terça-feira, 24 de julho de 2012

José Júlio Pereira de Morais - 1º. Visconde de Morais

Morais é uma importante freguesia do concelho de Macedo de Cavaleiros.
Foi 1.º Visconde de Morais José Júlio Pereira de Morais, fidalgo da Casa Real (28.2.1891), grã-cruz da Ordem de Cristo e do Mérito Industrial, Comendador da Ordem da Rosa (do Brasil), presidente do gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro e de beneficência Portuguesa, da mesma cidade, tendo-o também sido da grande comissão Pró-Pátria, grande industrial, negociante e notabilíssimo filantropo e, durante muitos anos, o chefe natural e incontestado da colónia portuguesa na capital do Brasil. 
Era filho de Júlio Pereira de Carvalho e de D. Inácia da Silva, pequenos proprietários rurais em Gouvinhas, conde Sabrosa, em Trás-os-Montes. 
Nasceu a 15.6.1848 e morreu a 28.8.1931.
Enviado na primeira adolescência por seus pais para o Porto, para se dedicar à carreira comercial, por não ter manifestado inclinação para o sacerdócio, carreira que seu pai lhe propusera, partiu dessa cidade, em Janeiro de 1866, com 17 anos incompletos, na barca "Minerva", para o rio de Janeiro, onde tinha já um irmão, João Júlio Nogueira de Carvalho. 
Depois de trabalhar na capital fluminense, algum tempo, no comércio de louças, passou a ser empregado de Bruno Teles de Meneses e Vasconcelos, homem fidalgo e culto, que a sua dedicação a D. Miguel havia forçado a expatriar-se e ir comerciar para o Brasil. 
Em 1873 entrava para sócio da casa e em 1875, nove anos depois de desembarcar no Rio, rico apenas de esperanças, graças aos seus talentos, faculdades de trabalho e inesgotável energia, passou a dirigir sozinho aquela casa comercial, tendo apenas 27 anos de idade. 
Diferente de muitos dos homens que nessa época fizeram carreira comercial nas terras brasileiras, o visconde de Morais marcou desde muito novo, a par da sua grande capacidade de negócios, uma viva tendência e gosto para as coisas do espírito e da cultura, cultivando-se não só por intensivas leituras mas pela aproximação por ele sempre procurada dos homens de maior cultura, tanto portugueses como brasileiros, dos quais tinha ensejo de se aproximar. 
O Gabinete Português de Leitura, o Grémio Literário Português e, mais tarde, o Liceu Literário Português, tinham então na cultura dos jovens emigrados portugueses no Brasil um papel preponderante.  Em 1890 já o futuro visconde de Morais tinha desenvolvido extraordinariamente a casa cuja direcção assumira e em 1891, deixando à frente dela um sócio, vinha à Europa.  Nesse ano fora eleito Presidente do Gabinete, para o qual fizera o generoso donativo de 31 contos. 
Regressando ao Brasil em 1895, fundou a "Companhia Hipotecária", que geriu até 1900.  Lançado nos grandes negócios e sempre com a mesma impecável honradez por timbre, tomou em 1900 conta da "Companhia Cantarcon de Niteroy", que se achava na situação de liquidação forçada. 
A companhia prosperou sob a sua direcção, levando a efeito grandes melhoramentos públicos no Rio de Janeiro, entre os quais a electrificação dos seus transportes citadinos, a parte central e outros. 
Os grandes lucros dessa empresa eram aplicados em novos empreendimentos de progresso, distribuindo apenas a justa remuneração ao capital dos accionistas.  Fábricas, grandes companhias e todos os empreendimentos de grande vulto, industriais e comerciais, foram objecto da sua constante actividade até aos 80 anos, idade em que conservou intacta a inteligência e actividade.  O Banco Português do Brasil foi fundação sua. 
A sua acção filantrópica atingiu proporções excepcionais.  Entre as numerosas fundações suas ou por ele largamente subsidiadas, destacam-se a Obra de Protecção aos órfãos da Guerra, o Hospital para Senhoras, anexo à Beneficência Portuguesa, o Sanatório para Tuberculosos, o Hospital "Visconde de Morais", o Retiro da velhice "Jaime Soto Maior" e avultam as suas enormes dádivas para as vítimas do terramoto dos Açores e para a Cruz Vermelha Portuguesa. 
Só das dádivas que a escrituração das entidades beneficiadas revela, a verba conhecida, ascende a mais de mil contos.  As que a sua extraordinária modéstia e horror da publicidade escondia, sabe-se terem sido enormes.  Quando morreu, as maiores manifestações de apreço e respeito por parte dos portugueses e brasileiros prestaram homenagem ao Visconde de Morais. 
Recusa o título de Conde com que D. Carlos o quis agraciar.  Chefe incontestado e respeitado da colónia portuguesa no Brasil, teve o honroso privilégio de usar como tal a grã-cruz da Ordem da Torre-e-Espada, com a qual a colónia foi agraciada.  Casou o 1.' Visconde com D. Etelvina Amélia Pinto de Magalhães, nascida no Rio de Janeiro e falecida em Lisboa, filha do comendador Honório Pinto Pereira de Magalhães, e de sua mulher, D. Joaquina Paula. 
Deste casamento teve quatro filhos e duas filhas, sucedendo-lhe no título o primogénito.  Foi 2.º Visconde, em verificação de vida, José Júlio Pereira de Morais, filho primogénito dos 1.os Viscondes - já falecidos - director do Banco Português do Brasil o qual foi casado com D. Maria Emília de Almeida Araújo, filha dos 1.os condes de Almeida Araújo.
É 3.' Visconde (por autorização régio no exílio) o filho único dos precedentes, José Joaquim de Almeida Araújo de Morais, proprietário, casado com sua prima em 1.º grau, D. Teresa de Morais Amado, filha de sua tia paterna, D. Honorina Amélia de Magalhães Morais, e de seu primeiro marido, Dr.  Ilídio da Silva Amado.  Sem geração, ao presente. 
O título foi concedido, em duas vidas, por D. Carlos I, por dec.  De 1889 e carta de 14.2.1903. Annas. escudo partido, na 1.ª pala, em campo de prata, um monte verde e superior ao monte um Sular de ouro entre nuvens; na 2.ª pala, em campo azul, um ramo de ouro com folhas de louro. 
Coroa de visconde.  Suportes: dois grilos de ouro.  Legenda: "Probitas et labor".  Armas de mercê nova concedidas por alvará de 8.6.1891 e carta de 28 do mesmo mês e ano.  Registadas no Cartório da Nobreza na Torre do Tombo, no 1. X (moderno) a fl. 54.

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