilidade desses crentes o vírus da aldrabice e da calúnia, graças aos ecrãs e microfones abertos sempre que este endiabrado clérigo arrota de farto que está, do muito que tem, quer haja crise ou não. Nunca demonstrou  o que faz ao que ganha. Nunca se soube que distribua pelos pobres ou instituições de caridade o excesso do que precisa.
Barroso da Fonte
A meia hora televisiva que alguns canais lhe deram para tempo de antena, foram para desclassificar, quem é mais classificado do que ele, quem tem legitimidade para governar, quem democraticamente usa o poder que o povo lhe deu. Ele nunca foi eleito. Pode agradar a muitos. Mas carece de legitimidade para falar em nome da sotaina bispal. Que falem os sindicatos, os representantes das diversas associações de classe, os desempregados, os esfomeados, as vítimas de todas as crises.  
Ele de política partidária não deve falar porque não é essa a sua missão, embora faça dela uma profissão. Quem deve reprimi-lo, tolera-o, por ser quem é. Mas a democracia que ele nunca respeitou, nem a ela se submeteu, recomenda que sejam  sancionados todos quantos a profanem. Um major-general não deve existir apenas para arrecadar cinco mil euros/mês, mas para respeitar as regras da classe que jurou servir. Mau exemplo dá ele aos profissionais das Forças Armadas e aos profissionais de todas as outras classes que são responsabilizados por dizerem muitas verdades.


Barroso da Fonte
in:jornal.netbila.net

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