sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Mala-Posta e Diligências

As origens dos “CTT - Correio, Telégrafos e Telefones”, remontam a 1520, ano que em que o Rei D. Manuel I fundou o primeiro serviço de correio público de Portugal criando o cargo de Correio-Mor. Os Correios passam a poder ser utilizados tanto pela Corôa como pelos particulares. Entre 1520 e 1797 coube ao Correio-Mor a responsabilidade da organização e funcionamento deste serviço de correio público.
Em 1606 Luís Gomes da Mata, um fidalgo importante, compra o ofício de Correio-Mor, que vai permanecer na família até 1797. A 18 de Janeiro de 1797 extingue esta situação com o objectivo de dar aos Correios um cariz de serviço público.
Em 17 de Setembro de 1798 foi criado o serviço de Mala-Posta (sob a administração da Superintendência Geral dos Correios), serviço de transporte de correspondência, passageiros e mercadorias entre Lisboa e Coimbra. O percurso de Lisboa até Coimbra demorava 40 horas !!!. À chegada das malas do correio era afixada, na estação dos correios, uma lista dos destinatários das cartas ou encomendas postais.
"O Serviço da Mala-Posta" entre Lisboa-Coimbra-Porto (1798-1864)
numa pintura de José Pedro Roque
Este transporte encerrou em 1804 e devido às invasões francesas
 e posterior guerra civil, e só foi retomado muitos anos mais tarde.
A mais antiga referência a concessionários de transportes colectivos rodoviários, para o Norte do país, data de 1851. A "Companhia de Viação Portuense", iniciativa dos abastados capitalistas José Pedro de Barros Lima, Joaquim Augusto Kopke Schewirin de Sousa (barão de Massarelos) e António Gomes dos Santos,  propunha-se efectuar carreiras regulares do Porto a Braga e do Porto a Guimarães, sob o compromisso de acabar a construção das respectivas estradas. No ano seguinte, concedida a concessão, aquela companhia deu início à carreira para Braga e, em 1860 para Guimarães.
Para além da concessão para a construção das estradas, o contrato celebrado entre o Estado e a "Companhia de Viação Portuense" contemplava duas cláusulas particularmente importantes, as quais lhe conferiam «o exclusivo da exploração de diligências e de carros acelerados nas duas estradas», assim como "a condução das malas do correio nos mesmos carros, por dois terços do preço que até então se despendia com esse serviço".
Não tinham passado ainda oito meses completos desde a data da confirmação do contrato, e - após a aquisição dos necessários equipamentos e animais - já se iniciavam as carreiras de diligências entre Porto e Braga. Apesar de a estrada só ter ficado inteiramente concluída em 1855, com excepção da ponte pênsil da Trofa que teve de aguardar ainda mais três anos - as carreiras de diligências entre o Porto e Vila Nova de Famalicão iniciaram-se logo em 5 de Maio de 1852, tendo alcançado a cidade de Braga a 4 de Maio do ano seguinte.
Em meados dos anos sessenta do século XIX podia já viajar-se, diáriamente, para Braga, Famalicão, Guimarães, Barcelos, Viana do Castelo e Amarante. Ao serviço da Mala-Posta juntava-se o das diligências, que apenas acrescentava ao anterior o itinerário até à Régua.
Quando Fontes Pereira de Melo assume o cargo de ministro em 1852, o país possuía apenas 218 quilómetros de estradas macadamizadas, e quando deixa o cargo em 1887, já existiam cerca de 9.000 quilómetros de estradas. Com a política fontista, é relançado em 1852 o serviço da Mala-Posta:
- Mala-Posta entre Porto, Braga e Guimarães (1852-1871), explorada pela “Companhia Viação Portuense”; 
- Mala-Posta Aldeia da Galega a Badajoz (1854-1863); 
- Mala-Posta de Lisboa ao Porto (1855 a 1864).
O estabelecimento do comboio no nosso país, a partir de 1856, condicionou todo o sistema de comunicações e apesar do bom serviço que as diligências prestavam na altura, a sua extinção foi irreversível, muito embora se mantivessem em atividade durante mais algum tempo.

in:restosdecoleccao.blogspot.pt


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