Francisco Torrão explica que a associação nasceu da «crescente curiosidade» pelo tema dos cogumelos na região, interesse que levou a Associação de Desenvolvimento dos Concelhos da Raia Nordestina (CoraNE) a promover, no final de 2011, uma acção de formação sobre cogumelos, realizada no âmbito de um projecto de cooperação transnacional do Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER).
Para além de vários projectos de investimento, daquela acção de formação resultou «o desafio de constituir uma associação micológica que contribuísse para o conhecimento desse património da região», conta o dirigente.
Foi assim que surgiu a Xixorra, em Março de 2012. Francisco Torrão destaca alguns dos objectivos desta entidade, desde o trabalho científico, cultural e educativo passando pelo gastronómico e turístico.
No Outono e Primavera, épocas de excelência deste produto, muitas são as pessoas que se dedicam à apanha do cogumelo para venda, sobretudo para o país vizinho, Espanha.
Oportunidade de negócio e falta de legislação:
Por esta razão, os cogumelos começam a ser vistos como oportunidades de negócio na região. Francisco Torrão defende que, é pois, fundamental, criar legislação para a comercialização deste produto, «para que as mais-valias fiquem na região».
Francisco Torrão salienta que, com este trabalho, «pode ganhar-se a criação de legislação específica para que novos investimentos e formas de trabalhar com os cogumelos possam surgir».
Tudo, explica, porque a elaboração de legislação para a recolha e comercialização de cogumelos silvestres em Portugal, bem como a criação da lista de espécies a proteger, «é essencial» para potenciar economicamente este sector.
A ausência de legislação é um dos principais obstáculos ao desenvolvimento deste sector, insiste o responsável da Xixorra: «o principal problema surge no sentido de não haver qualquer controlo na apanha e os cogumelos. São colhidos por pessoas que não têm qualquer conhecimento técnico acerca destas espécies. Para resolver o problema tem de se criar legislação para a apanha e lista de espécies a proteger».
Para Francisco Torrão, os cogumelos podem ser vistos como um negócio, mas «no caso vertente não existe comercialização normalizada para o fazer, são vendidos directamente para Espanha sem qualquer tipo de controlo».
«Penso que se podia apostar na transformação, na embalagem, secagem e outro tipo de transformação que valorize o produto», considera.
Francisco Torrão lembra que o interesse pela exploração dos cogumelos na Terra Fria, «tem despertado mais nos últimos anos» e considera que «ainda se vai a tempo de salvaguardar os cogumelos e a importância que eles representam para os ecossistemas».
Por fim, o responsável salienta que outros dos objectivos desta associação passa por «manter contacto e trocar informação e publicações com outros grupos e associações micológicas, tanto nacionais como estrangeiras» bem como «fomentar junto das escolas o interesse pelo fascinante mundo dos fungos, através de actividades educativas».
A Xixorra é a primeira associação micológica da Terra Fria e abrange os concelhos de Bragança, Miranda do Douro, Vimioso e Vinhais.
Ana Clara
in:cafeportugal.net
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