sábado, 2 de novembro de 2013

LIVROS E AUTORES DO NORTE

Quando os criativos da periferia mais precisavam de ver os seus trabalhos de arte publicitados, menos palcos públicos existem, porque o poder político matou os jornais, ao acabar com alguns incentivos que chegaram existir, como o porte pago, o subsídio de reconversão tecnológica, subsídio de papel e outros. Cidades e vilas que tinham títulos às meias dúzias, foram asfixiando, desaparecendo, estrebuchando porque a publicidade que suportava uma boa parte desses órgãos de informação secou como o leite materno. Os autores do país ostracizado defrontam-se hoje com mais este último apoio que a imprensa regional sempre franqueou. Louvam-se os poucos resistentes pela abertura que continuam a dar àquilo que se vai editando. E este jornal é um bom exemplo.

Nos últimos meses recebemos dezenas de livros de grande importância temática. Não podendo, por evidente falta de espaço desenvolver cada uma dessas obras, vamos dar dos mais importantes para a área de influência deste jornal, alguns títulos e autores. Assim:

João Parente, padre Transmontano que é membro da Academia de História e que à cultura Portuguesa tem dado valiosíssimos contributos em áreas, quase virgens em Trás-os-Montes e Alto Douro, acaba de regressar às livrarias com um volume de 900 páginas, Idade Média no distrito de Vila Real, em capa dura, através da Âncora. Neste tomo, menciona, quantifica por concelho do distrito de Vila Real e explica, quantos e a que localidades se referem. No I tomo localiza 375 documentos, no II 825 e no III 135. Totalizam 1135. Uns são anteriores ao Condado Portucalense, outros durante o condado e vários depois do condado. Vila Real vê aqui tratados 239, Chaves 190, Montalegre 138 e Vila Pouca de Aguiar 113. Sabrosa, 38. Os restantes concelhos têm menos. Um livro utilíssimo, oportuno e sempre actual. Escrito por quem sabe.

Monografia de Vila Pouca de Aguiar. Coordenada por Alberto Saraiva de Sousa que contou com colaborações de mais: António Varejão, Manuel Borges Machado, Alfredo Gonçalves da Costa, José Henrique Teixeira, Agostinho Chaves, Luís Cardoso Teixeira, José Ferreira Borges, António Ferreira Borges e Adriano Fernandes. 500 páginas, formato A4, a cores, capa dura. Vila Pouca merecia. A Câmara empenhou-se em possuir esse historial concelhio. E a obra nasceu com grande variedade, qualidade científica e muito abrangente na sua arquitectura informativa.

Antologia de Autores Transmontanos. Sob a epígrafe de «A Terra de Duas Línguas», o primeiro e segundo Presidentes da Direcção da Academia de Letras de Trás-os-Montes, coordenaram a segunda colectânea, desta vez com a participação de 55 autores. Ernesto Rodrigues e Amadeu Ferreira, duas personalidades Transmontanas académicas de referência internacional, tiveram a tarefa de seleccionar colaborações, o primeiro em Língua Portuguesa, o segundo em Língua Mirandesa. 45 dos autores optaram pelo Português, 10 pelo Mirandês. O volume saiu com 386 páginas. Em prosa e verso. Mais uma demonstração do bom trabalho que desempenhou a primeira direcção da Academia de Letras de Trás-os-Montes.

Ernesto Rodrigues, acaba de dar à estampa A Casa de Bragança. Como autor em quase todas as modalidades literárias (1973) é um ano mais velho do que a revolução dos cravos. Mas desde que partiu de Torre de D. Chama (1956) a caminho da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde se doutorou e lecciona, fez um trajecto de 40 anos sucessos em poesia, no volume «do Movimento Operário e Outras Viagens,» (2013); na ficção com Várias Bulhas e Algumas Vítimas, A Flor e a Morte; A Serpente de Bronze, Torre de D. Chama, Histórias para acordar, o Romance do Gramático (2011); no ensaio: Mágico Folhetim, Literatura e Jornalismo em Portugal; cultura literária Oitocentista; Verso e prosa de novecentos. Editou ainda O Século de Lopes de Mendonça: O primeiro jornal socialista e Fastigínia. Um romance histórico cujo enredo envolve os fundadores e primeiros titulares da Casa de Bragança.

Ruy Branco é um médico Vila realense (1936) que iniciou a sua carreira como assistente da Faculdade de Medicina do Porto, obtendo 20 valores como Interno Geral. Progrediu na carreira chegando a Chefe do Serviço de Cirurgia, no Hospital Geral de Santo António. Em 1979 foi convidado para Prof. Auxiliar e, mais tarde, foi  graduado em Catedrático no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Publicou 61 artigos científicos e foi director da Revista «Arquivos do HGSA». Paralelamente foi pintor e assinou diversos livros onde questiona «O homem e a sua Natureza», «O que o passado nos legou» e, mais recentemente: «O Homem Entre a Ciência e a Fé» que vai apresentar no dia 30 de Novembro na Casa de Trás-os-Montes do Porto.

Barroso da Fonte
in:jornal.netbila.net

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