quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Nordeste transmontano tem cada vez menos produtores de leite

São cada vez menos os produtores de leite no nordeste transmontano. Uma diminuição que acompanha a tendência nacional. No planalto mirandês chegaram a existir mais de 300 produtores que produziam cerca de 180 mil litros de leite por dia. Neste momento restam 70 produtores que produzem cerca de 40 mil litros por dia. Já no concelho de Vinhais os produtores de leite chegaram a ser mais de meia centena, agora são apenas 3. 
Em Vila de Ala, no concelho de Mogadouro os produtores de leite que ainda resistem estão a ponderar desistir desta actividade. “Em 2014 ainda deu para as despesas mas este ano está mais complicado. O preço do leite desceu este mês 3 cêntimos, está a ser pago a 31 cêntimos, e prevê-se que volte a descer o preço. Neste momento, não estou a ter prejuízo mas, a partir de agora, penso em desistir”, conta José Manuel Pereira, de 44 anos. 
Já António Moura, de 45 anos salienta a instabilidade do preço do leite. “Esta actividade não compensa, é só para irmos vivendo. Deviam reduzir ao que nós compramos e aumentar ao que vendemos. 
O preço por litro tem andado sempre a subir e descer mas desce mais do que sobe”, considera o produtor de leite. 
O presidente da Associação de Produtores de Leite do Planalto Mirandês, Higino Ribeiro, explica que os produtores estão a procurar actividades ligadas à agropecuária mais rentáveis do que a produção de leite. “Há alguns produtores que já têm uma idade avançada e terminam a actividade e depois não têm quem lhe dê continuidade. Mas a maioria terminam porque a actividade não é rentável. 
Alguns produtores passaram a criar porcos bísaros, outros a plantar olivais e amendoais, outros dedicaram-se à engorda de novilhos, outros transformaram as unidades leiteiras em explorações de carne”, conta o responsável. Já o presidente da Agros - União das Cooperativas dos Produtores de Leite de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, visitou recentemente as novas instalações da Cooperativa dos Agricultores de Vinhais, onde se mostrou preocupado com a tendência de concentração da produção de leite no litoral do país. “A produção de leite na região e, principalmente no concelho de Vinhais, já é muito diminuta. Ainda mantemos dois polos com algum peso, na zona de Mogadouro e Chaves. Mas, infelizmente, a produção está a decair, sendo que há concelhos na região de Trás os Montes que já não têm produtores. 
Apesar disso, estamos a crescer em termos de produção mas essa produção está a concentra-se cada vez mais em meia dúzia de concelhos do litoral, que tem cada vez menos produtores mas que é cada vez maior em termos de produção”, revela o representante da Agros. Apesar de haver menos produtores, a produção da Agros duplicou nas últimas duas décadas. Há 25 anos produziam cerca de 270 milhões de litros de leite por ano, contando com cerca de 33 mil produtores. Agora têm apenas 1400 produtores mas que produzem mais 540 milhões de litros por ano. 
José Capela considera que a forma de os produtores de leite resistirem e enfrentarem a capacidade negocial das grandes superfícies comerciais é ganhando escala para se poderem ter preços competitivos. 
Actualmente o preço mínimo do litro de leite pago aos produtores do distrito de Bragança ronda os 26 cêntimos. 

Escrito por Brigantia

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