quinta-feira, 31 de outubro de 2013

REGRESSO AO VELHO LAR

S. Pedro Velho é uma das freguesias da parte norte do concelho de Mirandela, na margem direita do rio Tuela (afluente do rio Tua) e tem-se destacado por algumas iniciativas singulares. Assim, a «Festa dos Morangos e do Vinho», no início de Maio, já teve cinco edições. Os agricultores que se dedicam à produção de morango estão satisfeitos com o pecúlio amealhado em cada safra. A produção do azeite também é interessante, com o lagar do Amândio Santos. É este mesmo empresário que, na sua padaria, confecciona do melhor pão centeio de Trás-os-Montes e da melhor bôla calcada. Recentemente, a sete de Setembro, a junta de freguesia local e a Santa Casa da Misericórdia de Mirandela, com apoio do Município inauguraram o Lar de Idosos de S. Pedro Velho que vai servir a população idosa daquela área.

O «Boletim informativo», em formato de revista bem conseguida, de Julho, da Santa Casa da Misericórdia, noticiava o facto, inserindo um texto original e assinado pelo Presidente da Junta de Freguesia, Carlos Pires, sobre a emoção sentida pelo «Ti António», a viver no Porto, prestes a regressar ao chão que o viu nascer e que transcrevemos: «(…) – Então, quando é que abre o Lar? – Ó “Ti António”,está quase, (…). Mas diga-me, o senhor está tão bem, com os seus filhos, porquê essa vontade de voltar? Olhou para mim (…) e mandou-me sentar, ali no banco do jardim. – Quero voltar, porque quero ouvir as carroças a passar ainda de noite. Quero jogar uma “suecada” com o meu parceiro de sempre aqui no jardim. Quero, sempre que me apetecer, entrar na minha casa, onde partilhei 50 anos de felicidade com a minha mulher, onde vi crescer os meus filhos. Quero cheirar o pão do Amândio, molhar a côdea no azeite, quando o lagar estiver a laborar. Quero ao domingo ouvir o sino chamar por mim, poder ajoelhar na igreja, no meu lugar de sempre, (…). Quero poder visitar a minha amada no cemitério sempre que bater a saudade de, falar, desabafar. (…)». Como diz um sábio provérbio: até as folhas das árvores, quando caem, procuram as suas raízes.

Jorge Lage
in:jornal.netbila.net

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