domingo, 12 de maio de 2013

Dr. Passos Coelho faça a vontade à oposição: demita-se

Barroso da Fonte

Não sei se, quando este apelo vier a público, Passos Coelho ainda será primeiro Ministro. Para seu bem, para bem de quem o elegeu e, sobretudo, para bem de Portugal seria bom que se demitisse antes que caia. Vou explicar-me  melhor.
Nunca disse mal de si, como nunca disse mal de Durão Barroso ou de José Sócrates, três dos quatro últimos primeiros ministros. Quando o director do Sol, referindo-se ao Ministro Armando Vara, a Isaltino de Morais, Presidente da Câmara de Oeiras e ao deputado Duarte Lima, escreveu  um editorial a chamar «Provincianos» aos governantes Transmontanos. Indignei-me e respondi-lhe à letra: provinciano  é o autor deste escarro! Se ficar com dúvidas leia este jornal de Janeiro de 2010.
Silenciar posturas (boas ou más) de políticos oriundos de Trás-os-Montes é uma opção jornalística que o código deontológico respeita. Um jornalista livre e liberto, escolhe sempre o tema que trata.
Não significa que tenha sido benévolo com os primeiros e venha, hoje, intrometer-me na acção política do actual e legítimo primeiro ministro. Porque tem ele uma maioria parlamentar.
Tenho um enorme orgulho em ter nascido em Trás-os-Montes e em demonstrar que, mau grado exemplos recentes que indiciam o contrário, sempre os Transmontanos e Alto Durienses foram, em todas as actividades da vida social e política, tão bons ou melhores do que os seus pares de outras latitudes. Esta evidência procurei demonstrá-la nos 3 volumes do Dicionário dos mais Ilustres Transmontanos e Alto Durienses. Aqueles que duvidarem podem consulta-los, até online.
Clarificado este intróito quero confessar que votei no partido liderado por Passos Coelho e que aplaudi a coligação que fez com o CDS. Mais: ainda hoje penso que ambos os partidos têm toda a legitimidade para governar e nem o Presidente da República deve demitir o actual governo, porque a situação económica é escaldante e, se houver eleições antecipadas, o País corre o risco de ficar pior do que a Grécia. Com as autárquicas à porta e com processos complicados, em fase de implementação, como é o caso da reforma administrativa das freguesias, seria uma confusão tremenda e um agravamento monstruoso para as finanças públicas.
Sucede porém que Passos Coelho se rodeou de gente que lhe criou amargos de boca, como Miguel Relvas. Querendo formar um governo curto, acabou por sair-lhe comprido e desorganizado, para além de inexperiente. A impopularidade engrossa diariamente, sendo inegável que as censuras mais azedas chegam dos amuados dos partidos da coligação. Seja Manuela Ferreira Leite, seja Bagão Félix. O estado social transformou-se num caos, o desemprego é galopante e a todo o momento se ouvem vozes de todos os quadrantes ideológicos, nomeadamente dos partidos do poder, a potenciar um tumulto que pode ser o rastilho de uma rebelião incontornável.
Terei sido dos poucos jornalistas profissionais a escrever contra a queda do governo de Sócrates. Adivinhava-se que, fosse lá quem fosse, que ganhasse as eleições depressa teria os dias contados. A última sondagem diz que o PS já tem mais votos do que a soma dos dois partidos da coligação. O povo está cheio de apertar o cinto. Aquele que foi o seu super-ministro já caiu em desgraça e ninguém o conforta. O primeiro ministro está isolado. Paulo Portas é o melhor político actual e tem usado o cargo como se servisse dois senhores, ao mesmo tempo. No conselho de Ministro diz aos seus pares para votarem com o primeiro ministro. Cá fora viola a concordância que deu lá dentro, porque tem de explicar as contradições ao seu eleitorado. Está-lhe no sangue. Quem o seguiu no jornal Independente, conhece-lhe as manhas. Cuide-se, mas não o hostilize. Demita-se, antes que ele lhe passe a rasteira. Seria humilhante para ambos, mas mais prejudicial para si e para o País. Eu sei que o actual primeiro ministro é um homem sério e um político astuto. Mas é excessivamente ingénuo, herdou uma sociedade destroçada, enfrenta um eleitorado desiludido e vai sair debaixo de apupos, enxovalhado e sem qualquer réstia de glória. Poupe-se e poupe aqueles que o elegeram. Mais vale partir do que torcer. Dê lugar às feras, antes que elas arrombem a jaula. Quem as fez que as pague. E não mordisque mais o Povo que o elegeu e também o povo que nunca votou em si.
O seu partido está esfarrapado. Os mais velhos rodearam-se dos piores. O chefe dessa casta vive amargurado porque foi traído. De homem sério e competente, já entrou em terreno negativo. Poupe-lhe mais desgostos e ajude-o, demitindo-se. Facilite-lhe a vida e não envergonhe mais a quem o elegeu e teme o pior para si, para eles e para a Sociedade Portuguesa. Deixe os pensionistas em paz. Já lhes surripiou muito. Porque as reformas dos funcionários públicos (ou não), eram invioláveis, merecidas, ganhas com suor e muita dedicação. Disso sabe pouco porque é novo, não passou por elas e pensa que sabe tudo. Tem maus conselheiros. Livre-se deles e tenha a humildade de reconhecer que os Portugueses, velhos e novos, temem o pior, merecendo o melhor. Poupe-nos antes que seja tarde. Voltarei a este tema para lhe explicar onde deveria ter encontrado os milhões que pretende extorquir àqueles que se reformaram antes de 2005. Não faça isso!

Barroso da Fonte
in:jornal.netbila.com

Sem comentários:

Enviar um comentário