domingo, 24 de maio de 2015

As maias

Sugeriu-me o Jerónimo Pinto para falar do muito trabalho voluntário que faço há mais de 20 anos nos Clubes da Floresta das Escolas do Distrito de Braga. Projecto que desenvolvo com grande qualidade e tornado único nos eventos escolares que promovem o Ambiente e a Floresta. A oito de Maio foi o XIV e o II Regional do Noroeste.

Trabalho, com uma equipa de colaboradores, sem um cêntimo, graças ao apoio de muitos. Este Projecto pertence à Universidade de Coimbra e assenta no trabalho de Professores/as invulgares que estão no terreno.

Mas, conversa de voluntário à parte, entendo que devo lembrar os tempos de Maio, porque este mês dita o que vai haver todo o ano.

Respigando, do meu livro «As Maias entre mitos e crenças», que está quase esgotado (ainda deve haver dois ou três esquecidos em livrarias. Por isso, já posso falar mais sobre ele).

A etimologia da palavra «Maio» está ligada à celebração da festa das Maias, em honra da deusa Maia, a «Bona Dea», que se evocava para celebrar a fertilidade, a terra e as flores.

Alguns eruditos defendem que este mês era consagrado aos anciãos, aos mais velhos, denominados em latim «majorum». 

O mês de Maio, já na longínqua Fenícia, era propício à folia intensa, a Primavera estava pujante e permitia excessos.

As Florálias eram dos festejos mais desregrados e licenciosos, que os romanos celebravam, não havendo «festa nem festança onde não entrasse a Dona Constança». Um festim opíparo, ouvindo-se as vozes críticas de alguns moralistas. 

A festa do Maio ou das Maias, entre nós, a exemplo de Roma deu azo a desmandos que levou D. João I a proibi-la, por carta régia de 14 de Agosto de 1402. Dizia: «que não cantassem maias, nem janeiras, e outras coisas que eram contra a Lei de Deus».

Consistia na coroação duma jovem de tenra idade, até aos 12 anos, eleita a maia e coroada de flores, a qual presidia assentada num trono vestida de branco e ajeitada de jóias, flores e berloques, em cuja presença o poviléu dançava desenfreadamente noite dentro. O álcool e o sangue corriam a jorros pelas vielas e cada ruela queria ter a Maia mais festiva, numa atmosfera leviana, lasciva e dissolvente digna de um César.

Impunha a tradição imemorial que no 1.º de Maio as pessoas madrugassem de céu negro a fim de evitar «que o Maio as encontrasse na cama», sendo as portas e janelas, bem como os carros agrícolas enfeitados com flores, mais de giestas de cor amarela, as maias.

Este quinto mês já foi terceiro no mais primitivo calendário romano, sendo reformulado por Numa Pompílio. Passou a «Quintilis», ou «quinto mês», e mais tarde chamou-se «Maius».

As celebrações, usos e costumes de Maio, foram cristianizadas, consagrando a religião católica este mês a Maria, Mãe de Jesus.

Jorge Lage
in:atelier.arteazul.net

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