terça-feira, 2 de setembro de 2014

“Bragança ficou nos nossos corações e na letra de uma música nossa”

Os Xutos & Pontapés subiram ao palco do Eixo Atlântico na noite do arraial das Festas da Cidade de Bragança 2014. O tema “Para Ti Maria”, que começa com “De Bragança a Lisboa são nove horas de distância”, é um dos mais marcantes da carreira dos Xutos e um dos mais aplaudidos pelo público brigantino.
A banda comemorou 35 anos no passado dia 13 de Janeiro, altura em que lançou o seu mais recente álbum, “Puro”. No final do concerto em Bragança, o guitarrista da banda, Zé Pedro, deu uma entrevista ao Jornal NORDESTE em nome dos Xutos & Pontapés. 

Jornal Nordeste (JN)- Bragança é uma cidade que os Xutos e Pontapés fizeram andar pelas bocas do mundo através do vosso êxito “Para Ti Maria” . Algum motivo especial para evocar esta cidade?

Zé Pedro (ZP)- Bragança fez parte do nosso roteiro. Antigamente, não havia auto-estradas, daí demorarmos tanto a chegar a Bragança. Era sempre uma aventura vir tocar a esta cidade. Começámos a tocar nas festas de finalistas. Hoje em dia por vezes também fazemos queimas das fitas em Bragança e começámos a vir às Festas da Cidade de Bragança. È a quarta ou quinta vez que viemos e é excelente. Aproveitámos e fizémos um vídeo do tema “Para ti Maria” aqui na zona. Bragança ficou nos nossos corações e numa letra de uma música nossa. Quando tocamos este tema é, realmente, uma ligação muito grande com as pessoas que estão a assistir. Este concerto foi óptimo. Tocámos algumas músicas do novo disco. Certamente há muita gente que não conhece os temas novos, mas ficaram atentamente a ouvir e a ver-nos tocar e a sentir a música. Acho que isso foi muito positivo. Quando tocamos os êxitos toda a gente cantou euforicamente. 

JN - A vossa canção falava já há 26 anos no assunto dos transportes nesta região. Nessa altura ainda havia comboio. Entretanto houve avião, mas, actualmente, nem avião nem comboio. Agora não são propriamente nove horas mas cerca de seis de distância. Acham que durante estes 30 anos da vossa carreira os sucessivos governos não quiseram mudar a realidade que consta da vossa música?

ZP - (Risos) Pelo menos construíram auto-estradas. A maior parte bem, mas algumas não se percebeu muito bem porque é que foram feitas. Com 35 anos de carreira assistimos à construção de todas as auto-estradas e hoje a vir para Bragança, vim do Porto e foi muito agradável fazer a auto-estrada que liga Vila Real a Bragança. Nesse aspecto, houve um avanço bastante grande. Claro que podemos acusar os governos de deixar o Interior do País um pouco ao abandono e preocuparem-se mais com eles próprios e só quando há campanhas políticas é que acabam por vir ao interior e ver a realidade do País, o que é pena. Devia-se cuidar mais das terras do Interior, porque aqui há muita riqueza e há muitas pessoas que merecem as oportunidades que poderão ter em Lisboa.

JN - Há 35 anos na estrada, a percorrer o País de lés a lés sentem-se cansados ou com energia para continuar?

ZP - Com muita energia para continuar… Acho que a estrada é que nos dá energia. Quando paramos e quando acabamos as tournées aí ficamos um bocado cansados, confesso. Mas quando se aproxima o recomeço da tournée aí anima tudo e começam os ensaios e começa toda a azáfama de preparar alinhamentos e preparar o espetáculo. Todos os anos mudamos de espetáculo, mudamos de alinhamento, substituímos canções por outras e é sempre bom fazer tournées…Acho que o nosso habitat natural é estar em tournée e andar na estrada… 

JN - Qual a vossa inspiração para o mais recente álbum, “Puro”, e porquê este nome?

ZP - È um disco que foi gravado no nosso estúdio. Foi o primeiro que fizemos com mais calma e daí a pureza que está transcrita nas canções e principalmente nas letras. É um disco muito cru, que a gente gosta muito, é um disco de rock e que deve ser ouvido como tal. Acho extremamente saudável, eu como rockeiro ter uma banda que assume a sua identidade, daí a pureza e chamar “Puro” ao disco. 

JN - Qual a mensagem que deixa ao público brigantino?

ZP - Sejam felizes. Acho que é isso que se pretende na vida. Uma realização pessoal e encontrarem-se em si próprios… Porque se forem felizes ajudam tudo a crescer à sua volta.

in:jornalnordeste.com
VEJA A ENTREVISTA

Sem comentários:

Enviar um comentário