quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Lenda de Outeiro

Local: Quintanilha, BRAGANÇA


Proximo da ribeira está a capella de Nossa Senhora, por isso denominada da Ribeira.
É um templo vasto, e que antigamente era prodigiosamente concorrido por peregrinos e romeiros, em quasi todo o anno.
Diz a lenda, que a imagem da Santissima Virgem appareceu a uma pastorinha muda de nascimento, e que desde então ficou fallando claramente, para annunciar este apparecimento aos povos d’estes sitios; os quaes em vista d’este milagre, trataram logo de construir uma ermidinha á santa imagem.
A fama dos milagres atrribuidos á Senhora, attrahiu logo muitos devotos, que com as suas offertas concorreram para que o templosinho se fosse pouco a pouco adornando.
Não se sabe a data do apparecimento da imagem da padroeira: suppõe-se que foi no reinado de D. Affonso III, entre os annos 1210 e 1270; porque quando D. Diniz se desposou com a rainha, Santa Isabel (julho de 1282) já existia esta ermida havia annos.
Santa Isabel, quando veiu para Portugal entrou por estas terras, e chegando á capella, viu alli um grande concurso de gente, e perguntando a causa d’este ajuntamento, lhe disseram que não havia muitos annos que n’este mesmo logar tinha apparecido uma imagem de Nossa Senhora, venerada de todos, pelas muitas maravilhas que obrava.
Apeou-se logo a santa rainha, e entrou na capella a fazer oração à padroeira, e collocar-se debaixo do seu patrocinio. 
Affeiçoou-se tanto à divina formosura da imagem, que logo decidiu mandar-lhe fazer um templo mais amplo, e com capacidade para o grande numero de romeiros que affluiam aqui n’esses tempos. Chegando a Lisboa communicou ao rei a sua tenção.
D. Diniz, que tambem tinha resolvido edificar um castello no monte sobranceiro, pela sua forte posição, e por ficar na extremidade dos seus dominios, annuiu aos desejos de sua esposa, e mandou logo construir a fortaleza, e ampliar a capella, que ainda é a actual.
Foi assim que teve principio a villa do Outeiro.

Fonte:PINHO LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Portugal Antigo e Moderno Lisboa, Livraria Editora Tavares Cardoso & Irmão, 2006 [1873] , p.Tomo VI, pp. 358-359

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