sexta-feira, 11 de maio de 2012

Feira das Cantarinhas - Uma feira com história

As origens da Feira das Cantarinhas perdem-se no tempo.
Reza a história que D. Afonso III deu a Bragança uma cartade feira, em 1272, na qual os feirantes eram livres de vender sem ter que pagar nada em troca.
Mais tarde, D. Fernando, D. João I e D. Afonso V fomentaram o negócio local. A preocupação era defender os interesses dos povos que habitavam nas localidades mais distantes da cidade.
De origem Medieval, a Feira das Cantarinhas realizava‑se dentro ou fora da Cidadela e manteve-se até há 40 ou 50 anos com marcas medievais.
Pela manhã, os habitantes das aldeias limítrofes vinham à cidade pelos caminhos rurais.
A Feira das Cantarinhas era uma verdadeira celebração festiva.
De véspera, preparavam-se os alforges com os produtos que se traziam para a feira. Tudo se acomodava de modo a que sobrasse um pequeno espaço, onde cabia também a ração para os animais, que iam enfeitados com uma colcha de lã vermelha ou branca, tecida no tear.
Todos se apressavam para escolher um bom lugar, onde a exposição dos produtos facilitasse a venda. No largo de S. Vicente, juntavam-se os vendedores que vinham das aldeias, nomeadamente as cântaras de Pinela, latoeiros, ferreiros, entre outros objectos artesanais, hortaliça e renovos, queijos e os raminhos de cerejas.
Rua abaixo, rua acima, há movimento entre compradores e vendedores. Do lado sul, nuvens negras ameaçavam chuva iminente.
O dia 3 de Maio era o dia de feira e de festa, uma tradição que não se mantém nos dias de hoje.
Actualmente, a Feira das Cantarinhas continua a ter como característica principal a comercialização de cantarinhas de barro, que, segundo as pessoas mais antigas, dão sorte a quem as receber.
No âmbito da Feira das Cantarinhas, também se realizam actividades culturais e recreativas.
A este certame junta-se a Feira de Artesanato, que, este ano, decorre na Praça da Sé.
A moda das Cantarinhas
Artesãs de Pinela mantêm viva tradição que dá nome à feira mais emblemática de Bragança
É por amor à arte que Julieta Alves e Rosário Diegues continuam a fazer cantarinhas de Pinela. Estas típicas peças em barro dão o nome à feira mais emblemática da cidade de Bragança e são os artigos mais procurados por quem visita este certame e quer levar uma recordação para casa.
As artesãs trabalham o barro durante todo o ano, mas é por altura da Feira das Cantarinhas que o número de pedidos dispara e há anos em que Julieta e Rosário não têm mãos a medir para satisfazer todas as encomendas. “Temos anos de fazer cerca de mil cantarinhas, outros anos fazemos 900 ou 700 peças, depende da procura. Mas há muita gente que procura esta peça artesanal para oferta”, realça Julieta Alves.
Para a edição deste ano, as artesãs já começaram a moldar cantarinhas e algumas até já foram cozidas no forno. A data aproxima-se e aumenta a azáfama no atelier onde o barro é transformado em objectos artesanais. “No primeiro ano que participámos na feira, ainda era no Eixo Atlântico, vendemos as cantarinhas todas que levámos. Ainda fizemos mais na própria feira e as pessoas levavam-nas mesmo sem estarem cozidas”, recorda Julieta Alves.
Na roda, Rosário Diegues molda o barro e dá forma às tradicionais cantarinhas em miniatura. Mas antes de pôr a roda a funcionar, a artesã conta que é preciso ir apanhar o barro, peneirá-lo, juntar-lhe a mistura que o faz ligar, amassá-lo, ficar a enxugar e só depois é que se fazem as bolas que são moldadas na roda.
Este é um trabalho árduo que a juventude não quer aprender, mas Julieta e Rosário fazem questão de manter viva a tradição da sua terra Natal. “Começámos do zero. Havia muita gente que não acreditava no nosso projecto, mas até agora temos conseguido fazer aquilo que realmente gostamos”, enaltece Julieta.
A história das cantarinhas perde-se no tempo. Na memória da população ainda estão os tempos em que as pessoas de Pinela vinham até Bragança no dia 3 de Maio para venderem as peças em barro que faziam durante todo o ano.
Nessa altura, eram peças utilitárias, entre as quais estavam as cantarinhas, usadas para transpor tar água. Já as miniaturas surgiram para oferecer aos mais pequenos, mas depressa a moda passou para a juventude. Os rapazes vinham à feira comprar as cantarinhas para oferecer à pessoa amada. “A rapariga que recebesse um maior número de cantarinhas era a mais pretendida”, recorda Julieta Alves.
Os tempos mudaram e as cantarinhas continuam a dar nome a um certame que alia tradição e modernidade e que tem vindo a ganhar importância económica no concelho de Bragança.

in:avoznordeste

1 comentário:

  1. Belos tempos os da Feira das Cantarinhas.
    Nós raparigas íamos para a feira ver quem estava de "olho em nós” e "orgulhosamente” mostrávamos umas ás outras quem tinha mais.
    Modéstia á parte não me podia queixar e sempre fizeram parte da decoração do meu quarto nos tempos de estudante.


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