quarta-feira, 9 de maio de 2012

IC5 promete trazer investimento à região

Ainda agora abriu e já surge como um dos pólos de atracção de investimento ao Nordeste Transmontano. O IC5 já está concluído entre o Alto do Pópulo, em Alijó, e Duas Igrejas, em Miranda do Douro, desde quinta-feira. Mas já atraiu a curiosidade de muitos.
Quando os irmãos Gilberto e António Brás decidiram investir na terra o que amealharam na Alemanha, nem sonhavam que o IC5 iria passar ali ao lado dos terrenos que eram do pai. Dois anos depois, têm, em Pinhal do Norte, Carrazeda de Ansiães, a única bomba de combustível que fica à mão de semear de quem utiliza a nova via, que promete desencravar uma das regiões mais desertificadas de Trás-os-Montes e Alto Douro. "Do Porto até aqui não há praticamente estações de serviço. Por isso, poderá ajudar a aumentar um bocadinho o negócio", espera Gilberto Gomes. O irmão, António, também acredita que a estrada, com 131 quilómetros actualmente (o projecto total inclui ainda a ligação a Vila Pouca de Aguiar, em mais 43 quilómetros, mas que ainda não estão previstos), vai trazer mais gente à região. O problema, garante, é que chega com 30 anos de atraso. "Se têm feito a estrada naquela altura, isto não estava tão desertificado como agora", garante. "Agora, já passam aqui camiões, mesmo daqueles dos transportes internacionais. Antes, não passava aqui ninguém", assegura.
José Luís Correia, o presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães, alerta, no entanto, para a necessidade de criar iniciativas que atraiam pessoas e investimento. "As estradas tanto levam como trazem. Temos é de ter imaginação para atrair investidores", sustenta o autarca social-democrata.
Mas para quem demorava quase uma hora a chegar a Vila Real por uma estrada com tanto alcatrão como curvas, ver o percurso encurtado para metade é quase um milagre.

Ver as curvas desaparecerem e o percurso encurtado para metade é quase um milagre
Os produtores também estão satisfeitos. Numa zona de maçã, azeite ou vinho, colocar os produtos no litoral mais depressa é uma benesse. Que o diga José Bernardo, produtor de maçãs, que espera poupar cerca de cinco mil euros por ano só em transporte. Já António Augusto, da cooperativa local, acredita que será agora mais fácil colocar produtos frescos nos grandes mercados do litoral.
E é precisamente essa a grande vantagem que Tiago Relhas, empresário, com um projecto de 300 mil euros de ervas aromáticas em Alfândega da Fé, encontra não só no IC5, mas na rede que fica montada juntamente com o IP2 e a futura A4. "Para além de me permitir estar mais perto do Porto e de Espanha, uma vez que 90 por cento da minha produção é para exportação, permite-me alargar o raio de entrega do meu produto em fresco", sublinha.
E, de acordo com a presidente da Câmara de Alfândega da Fé, Berta Nunes, outros investidores pensam já seguir o mesmo caminho.
Mas o IC5, que agora serpenteia pelo interior transmontano, passando pelo Tua e pelo Sabor, rasgando os montes cobertos de giestas floridas, nesta altura do ano, poderá ajudar também no aspecto da saúde. É o que espera Moraes Machado, presidente da Câmara de Mogadouro, onde está instalada a única Urgência Básica do sul do distrito de Bragança. "O IC5 deixa agora o concelho numa posição muito mais central. Precisamos é de mais valências", frisa.
Para já, está dado o primeiro passo. Gracinda Peixoto, vereadora na autarquia de Vila Flor, acredita mesmo que será o "ponto de viragem" para travar a desertificação da região.

in:jornalnordeste.com

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