sexta-feira, 26 de junho de 2015

Nordeste Transmontano // Turismo inverte tendência de quebra

Depois de dois anos de quebra, os dados do Turismo relativos ao Norte do país mostram já claros sinais de retoma, que vêm de encontro àquilo que se vê todos os dias nas ruas as cidades e vilas da região.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, referentes aos anos de 2009 a 2013, nota-se que a região esteve em crescendo no número de visitantes até ao ano de 2011. A oartir daí, por força da presença da Troika em Portugal, que levou muitas das economias e rendimento disponível das famílias, o número de visitantes começou a inverter, recuando.
No entanto, em 2012 e 2013 assistiu-se, novamente, a uma recuperação. E os empresários hoteleiros acreditam que o ano de 2015 está a ser ainda melhor.
Os números relativos ao Norte do país são melhores do que os relativos apenas ao concelho de Bragança. De facto, de acordo com os dados do INE, os visitantes continuam a diminuir. Contudo, o número de dormidas aumentou, o que indica que os visitantes que chegam à região ficam satisfeitos com o que encontram, estando a prolongar os períodos das suas visitas.
Os números são fornecidos ao INE, mensalmente, pelas próprias unidades hoteleiras. Mas há mesmo empresários a afirmar que pecam por defeito.
É o caso de Marcel Silveira, gerente do hotel S. Lázaro, o maior da região.
“Nem todos fornecem os dados reais, com medo de serem penalizados pelas Finanças”, frisa.
No seu caso, diz que tem tido uma retoma em 2015 depois de uma perde de três pontos percentuais em 2014. “Espanha está a recuperar da crise e isso traduz-se num aumento grande de visitantes do outro lado da fronteira”, frisa, garantindo que, só este ano, já teve mais de cinco mil visitantes espanhóis.
No entanto, entende que “falta um grande evento a Bragança”, pois “a Feira das Cantarinhas não consegue fazer frente à feira dos Santos de Chaves”.
Marcel Silveira lamenta, ainda, a “falta de união” dos empresários da região, pois “é muito difícil estabelecer parcerias”.
Por outro lado, “a taxa fiscal é uma brutalidade”. “Há taxas e licenças por tudo e por nada”, diz o responsável deste hotel com mais de 270 quartos quem até abril, tinha uma média de quase 50 quartos vendidos por dia.
Já Liliana Vieira, do hotel Ibis, concorda que o setor está em retoma.
“Este ano tivemos um aumento de cerca de três pontos percentuais na taxa de ocupação”, frisa.
“Já tínhamos aumentado em 2014 e, agora, estamos a aumentar em 2015.
“Tem havido um aumento, sem dúvida, e não acredito que seja só no Ibis”, diz.

Números polémicos

Os números do INE são postos em causa por várias instituições, a começar pela Câmara de Bragança.
Hernâni Dias aponta o número crescente, anualmente, de visitantes no posto de turismo da cidade para mostrar que a promoção da região tem funcionado.
“Sob o ponto de vista turístico, os dados registados no nosso posto de turismo, apontam para uma tendência de crescimento que nos deixa bastante otimistas. Desde 2010 até 2014 houve um acréscimo de turistas de quase 60 por cento.
De 2013 para 2014 houve um  acréscimo de 12 por cento.
Estes números refletem a tendência geral. Custa-me a acreditar que tendo estes números positivos e percebendo no terreno que há mais pessoas na rua, esta tendência transmitida pelo INE de decréscimo do número de turistas”, diz.
Por outro lado, esta tendência de crescimento no posto de turismo é acompanhada pelo aumento do número de visitantes de equipamentos municipais como o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais (mais cinco por cento) ou o Museu da Máscara e do Traje (mais 9,4 por cento).
“Isto leva-nos a ter uma perspetiva positiva e à qual não é alheia o facto de termos vindo a insistir na promoção do território e dos eventos realizados. O facto de trazermos alguns eventos que marcam o
panorama a nível cultural, como iniciativas de gastronomia e de desporto, que chamam pessoas para o nosso território. Iniciativas como a Rota da Terra Fria, esteja a dar
frutos e consigamos ter pessoas de fora”, disse.
Quanto ao futuro, estão a ser delineadas várias apostas inovadoras, como um evento de verão a decorrer a meio de julho e que “poderá atrair muita gente”.

CIM pede alterações à forma de contagem

O facto de os números do INE não traduzirem, no entender dos autarcas, a realidade, levou a Comunidade Intermunicipal Terras de Trás os Montes a tomar uma posição pública ainda na semana passada, em Vimioso.
A CIM Terras de Trás-os-Montes garante que não aceita os números divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) relativos ao número de dormidas de turistas na região nordestina.
Segundo fonte da CIM, e a título de exemplo, o INE apresenta números relativos aos concelhos da Terra Fria Transmontana com 100 mil dormidas em Bragança, 19 mil em Miranda do Douro, sete mil em Mogadouro, 2.200 em Vimioso e 1.500 em Vinhais, o que perfaz um total de 129.700.
Os dados, segundo a fonte, são relativos ao ano de 2013.
Para o presidente da CIM transmontana, estes números avançados pelo INE “estão completamente errados e têm desfavorecido a região”.
“Quando se apresenta uma candidatura e se demonstra que a região tem vocação para o turismo, naturalmente que os números contam. E contam, fundamentalmente para saber quantas pessoas visitam a região onde ficam ou onde dormem”, explicou Américo Pereira.

in:mdb.pt

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