terça-feira, 13 de novembro de 2012

Cordeiro Mirandês e Cabrito do Alentejo são produtos protegidos

É no Planalto Mirandês que existem
“as culturas agrícolas que são
a base de sustentação dos rebanhos" (Foto: Paulo Ricca)
A decisão é da Comissão Europeia. O Cordeiro (Canhono) Mirandês e o Cabrito do Alentejo, passam a integrar respectivamente a lista de Denominação de Origem Protegida (DOP) e a de Indicação Geográfica Protegida (IGP).
O Cordeiro Mirandês, da raça Churra Galega, é criado no Planalto Mirandês (concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro) e, sublinha o caderno de especificações para a denominação DOP, “é desde há muitos anos o garante da sobrevivência das populações da região”.
Para um produto ser considerado DOP é necessário, precisamente, que seja provado que é originário de um determinado local, que lhe deu o nome, e que tem uma forte ligação com essa região – ou seja, que as suas características estão intimamente ligadas ao clima, tipo de alimentação e formas de produção locais.
É no Planalto Mirandês, refere o caderno, que existem “as culturas agrícolas que são a base de sustentação dos rebanhos, assim como os factores humanos necessários à boa condução e maneio dos animais”. Condições às quais se soma “o saber cortar e a forma de manusear a carne e de realizar a desmancha da carcaça”. O documento salienta ainda que esta carne é apresentada em vários pratos tradicionais da região, como o Ensopado de Cordeiro Mirandês, o Cordeiro Mirandês assado na brasa, e a Caldeirada de Cordeiro Mirandês.
Quanto ao Cabrito do Alentejo, foi-lhe reconhecida a Indicação Geográfica Protegida, o que significa que “pelo menos uma parte do seu ciclo produtivo tem origem no local que lhe dá o nome”, o que permite ligar algumas das características do produto “aos solos, ao clima, às raças animais, variedades vegetais ou saber fazer das pessoas” da região.
Tratam-se de animais (neste caso o cabrito de leite) de raça Caprina Serpentina, que deverão estar inscritos no Livro de Registo Zootécnico ou no Livro Genealógico de Raça Caprina Serpentina. A Qualifica, entidade que certifica produtos tradicionais portugueses, descreve a carne como tendo “um baixo teor de tecido adiposo”, que permite aos animais mais jovens terem uma “gordura de cor branca e carne pálida”.
Para limpar as matas
Ainda segundo a Qualifica, não é fácil determinar a origem destes caprinos portugueses. A existência de caprinos no Alentejo é conhecida “desde sempre”, apesar de muitas vezes não se lhes atribuir grande valor, sendo utilizados sobretudo para manter a limpeza das matas. “A referência mais antiga ao consumo de cabrito encontra-se no Livro de Cozinha da Infanta D. Maria, datado da época de quinhentos”, refere. O nome Serpentina tem a ver com o território original da Serra de Serpa, de onde estes caprinos se estenderam depois para todo o Alentejo.
Portugal já tem uma série de produtos reconhecidos como DOP pela legislação europeia, entre os quais azeites de diferentes regiões, carne de bovinos, caprinos, suínos e ovinos, frutos frescos, secos, queijos e doces. Entre os IGP destacam-se muitos enchidos.
Para além dos produtos portugueses agora integrados nas listas DOP e IGP, a Comissão Europeia acaba também de reconhecer os espargos alemães da região de Abensberg (IGP); as cerejas italianas Ciliegia di Vignola (IGP); os mariscos (vieiras) de ilha britânica de Man (DOP); e a kraska panceta, produto tradicional de charcutaria seca da Eslovénia (IGP).

Jornal Público

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