sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A enxada que vertia sangue

Local: Vilas Boas, VILA FLOR, BRAGANÇA

Informante: Zulmira Garcia Carvalho (F), 60 anos

Contava a minha mãe que havia um homem em Samões [aldeia próxima de Ribeirinha] que não acreditava que havia Deus. Então, para dar o exemplo ao filho, na Sexta-Feira Santa disse: 
— Levanta-te para irmos trabalhar para a vinha! 
O filho dizia: 
— Meu pai, hoje é Sexta-Feira Santa, é pecado! 
    E ele: 
— Vamos, pois temos de ir! Os dias santos são para os preguiçosos! 
Lá pegaram as enxadas e foram. Os vizinhos, ao vê-los, também lhes diziam: 
— Hoje é um dia santo muito grande! 
Mas ele não ouvia ninguém. Então, quando começou a cavar, a enxada começou a verter sangue. O filho dizia-lhe: 
— Meu pai, olhe tanto sangue na sua enxada! 
E tanto se encheu de razão, que lá parou de trabalhar e foi para casa. Só durou sete dias. Ao fazer sete dias, morreu e a enxada deixou de verter sangue.

Fonte:PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro (Narrações Orais)

Sem comentários:

Enviar um comentário