terça-feira, 26 de março de 2013

Almofadas térmicas orgânicas fabricadas em Miranda do Douro


Tecido, trigo e alfazema. São estes os materiais usados no fabrico das almofadas térmicas Pitica de Dius, expressão que significa Joaninha em mirandês. O objecto adapta-se tanto ao quente como ao frio e ajuda no alívio de alguns problemas de saúde e desconfortos. A marca é portuguesa e apoia a produção local do concelho de Miranda do Douro.
O trigo e a alfazema usados nestas almofadas são produzidos de forma tradicional por pequenos produtores locais. O cereal usado adapta-se a diferentes temperaturas e partes do corpo, atribuindo à peça uma função terapêutica. Pode ser útil para casos de dores musculares e abdominais, cólicas infantis, dores de cabeça, olheiras, sinusite, cansaço, fornecendo relaxamento e redução de stress, ou apenas aquecimento, substituindo o tradicional saco de água quente. Pode ainda funcionar como gelo, reduzindo assim os riscos de queimadura.
Sofia Ortega e Nuno Relvas são os impulsionadores deste projecto. O uso inicial de uma mola com a aplicação de uma joaninha nas almofadas deu origem ao nome da marca – Pitica de Dius. “Achámos tão engraçado o nome que foi adoptado de imediato – e, estando o negócio em Miranda do Douro, fazia todo o sentido”, explicou ao Green Savers Sofia Ortega.
A ideia de criar almofadas térmicas nasceu depois de ouvirem o testemunho de alguém que era fã deste objecto ligado ao bem-estar, mas nunca o conseguia encontrar à venda. A dupla pôs então mãos à obra e decidiu fazer-lhe uma almofada. A partir da primeira, nasceram outras. Testaram os exemplares com amigos e familiares e, a partir daí, deram início à produção.
A equipa pensa criar novos artigos no futuro, mas mantendo as almofadas térmicas como produto principal. A divulgação da marca e venda dos artigos tem sido feita através do contacto com particulares, pontos de venda, participação em feiras e presença na internet – página da marca no Facebook e página do Artemix, um portal dedicado ao comércio de artesanato. É assim que facilmente uma almofada térmica criada no Planalto Mirandês voa até outros pontos do país.
Da cidade para o campo
O projecto, agora com sede em Miranda do Douro, começou por nascer em Lisboa. Sofia, alfacinha de gema de 36 anos, saiu da capital há cerca de um ano, em Janeiro de 2012. A profissão de contabilista, que já exercia a partir de casa, facilitou a mudança. “O ter uma profissão altamente stressante, aliada ao viver numa grande cidade, fez com que chegasse ao ponto de ruptura e quis procurar uma vida melhor”, relata.
Demasiado stress, demasiada poluição, demasiada confusão e caos – são as causas que Sofia apresenta para o seu êxodo urbano, à semelhança de muitos outros que fazem este percurso. O destino foi a aldeia de Especiosa, com a ajuda da informação prestada pela associação Novos Povoadores.
Assim Sofia deslocou o seu escritório para uma nova casa, no meio rural. Continua a trabalhar como contabilista, mantendo os clientes que tinha em Lisboa, e angariou novos em Miranda do Douro. Apesar de todos os meses viajar até Lisboa para visitar família e clientes, não pensa regressar à capital num futuro próximo. “Estou a gostar muito desta vida de sossego e liberdade”, diz.
As tarefas profissionais saem facilitadas neste cenário. Sofia considera que é mais fácil aceder aos serviços públicos em Miranda do Douro e que o atendimento é muito mais rápido do que nas grandes cidades. “Por exemplo, para ir à Segurança Social em Lisboa perde-se um dia; aqui em 30 minutos resolve-se o mesmo assunto.”
Nuno continua a viver na capital, onde representa a Pitica de Dius. Ambos produzem as almofadas, ligadas à imagem de uma joaninha que ainda tem muitos voos para fazer. Como se pode ler em Mirandês na página online da marca: Pitica de Dius, cunta-me ls dedos i bola para Dius (Joaninha, conta-me os dedos e voa para Deus).

in: Diário de Trás-os-Montes

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