quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Vilar de Perdizes - Congresso de Medicina Popular mantém sucesso porque «o fruto proibido é o mais apetecido»


A afirmação é de Padre Fontes, o impulsionador do Congresso de Medicina Popular, na sua 26ª edição. O segredo da longevidade do evento está relacionado com as abordagens porque, segundo o pároco, focam temas condenáveis pela religião, ciência e poder.
O organizador do Congresso de Medicina Popular, em Vilar de Perdizes, Montalegre, padre António Fontes, explicou, recorrendo ao ditado popular «o fruto proibido é o mais apetecido», a motivação das pessoas, vindas de Norte a Sul do país, em visitar o evento.
A 26ª edição do Congresso de Medicina Popular realiza-se de 30 de Agosto a 2 de Setembro e reúne «profissionais» do oculto, ervanários, curandeiros, exorcistas, médiuns, cartomantes e endireitas para discutir os problemas que inquietam os portugueses. 
O padre Fontes, figura emblemática do Barroso conhecido também pela organização da sexta-feira 13, frisou que as ciências do oculto, o desconhecido e o «pouco falado» atraem gente.
O evento resiste há 26 anos, nos mesmos moldes, porque, segundo o pároco, aborda temas condenáveis pela religião, ciência e poder que abrem o «apetite» das pessoas. 
Além disso, acrescentou, a temática da medicina popular não se esgota porque não está devidamente estudada, pelo que há sempre novidades. 
Regra geral, explicou o sacerdote, as pessoas que se deslocam a Vilar de Perdizes fazem-no à procura de respostas a problemas de saúde aos quais a ciência, por vezes, não apresenta soluções.
«Não é só a ciência que cura. A religião e a ervanária também curam se as pessoas tiverem crença», realçou. 
Contudo, o pároco adverte que no congresso há muita gente a «vender a banha da cobra» e a «aproveitar-se» das fragilidades das pessoas, mas a distinção entre o verdadeiro e o falso deve ser feito pelas próprias.
«Muita gente no desemprego, com problemas matrimoniais ou de saúde pensa que são invejas, pragas ou feitiçarias e procuram soluções no oculto que são erradas», disse.
Acrescentando que «o poder não está na mão de ninguém».
O padre Fontes advertiu: quem «entra» no mundo do oculto, dificilmente consegue sair. 
O facto de estar um padre à frente da organização do congresso traz, segundo o mentor do evento, maior credibilidade e é um «chamariz». 
Por estar envolvido na organização deste evento, muita gente acredita que o padre Fontes tem poderes.
«Sou anti-bruxo, anti-magia e anti-feitiçaria. As pessoas cultivam essa imagem de mim porque, na verdade, também me exponho a essa convicção», relembrou.
A aldeia de Trás-os-Montes, explicou o sacerdote, ganhou «muito» com o congresso. Houve a criação de restaurantes, hospedarias, padarias e gente com «pequenos negócios» de licores, chás e compotas.
Mas, considerou, a localidade poderia ganhar «bem mais», mas falta dinamismo e iniciativa à população. 
Hoje, na aldeia, referiu, toda a gente é curandeira de si própria, aliás «quem tem uma horta tem a medicina à porta».
O padre Fontes acredita que o congresso poderá acabar aquando da sua morte, mas terminar com o evento é como, na sua opinião, encerrar uma escola e contribuir para a desertificação da aldeia.

in:cafeportugal.net

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