quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Profissões tradicionais estão a ganhar com a crise

Os tempos são de contenção. Artigos que há poucos anos tinham como destino certo o lixo, mesmo que o estrago fosse ligeiro, são agora mandados arranjar ou restaurar. Assim obriga a crise.
Ver jovens nas profissões tradicionais é cada vez mais raro, mas o desemprego está a obrigar alguns a pegar-lhe, com enriquecimento e valorização do ofício por se tratar de gente com mais qualificação e com visão mais competitiva do mercado, promovendo-se nas redes sociais.
Lisboeta por nascimento, Cidália Sendim, 25 anos, mudou-se para Bragança há cerca de um ano por ser a terra do marido. Há poucas costureiras da sua idade. “Sempre foi um sonho de pequenina”, que materializou através de um curso de formação profissional. “Já fiz muitas outras coisas, mas sempre pensei se um dia não iria usar o curso. Acabou por ser assim”, contou. Admite que não é habitual ver costureiras jovens. “Eu sempre vi a minha mãe e a minha avó na costura. É um gosto que tenho. Sempre fiz coisas para mim. Não só faço arranjos como faço de novo, o que é ainda mais raro”.
Veio para Bragança e ficou com uma loja de costura que já existia no Mercado Municipal, com alguns clientes. “Temos que nos sustentar, como gostava avancei com o empreendedorismo”, explicou. Ainda que a disponibilidade de menos dinheiro nas carteiras esteja a levar alguns a recorrer mais aos arranjos e à reciclagem de vestuário, também nota que os tempos de crise retiram alguns clientes que se retraem até nestes gastos. “As pessoas continuam a comprar roupa e vêm fazer os arranjos.
Nota-se mais que muitos vêm fazer arranjos de coisas que já tinham arrumadas. Mas há uma quebra. Talvez por medo de gastar dinheiro”, referiu. É por altura da celebrações das Comunhões das crianças e dos bailes de finalistas ou para festas de casamento que Cidália trabalha mais na confecção de peças novas, o que lhe dá um grande gozo. “Nessas alturas as pessoas ainda procuram um modelo original e ajustado ao seu corpo. Por mais baratos que os vestidos de pronto-a-vestir sejam, não é a mesma coisa que vestir o que se idealizou. Feito à medida”.
A confecção da roupa exige labor. O resultado nem sempre compensa. “Não se cobra o equivalente ao trabalho que dá, pelo tempo que demora a confeccionar, pelas várias provas. Por vezes até é mais lucrativo fazer um arranjo”.

in:mdb.pt

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