quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A caveira

Local: VINHAIS, BRAGANÇA

Fulano encontrou, no cemitério, em dia de enterro, uma caveira; pouco respeitador pelas coisas sagradas, pôs-se a escarnecer daquelas órbitas profundas e da bôca escancarada; dando-lhe um pontapé, disse aos companheiros «olhai que Boca para comer uma lauta ceia!» Eram altas horas da noite, estava com um grupo de amigos a cear, quando bateram à porta. «Que entre quem tem fome!» exclamaram todos. E eis que surge na sala um velho ancião vergado ao pêso dos anos, cabelos brancos, barba esquálida, olhos scintilantes, o qual, dirigindo-se ao Fulano, falou assim: — «Não me conheces?» E êle, estupefacto, aterrado, pálido, respondeu: — «És meu pai!» Havia morrido há muito tempo. — «Respeita as coisas sagradas, disse-lhe; o pontapé que me deste magoou-me bastante; dentro de alguns dias serás caveira como eu». E saiu. Passados, poucos dias: os sinos da igreja paroquial tangiam a finados. Era o entêrro do infeliz mancebo...

Fonte:MARTINS, Pe. Firmino Folklore do Concelho de Vinhais.

1 comentário:

  1. Uma grande lição, verdadeira ou fictícia há coisas que devemos respeitar!!!!!

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