segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Cultura quer criar base de dados do património imaterial do Norte

António Ponte alertou para as muitas tradições e saberes artesanais que se espalham por toda a região e correm o risco de desaparecer pela idade avançada de muitos dos artesãos que ainda lhe dão vida
A Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) vai impulsionar o levantamento do património imaterial da região, das tradições como os caretos ao artesanato da olaria ou tanoaria, para criar uma base de dados comum neste território. 
“Está cada vez mais na ordem do dia a necessidade de preservar as tradições e os modos de saber fazer que vão desaparecendo. A falta de quem faça pode colocar em perigo um conjunto de tradições e de saberes”, afirmou hoje à agência Lusa o diretor regional, António Ponte. 
Por causa disso, a DRCN quer criar uma base de dados comum do património imaterial regional. 
Esta base será feita através do trabalho dos técnicos da direção regional, mas também dos vários agentes espalhados pelo território, desde autarquias a associações. 
António Ponte salientou a necessidade de uniformizar procedimentos e critérios e, por isso mesmo, a DRCN organiza em março, no Porto, uma ação de informação com vista “à troca de experiências”. 
O responsável alertou para as muitas tradições e saberes artesanais que se espalham por toda a região e correm o risco de desaparecer pela idade avançada de muitos dos artesãos que ainda lhe dão vida. 
“Há os levantamentos linguísticos, como o mirandês, as tradições, como os caretos, ou o artesanato, como as cestarias, a olaria ou a tanoaria ou os antigos processos de produção de sabão de seda. Há todo um conjunto de processos de fabrico e de conhecimentos tradicionais que importa registar”, salientou. 
Este é, segundo António Ponte, um trabalho que se irá desenvolvendo nos próximos tempos. 
Este ano, a DRCN quer também avançar com a Rota das Catedrais neste território. 
O contrato de financiamento, no valor de 4,5 milhões de euros, foi assinado no final de 2013 e, segundo o responsável, as intervenções têm que ficar concluídas até junho de 2015. 
António Ponte referiu que, neste momento se está a abrir o procedimento concursal para a Sé Catedral de Miranda do Douro, onde será feita uma intervenção na cobertura e transformada a casa do cabido num centro interpretativo. 
Na Sé de Vila Real será instalado um órgão de tubos e, em Bragança, será colocado um módulo informativo. 
A rota fica completa com as intervenções em Lamego, Porto, Braga e Viana do Castelo. 
A DRCN está já a preparar candidaturas, para apresentar no âmbito do novo quadro comunitário de apoio, para intervenções nos museus de Miranda do Douro e Lamego. 
E, neste primeiro semestre, vai avançar com a requalificação do edifício do celeiro para a instalação do centro informativo do Mosteiro de São João de Tarouca, uma intervenção nas coberturas e paramentos da catedral de Miranda do Douro, bem como a conservação das coberturas do Museu da Terra de Miranda e ainda o restauro de coberturas e abóbadas da sacristia e absidíolos da igreja matriz de Freixo de Espada à Cinta. 
A direção regional conta com um orçamento de nove milhões de euros para 2014. A seu cargo tem, neste momento, sete museus, um palácio e 53 monumentos, desde sítios arqueológicos, igrejas, catedrais ou mosteiros. 
António Ponte salientou que a DRCN tem conseguido alavancar grandes investimentos recorrendo a várias fontes de financiamento, desde fundos comunitários, a medidas compensatórias pela construção das barragens do Sabor e Tua, bem como parcerias com autarquias. 
“Vamos construindo orçamentos de atividade com base em todos estes recursos. Mais do que nos lamentarmos da falta de dinheiro nós procuramos encontrar recursos no território para podermos desenvolver os nossos projetos”, sublinhou. 

Lusa

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