terça-feira, 30 de junho de 2015

Votos, romagens e romarias, clamores e procissões, milagres - Referências nas Memórias Paroquiais de 1758

CONCELHO DE MIRANDA DO DOURO

GENÍSIO: Capela de Santa Cruz • 3 de Maio • Não tem romagem apenas se lhe canta a missa. Capela de S. Ciríaco • 8 de Agosto • Não tem romagem apenas se lhe canta a missa.

PICOTE: Capela do Santo Cristo dos Carrascos • Segunda oitava de Pentecostes • A quem se faz festa na segunda oitava de Pentecostes, aonde concorrem num dia muitas pessoas das povoações vizinhas de que se compõem feira, em que se vendem algumas coisas comestíveis e outras de pouca estimação.

PÓVOA: Capela de Nossa Senhora do Naso • 8 de Setembro • Em cujo dia vai muita gente em romaria à mesma Senhora de todos os lugares circunvizinhos e ainda de alguns de Castela, e neste dia se lhe canta com solenidade a missa.

Na terceira oitava da Páscoa da Resurreição há na mesma capela igual concurso de gente e nela se juntam doze procissões dos lugares: Ifanes, Constantim, Cicouro, S. Martinho, Avelanozo, Angueira, Especiosa, Caçarelhos, Genísio, Vilarseco, Malhadas e Póvoa, e
cada procissão destas tem sua imagem de Nossa Senhora, que todas nesse dia vão visitar a do Naso. Milagres (Capela de Nossa Senhora do Naso): «Conta-se por tradição que estando um homem deste lugar guardando umas vacas no sítio aonde agora está a sobredita capela da Senhora do Naso, ou Nardo (como alguns dizem) lhe apareceu Nossa Senhora e lhe disse, que fizesse naquele sítio uma capela. E respondendo o homem que sua mulher, por ser de génio e condição terrível, não havia de querer nem dar-lhe crédito, nem que se fizesse a capela. A Senhora lhe disse que sim, havia de querer e para que não duvidassem, à noite seguinte lhes mostraria o sítio da capela que haviam de fazer.

E nessa mesma noite olhando ambos de sua casa para o Serro do Naso, nele viram que andava uma procissão com muitas luzes demarcando o sítio da capela. Isto não obstante, não quiz a mulher que o homem a fizesse. Em castigo disto se lhe voltou a boca para um lado da cara e vendo-se assim castigada prometeu de fazer a capela e logo sarou e pondo em execução a promessa, acarretaram a pedra para fazer a capela com as suas mesmas vacas, as quais por mais que as carregassem nunca deixaram de levar o carro, nem mostraram sentir grande peso, nem era necessário mais que carregá-las. E depois elas mesmas conduziam o carro para o sítio da capela e voltavam aonde as haviam de carregar, sem que houvesse mister andar carreteiro com elas e quanto mais trabalhavam neste ministério mais engordavam.
Parece isto verosímil, porque ainda agora se não houver ermitão que queira estar na dita capela, obrigam aos descendentes desta família a tomar cargo da capela ou buscar ermitão. Também se conta que estando um homem preso, uns dizem que em terra de Mouros, outros que em Castela, onde quer que fosse, prometeu à Senhora do Naso de lhe fazer ao pé da sua capela um poço se o livrasse daquela prisão.
Feita a promessa, se achou um dia pela manhã às portas da capela da Senhora do Naso, preso como estava, com grilhões e algemas que ainda hoje, para memória deste milagre, estão pendurados na dita capela. Fez com efeito ao pé da capela um poço muito fundo com seu bocal de cantaria e o cesto com que dele tirou toda a terra ficou tão inteiro, se não houvesse servido. É este poço muito útil assim para dele beber o ermitão, como a gente que vai em romaria, por não haver outra fonte ao pé da capela.

SENDIM: Igreja Matriz (S. Pedro) • 29 de Junho e 15 de Maio • Festeja-se em duas festas anuais, uma a vinte nove de Junho, outra em quinze de Maio, em comemoração do milagre que obrou neste povo na extinção do pulgão, que em um ano, em que foi grande esta praga levando os moradores as vinhas em procissão se viu visivelmente que desertando delas a mesma praga, se fora afogar em vários poços por virtude do santo e em comemoração se lhe repete todos os anos a festa porque ainda continua em fazer-lhe semelhante beneficio. Milagre (Capela de S. Brás): «Na capela de S. Brás com o mesmo santo, o qual em um ano, que os gafanhotos perseguiram os pães nos limites deste povo, saindo o Santo por sorte lhe fizeram festa e o levaram em procissão às searas, das quais foi servido tirar aquela praga que levantando-se cobria o sol, comia os pães e infeccionava as águas e os fez o mesmo Santo afogar todos em umas lagoas, que ficam próximas a este lugar e por este grande milagre lhe ficou o povo fazendo festa todos os anos no dia vinte sete de Maio, sendo dia santo no lugar».

SILVA: Capela de Nossa Senhora do Rosário do Monte • 25 de Abril • Se juntam aí muitas procissões dos lugares vizinhos que
vão visitar a Nossa Senhora. Aí se faz como modo de feira vendendo coisas miúdas e de pouca quantidade.


Memórias Paroquiais 1758

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