segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Castelo de Penas Róias

Portugal, Bragança, Mogadouro, Penas Róias
Arquitectura militar, medieval. Castelo roqueiro, de que resta a torre de menagem com planta em losango com lados de dimensões distintas, aproveitando o afloramento granítico que lhe serve de embasamento, com porta elevada e rasgada por seteiras; vestígios de um dos cubelos cilíndricos que integravam o castelejo.
Número IPA Antigo: PT010408120006
Categoria
Monumento
Descrição
Do castelo subsiste apenas a torre de menagem, de planta em losango, os restos de um cubelo circular que integrava o castelejo e alguns troços da muralha deste, a E.. A torre possui faces de dimensões distintas, entre 7 e 8 m. de largura, possuindo muros muito grossos; a porta, rectangular, abre-se a O. a c. 3 m de alt. do solo, sobre a qual existe uma lápide epigrafada, cuja inscrição se continua na ombreira do lado esq.; em todas as fachadas existem frestas em dois registos e vestígios de janelas (parapeito e parte das ombreiras) no topo, arruinado, não possuindo remate nem cobertura; INTERIOR: vazio.
Acessos
EN 219 durante 5 km. e vira-se depois para EM percorrendo cerca de 4 km.
Protecção
MN - Monumento Nacional, Decreto nº 34 452, DG, 1.ª série, n.º 59 de 20 março 1945
Grau
1 – imóvel ou conjunto com valor excepcional, cujas características deverão ser integralmente preservadas. Incluem-se neste grupo, com excepções, os objectos edificados classificados como Monumento Nacional.
Enquadramento
Rural. Destacado, implantado no cimo de uma penha granítico, a c. 100 m da povoação de Penas Róias *1, com acesso por caminho sinuoso e pedregoso a E.. Daqui avista-se o Castelo de Algoso, situado a c. 12 Km.
Descrição Complementar
INSCRIÇÕES: 1. (CEMP nº 142) Inscrição comemorativa da construção do castelo gravada no lintel e na pedra que remata a ombreira esquerda da porta da Torre de Menagem; superficie epigrafada muito erodida não permite leitura integral do texto; granito; Dimensões:a elevada altura a que se encontra impede obtenção; Tipo de Letra: Inicial capitular carolino-gótica de má qualidade gráfica com características similares as da inscrição do castelo de Longroiva(v. 0909070007); Leitura modernizada e reconstituída: INCIPIUNT FUNDAMENTO CASTELO DE PENA ROIAS [...] MENSE(?) ERA Mª CCª Xª[...](=ano de 1172) TEMPORE REGE [ALFONSO] [...].
Utilização Inicial
Militar: castelo
Utilização Actual
Marco histórico-cultural
Propriedade
Pública: estatal
Afectação
DRCNorte, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009
Época Construção
Séc. 12
Arquitecto / Construtor / Autor
Desconhecido.
Cronologia
1172 (ou 1181) - Data apontada por Mário J. Barroca, como a mais provável, para o início da construção do castelo de Penas Róias, segundo iniciativa de D. Gualdim Pais, mestre da Ordem do Templo, segundo interpretação da inscrição gravada no lintel e ombreira da porta da Torre de Menagem (BARROCA, 2000, p. 378); 1187, Maio - Jun. - Penas Róias recebe foral; 1197, 23 Jan. e 5 Jul. - D. Sancho I, em agradecimento aos serviços prestados pela Ordem do Templo, doa-lhe a vila de Idanha-a-Velha e em troca recebe os castelos e as igrejas de Penas Róias e Mogadouro; 1258 - Nas Inquirições de D. Afonso III, faz-se alusão a Penas Róias e ao senhor terra-tenente de Bragança D. Fernando Mendes de Bragança que ocupou a tenência entre 1128 e 1145; 1272 - Concessão de foral por D. Afonso III a Penas Róias e Mogadouro; 1273 - Confirmação do foral de Penas Róias por D. Afonso III; 1319 - Depois da fundação da Ordem de Cristo, Penas Róias passa para aquela Ordem; 1457 - Comprada por Álvaro Pires de Távora; c. 1510 - Segundo os desenhos de Duarte de Armas, o castelo era antecedido por um pequeno pano de muralha no sopé S. do penhasco em que se elevava, com passagem por um vão em arco pleno, sendo notório um rombo à dir. do mesmo; do lado NO., adossado ao castelejo, o "muro da vila" medieval (entretanto abandonada e reerguida extra-muros), de forma circular, irregular, baixo e semi - arruinado,
onde se salientam 2 cubelos cilíndricos; a barbacã era constituída apenas por um pequeno pano de muralha curvo, a S., provido de porta em arco pleno, entre dois torreões do castelejo, este de planta aproximadamente trapezoidal, irregular, provida de 1 torre quadrangular, à dir. da barbacã, 2 cubelos circulares a E. e um corpo estreito, avançado e projectado para o exterior, em forma de Z, terminando em torreão quadrangular, à esq. da barbacã, e sob o qual se abria túnel abobadado de berço estabelecendo a passagem da barbacã para a antiga vila e desta para para o interior do castelejo, por meio de porta aberta a O., em arco pleno; do lado E., junto a um dos cubelos, rasgava-se outra porta de igual perfil; as muralhas, os cubelos e as torres estavam, à época, superiormente arruinados não sendo possível identificar o tipo de remate que possuíam; do lado N.aparecia sobre a muralha o registo superior da parede de 2 dos 4 "aposentamentos" erguidos na praça de armas, com 2 janelas, uma rectangular e outra em arco pleno, e cobertura em telhado; "fundada sobre penedos" elevava-se a torre de menagem, em losango, com porta a NO. e janelas em arco pleno no último registo, nas quatro faces, sob as quais emergem o que aparentam ser apoios de balcões (inexistentes); remate de merlões (faltando alguns); interiormente era "toda vã e sem sobrados"; extramuros localizava-se uma cisterna, seca, e, a SO., estendia-se a nova vila, de casario térreo com coberturas de colmo e de telha de meia-cana, sobressaíndo uma igreja e um pelourinho de gaiola; do lado oposto um vale onde corria uma ribeira e, do lado N., no sopé do penhasco, existia um pomar cercado por muro baixo; 1512 - D. Manuel dá foral novo a Penas Róias; 1758 - As "Memórias Paroquiais" referem que o castelo, a N. da vila, se encontrava arruinado, com muros "de pedra de seixo bruto", estando a torre, "de quatrop esquinas", ainda "bem segura e fabricada do mesmo seixo bruto" com paredes altas e porta "levantada mais de trinta palmos" com um letreiro ilegível; 1759 - Na sequência do processo dos Távoras, a povoação passa para a Coroa; 1836 - Extinção do Concelho e consequente declínio da povoação levando a população a reaproveitar os materias de construção do castelo; séc. 20, início - ainda eram visíveis alguns dos cubelos que integravam o castelo e a antiga cerca da vila, bem como de uma porta que ligava o castelo à povoação; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126.
Características Particulares
Este castelo assegurava a primeira linha de defesa do nordeste transmontano, juntamente com os castelos de Algoso, Miranda do Douro, Outeiro, Vimioso e Mogadouro (v. PT010408100007) com os quais formava um forte conjunto defensivo. O material em que é construído assemelha-se ao do castelo de Algoso.
Dados Técnicos
Sistema estrutural de paredes portantes.
Materiais
Xisto quartzítico argamassado com barro.
Bibliografia
LOPO, Albino dos Santos Pereira, Apontamentos Arqueológicos, Braga, 1987; Guia de Portugal - Trás-os-Montes e Alto Douro II, Lisboa, 1988; ALVES, Francisco Manuel, "O Castelo de Penas Róias, fundado pelos Templários nos inícios da Nacionalidade Portuguesa", Anais (da Academia Portuguesa de História), Ciclo da Restauração de Portugal, vol. III, Lisboa, 1940, pp. 55-61; ALVES, Francisco Manuel, Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, vol. XI, Bragança, 1948; SOUSA, J.M. Cordeiro de , "Inscrições dos Séculos VIII a XII Existentes em Portugal", Etnos, vol. III, Lisboa, 1948, pp. 113-133; ARMAS, Duarte de, Livro das Fortalezas, Lisboa, 1990 (ed. original 1510); Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, Lisboa, 1993; A Arquitectura Militar na Expansão Portuguesa, Lisboa, 1994; SILVA, Isabel [dir.], Dicionário enciclopédico das freguesias, 3.º vol., Matosinhos, 1997; BARROCA, Mário Jorge, Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422), vol. II, F.C.G., Porto, 2000, pp.376-379; VERDELHO, Pedro, Roteiro dos Castelos de Trás-os-Montes, Chaves, 2000; GOMES, Rita Costa, Castelos da Raia, vol. II, Trás-os-Montes, Lisboa, 2003.
Documentação Gráfica
IHRU: DGEMN/DSID
Documentação Fotográfica
IHRU: DGEMN/DSID
Documentação Administrativa
IHRU: DGEMN/DSID
Intervenção Realizada
DGEMN: 1977 / 1978 - consolidação das muralhas, da base do lado N. da torre e fechamento das juntas das paredes da torre de menagem.
Observações
*1 - O topónimo deriva de penha (penedo ou rochedo), sendo possível que Róia tenha derivado de "roja" ou seja vermelha.
Autor e Data
Ernesto Jana 1994 / Marisa Costa 2001 / Lina Oliveira e Filipa Avellar 2005

in:monumentos.pt

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