sábado, 31 de outubro de 2015

Projeto para salvar espécies únicas do Nordeste Transmontano

Os rios do Nordeste Transmontano têm espécies únicas que foram reproduzidas em laboratório para garantir repovoamentos em caso de ameaça maior no âmbito de um projeto apresentado hoje no Dia do Parque Natural de Montesinho, em Bragança.

SOS-Save our species é o nome do projeto científico desenvolvido pelo Instituto Politécnico de Bragança em parceria com o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e associações locais para valorizar este património além da pesca desportiva com um turismo vocacionado para apreciadores da Natureza.

A construção de duas grandes barragens na região, a do Tua e, sobretudo a do Sabor, reduziram os habitas naturais de peixes e bivalves nos dois principais rios do distrito de Bragança, uma consequência estudada no âmbito deste projeto que propõe medidas de mitigação e reabilitação apostando em outros locais para salvaguardar este património.

As espécies em causa, como explicou o investigador Amilcar Teixeira, não têm o valor gastronómico daquela que é considerada a rainha das águas frias dos rios transmontanos, a truta, mas são únicas desta região e, daí a importância de mantê-las, conservá-las neste local, pelo valor em si, mas também pela vantagem de um turismo muito especifico poder trazer pessoas a verem no local a existência dessas espécies.

Trata-se de peixes como o bordalo e a panjorca e quatro espécies de bivalves, entre elas um mexilhão conhecido pela eficiência na purificação das águas.

É fundamental passar para as populações que há aqui um conjunto de espécies que são únicas, são endemismos ibéricos que importa preservar. Temos sistemas fabulosos (e) ainda não conseguimos trazer cá pessoas para benefícios indiretos, para lá da pesca desportiva, associados à restauração, à gastronomia, á cultura, defendeu.

A componente de educação e sensibilização ambiental vocacionada para jovens, pecadores desportivos e público em geral é uma das apostas com apoio de equipamentos como o posto aquícola de Castrelos, onde o projeto foi hoje apresentado.

No último ano, cerca de 600 visitantes passarem pelo posto propriedade do ICNF, onde se produzem espécies para repovoamento dos rios da região e também para a indústria.

O Departamento de Conservação da Natureza e Florestas do Norte (DCNF-N) escolheu o posto aquícola de Castrelos para comemorar o Dia Aberto do Parque Natural de Montesinho, uma das áreas protegidas mais importantes do país, que abrange os concelhos de Bragança e Vinhais.

O diretor Rogério Rodrigues sublinhou a mensagem de que há, às vezes, problemas ligados ao uso errado dos meios aquáticos, exploração da pesca e outros problemas associados que põem em risco as populações (peixes) existentes.

O responsável registou a importância que a pesca, nomeadamente de truta, representa nos rios desta região visitados por pescadores, inclusivamente espanhóis e de outras origens da Europa e (que) ficam maravilhados com o que veem em termos, pelo menos, do território Norte.

Com estas iniciativas o que pretendemos é que as pessoas deem mais valor aos recursos que têm no seu território, que não sobre explorem, que não utilizem mal estes recurso porque podem pôr em risco o seu desenvolvimento e a futura exploração destes mesmos recursos, afirmou.

O diretor sublinhou ainda a importância do envolvimento das comunidades locais neste processo e que as ações desenvolvidas têm também esse propósito.

COUVE, em Comeres Bragançanos e Transmontanos

“As couves da minha horta          “Também as folhas de couve
Uma folha só tempera                   Têm a sua picardia:
Mais vale um amor de longe,        Guardam gotinhas de água
Que vinte e cinco da terra.”           Para beberem de dia.”
[in Cancioneiro Popular Português, coligido por J. Leite de Vasconcelos]


Autores de várias épocas e de variadas formações dão-nos testemunho de quão devedores estamos à couve, às diversas qualidades de couve, no facilitar a vivência dos nossos antepassados, pois solitária ou em combinação com outros produtos de todo o género facilitou e facilita o engano da megera – a fome – nas regiões onde é cultivada e, por isso mesmo, merece as atenções do povo português cujo singelo exemplo podemos percebê-lo nas quadras que antecedem este texto.
De fio a pavio, de alto a baixo, de cabo a rabo, em Trás-os-Montes as couves cumpriram e cumprem a salutar missão de engrandecerem os comeres simples, de ajudarem os sumptuosos em gorduras a ficarem mais apetitosos.
No nordeste da Província, concretamente no Barroso, o “grande e pequeno lavrador tem uma ou duas hortas, mais ou menos perto de casa. Nela cultiva as coubes pró caldo” assim o escreveu o padre Lourenço Fontes, os flavienses conseguiram que a couve penca, também conhecida por tronchuda, couve troncha, toncha ou manteiga, acrescentar-lhe a denominação – de Chaves – no inventário dos produtos tradicionais portugueses, mas nas terras de Bragança produzem-se pencas sem receio de pedirem meças às cultivadas noutras terras.
A revista Brigantia (ano de 1999), refere a receita couve à moda da matança, na qual a couve de penca é elemento central, mas devemos ao cónego António Figueiredo, doutas observações acerca da couve manteiga pelo efeito da geada. Na mesma revista, publicou opiniões sobre o valor culinário da penca, mais tarde coligidas na obra Ambiência do Ano. Escreveu ele: “As couves crescem em folhas largas de espesso e largo pedúnculo. O «trocho» é muito apreciado, quando bem cozido. Crescem as folhas em largas rodadas como uma corola longa, mimosas e esbranquiçadas, fechando-se num «olho» grande e cego. Toda a couve é aproveitada, mas o «olho» é o mais saboroso, comido em caldo, ou cozido inteiro ou guisado com os «trochos». Boa como é, esta, beneficiando com as geadas normais, não ultrapassou ainda, como cultura rentável, o consumo doméstico. É um mimo.”
Tinha carradas de razão o conhecedor Cónego António Figueiredo, mais agudos, os cultivadores da tronchuda do Douro Litoral, sempre a enviaram para o Porto em Dezembro, não por acaso na conceituada Gazeta das Aldeias, n.º 1456, ano de 1927, em resposta a um leitor diz-se: “No Douro cultivam muito a Couve Tronchuda que é extremamente saborosa e muito procurada nos mercados por ocasião das festas do Natal.”
Existindo numerosas variedades de couves, outra de larga utilização nas cozinhas transmontanas é a respeitada galega de folhas grandes, de cor verde escura, de caule alto e, responsável pelo nacional caldo-verde, o bragançano caldo de couves. O contista João Araújo Correia fixou para a posteridade o desempenho dos galegos na alteração paisagística do seu querido terrunho duriense ao desbravarem matos e construírem os socalcos suporte das formidáveis e formosas vinhas, em Terra Ingrata relata-nos o mau viver da maioria das personagens, alimentadas a broa, sardinhas sarnentas e caldo extreme, caldinhos e caldo de couves galegas, que nada têm a ver com a Galiza (também lá existem), estas couves são criação minhota e a designação de galegas é baseada na pobreza do terreno.
Os anais encerram múltiplas anotações acerca da couve, referenciada na Europa há mais de quatro mil anos, sendo a marítima a mãe das restantes variedades, por exemplo a couve-flor foi investigada pelos muçulmanos, a couve-de-bruxelas nasceu na Itália (as legiões romanas não faziam só conquistas), e a chinesa entrou em França apenas no século XVIII. A couve lombarda não necessitando de bilhete de identidade, é outra espécie considerada no Nordeste transmontano.
As bondades das couves proporcionaram remédios concebidos por médicos e boticários, os gregos e os romanos indicavam-nas para impedir a progressão do álcool, Diógenes o filósofo morador no tonel só comia couves, Catão no ainda actual Tratado de Agricultura não esqueceu as couves, enunciando variedades e as já referidas qualidades medicinais. Da longa descrição sobre as couves, retiro: “Convém conhecer as propriedades das diversas espécies de couves. Fazem bem à saúde e aliam-se maravilhosamente com o quente, o seco, o húmido, o doce, o amargo e o acre; reúnem em si todas as propriedades dessa composição que se chama o remédio das sete virtudes.”
A medicina popular transmontana é fiel depositária dos ensinamentos transmitidos ao longo do tempo, as mulheres souberam tirar proveito das couves, ou não fossem desde a Idade-Média elemento principal de sopas, caldos grossos, arrozes e outros pratos fortes, mormente na época invernal, mas serão desaconselhadas em Agosto, o provérbio avisa: “Queres ver o teu marido morto? Dá-lhe couves em Agosto.”

Comeres Bragançanos e Transmontanos
Publicação da C.M.B.

Gosto por esculpir abóboras transformou-se num novo negócio em Bragança

Um profissional da restauração de Bragança decidiu semear abóboras para apurar a arte da escultura em fruta e fez germinar um inesperado negócio com encomendas suficientes para registo da atividade nas Finanças.


Pedro Rodrigues é o autor das esculturas em abóboras que vão enfeitar a noite das Bruxas (Halloween), no fim de semana, em bares e discotecas da cidade transmontana e o que começou por ser uma experiência "tornou-se uma coisa séria" e teve de fazer registo de atividade em nome próprio para cobrar o número crescente de encomendas.

Três dias é o tempo necessário para esculpir 600 quilos de abóbora, já reservados para os clientes, e arrecadar "mais do que um salário mínimo".

Pedro não pretende "fazer disto vida", até porque está "muito bem" na casa onde sempre trabalhou e onde começou o gosto de esculpir fruta.

Há cerca de sete anos "houve uma vontade de inovar um bocadinho no trabalho" e foi um dos elementos que mostrou "alguma aptidão para o fazer".

Esculpir fruta para enfeitar mesas de banquetes "virou vício" e, como mora numa aldeia e tem horta, decidiu semear abóboras para treinar e para divulgar este trabalho de escultura.

De ano para ano, começou a procura pelas abóboras trabalhadas para o Dia das Bruxas e surgiu o novo negócio.

Planta "qualidades próprias para o corte, com casca mole para meter mais facilmente as facas", que tem de importar porque em Portugal não existem estes instrumentos, como contou.

Pedro Rodrigues garantiu à Lusa que consegue esculpir "quase tudo, desde botões de rosas a pássaros e dragões" nas mais variadas frutas.

"É um trabalho minucioso, demorado e tem de se ter paciência com o que se está a fazer, porque um golpe pode ser fatal e tem de ir para o lixo", realçou.

O gosto pela arte leva-o a procurar informação e inspiração noutras culturas como a tailandesa, que leciona nas escola a escultura em fruta.

Pedro sabe que as suas criações acabam comidas, no lixo ou para alimento dos animais da pocilga de um amigo. Porém não é o fim que lhe importa, mas a criação.

O que lhe é doloroso é saber que "há famílias portuguesas que passam fome" e que leva "aos baldes de 30 quilos de miolo de abóbora (para o lixo), o que daria para fazer sopa e doce, mas a vida é assim".

A abóbora trabalhada pode custar entre um a 30 euros ou "ser muito bem vendida" como perspetiva que irá acontecer com um exemplar de 40 quilos de que é proprietário.

Pedro Rodrigues criou um grupo fechado na rede social Facebook, com mais de 600 membros, muitos estrangeiros, que partilham entre si experiências e novidades.

"Andamos sempre com a faca afiada, sempre a picarmo-nos uns aos outros. Se um encontra uma novidade, partilha", brincou.

Em Portugal já existem algumas dezenas de escultores de fruta, pessoas ligadas principalmente à restauração e hotelaria.

Pedro sondou "cerca de 30" e cinco marcaram presença num encontro em que estão a mostrar as suas habilidades ao público da Norcastanha, Norcaça e Norpesa- Feira Internacional do Norte, que decorre até domingo, em Bragança.

Rui Pinto, de São Pedro do Sul, é rececionista num hotel, aprendeu a arte de esculpir fruta sozinho e faz para a casa onde trabalha.

"Os clientes apreciam", mas "ainda está pouco valorizada", na opinião de outro artista, Diamantino Sousa, que se deslocou de Espanha, onde é chefe de cozinha, para participar no evento em Bragança.

"As pessoas ainda não conhecem muito bem o trabalho que isto dá. Há peças que demoram três horas", afirmou à Lusa.



Na feira, têm tido sucesso, a avaliar pelas "pessoas que passam e ficam encantadas" com as formas que a fruta assume pela mão destes escultores.

HFI // MSP
Lusa/fim

É possível...!

Comendador João Teixeira
Ex.a

Fugido a que se obrigou Camilo de Mendonça e assassinado o Cachão.
Reformado que está o Professor Adriano Moreira - embora intelectualmente activo, pela graça de Deus - Trás-os Montes adormeceu !
Outros zambujeiros foram brotando, mas largaram o solo virgem e transplantaram-se p´ra terras áridas e infestadas!
Nem pesadelos butulínicos, nem o estrebuchar maleitoso do seu simbólico e aurífero Castanho, despertam a sonolenta filharada !
V Ex.a , ficou !
Alma de carvalho negral, nutrido de pura seiva de pinus pinaster, pia baixo, pia acima, foi-se apercebendo das maleitas e maus olhados que como andaço sazonal, vão prolongando a sesta!
Como pinga de puro azeite " Madural " V Ex.a vai espalhando o seu entusiasmo e saber.
Mas as fragas são duras como cornos!
A sachola não chega! É preciso o catrapilo!
É preciso vazar a talha e fazer alastrar o azeite pela masseira!
Urge arrancar as infestantes parasitas, espantar os corvos que se instalaram em tudo quanto é galho, Câmaras, Cooperativas e por aí fora!
É preciso juntar as gentes - torgos mais rijos que seixos - ao redor da fogueira de Natal, a olhar pela sua vida!
É preciso arrancar do fraguêdo dos nossos termos os preciosos diamantes e lapidá-los, puli-los!
É preciso que os frutos da nossa terra nos adocem a boca!

Sr Comendador!
As medalhas são efémeras!
As lápides são a história!

António Magalhães
Grupo: Trás-os-Montes - Um Reino Maravilhoso

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Petiscos de enchidos e fumados sem temores em certame de Bragança

A gastronomia é um dos pratos fortes da feira dedicada à castanha, caça e pesca, que começou hoje em Bragança, com os petiscos de enchidos e fumados sem receios das recentes polémicas no setor da carne.


Na Norcaça, Norpesca e Norcastanha - Feira Internacional do Norte, "gostam da presença dos petiscos" e um tasquinho como o de Alice Carpinteiro "dá sempre jeito, até do ponto de vista económico, porque é mais barato".

É o que dita a experiência de quatro anos a participar no certame e que Alice acredita não será diferente nos próximos quatro dias, até pelo que tem observado na tasca que dirige e que é das mais conhecidas de cidade (o Ti Artur), onde os clientes "vão [agora] mais de propósito comer uma alheira ou uma chouriça".

"Os meus clientes mantêm-se, não temos tido alteração", garantiu à agência Lusa esta empresária, que também produz fumeiro para consumo e venda no estabelecimento.

Por causa da polémica com os casos de botulismo alimentar associados a uma marca de alheiras de Bragança, Alice acrescentou a análise a esta bactéria às que já fazia ao fumeiro que confeciona.

Disse à Lusa que está à espera do resultado e que este chegue ainda a tempo de expô-lo na feira, onde são esperados 20 mil visitantes portugueses e espanhóis.

Dúvidas levanta-lhe o relatório da Organização Mundial de Saúde sobre os riscos de cancro associados ao consumo de fumados.

"Temos de ter noção que já os nosso pais, os nossos avós foram criados à base dessas comidas. É um método de conservação do produto", defendeu.

Alice ocupa um dos 140 espaços da feira juntamente com representantes dos setores em destaque, como a castanha, que está no auge da campanha e a "correr bem", embora a procura ainda "seja pouca", como afirmou à Lusa Eduardo Fernandes, da Arborea.

Esta associação espera vender entre "700 a 800 quilos" nesta feira, que há 14 anos começou por ser apenas da caça, aquela que já foi das maiores riquezas "da região e do país", mas que "tem vindo a decair", como observou o armeiro Paulo Valbom.

Há 15 anos, havia 350 mil caçadores. Atualmente estão reduzidos a menos de metade e a prova de decadência do setor é o número de armeiros em Portugal, que são agora "uma décima parte" dos que existiam há 10 anos.

A autarquia de Bragança, que organiza o evento, não desiste de manter os três setores e acredita que a caça e pesca podem ser revitalizadas com o impulso da castanha, o produto mais rentável da região, que é maior produtora nacional deste fruto seco.

"A castanha, por aquilo que representa em termos económicos, não deixa de ser o motor da economia transmontana e, por essa via, será um impulso para a promoção da caça e da pesca, até porque, na gastronomia regional, as três ligam bem", defendeu o presidente da Câmara, Hernâni Dias.

A feira tem na edição deste ano algumas novidades, como a ‘Cozinha Internacional Estudantil’, com a comunidade de estudantes estrangeiros do Instituto Politécnico de Bragança a promover showcookings com demonstrações da gastronomia do Brasil, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Itália, Polónia, Espanha, Marrocos e México.

O certame é ainda composto por atividades ligadas aos três setores, exposições, montarias, concursos e outros momentos de distração para os visitantes, como escultura em fruta.

Paralelamente, decorre também em 22 restaurantes de Bragança a semana Gastronómica ligada aos três produtos.

Agência Lusa

Corujas acolhe II Feira da Castanha

Por Corujas, no concelho de Macedo de Cavaleiros, começa amanhã a II edição da Feira da Castanha.

E se o nome deixasse margem para dúvidas, Eduardo Pereira, presidente da junta de freguesia, conta o que se vai poder encontrar na aldeia entre sábado e domingo.

Ao todo, serão 22 expositores.

Já a tarde de amanhã é dedicada a seminários sobre a produção mais importante da freguesia.

O fim-de-semana é marcado em Corujas pela Feira da Castanha.

Escrito por ONDA LIVRE

Transmontanos convidados a participar em “Conselhos do Povo”

Movimento criado há dois anos quer envolver os cidadãos da região no debate sobre várias temáticas. Primeiro Conselho vai realizar-se em Varge, no dia 7.
O Movimento Defender, Autonomizar e Rejuvenescer Trás-os-Montes (DART) vai realizar um conjunto de quatro encontros que, denominados por “Conselhos do Povo Transmontano”, pretende envolver a sociedade civil no debate sobre as temáticas das Áreas Protegidas, da Cidadania, do Desenvolvimento e da Cooperação Transfronteiriça.
O primeiro Conselho está marcado já para o próximo dia 7 de novembro, na aldeia de Varge (com o lançamento do debate e recolha de depoimentos), e a sessão plenária e encerramento terão lugar em Bragança, no dia 21 de maio de 2016. Pelo meio estão previstas outras sessões intercalares, uma em Vinhais, no dia 21 de novembro, e outra em Galende de Sanabria, no dia 2 de abril do próximo ano.
“Para a sessão inaugural e lançamento do debate em Varge, serão estabelecidos contactos com representantes das partes envolvidas nesta problemática, organismos oficiais, autarquias, ambientalistas, população em geral e a própria Igreja (onde se destaca a importante encíclica Laudato Si do Papa Francisco), com o intuito de iniciar os trabalhos com depoimentos de reflexão, disponibilizando depois um espaço amplo para o debate em que todos os participantes se possam manifestar”, explicou, em comunicado, a organização.
A mesma fonte referiu que “não foi por acaso” que o local escolhido para debater a questão das áreas protegidas foi a localidade de Varge, uma vez que aquela é um das aldeias inseridas no Parque Natural de Montesinho, “parque que foi criado em 1979, e que, a partir dessa data, fez com que a comunicação social desse mais atenção a Trás-os-Montes, às grandes vantagens dos parques naturais na preservação da natureza e à importância da biodiversidade e do meio ambiente”.
A organização dos Conselhos pretende “assegurar um clima de ampla abertura”, chamando ao debate os responsáveis e interessados pelas várias problemáticas mas envolvendo também a sociedade civil transmontana, de modo a que, através de um “diálogo permanente e pedagógico”, se atenue “o fosso existente entre os discursos oficiais e a opinião pública em geral”.
Paralelamente à organização do Conselho, o DART vai realizar o “Espalharte”, um concurso de espantalhos subordinado ao tema “Espanta-Pragas do Século XXI” e que será aberto às aldeias do Parque Natural de Montesinho e das comarcas da Sanabria e de Aliste.
Prestes a completar, em novembro, dois anos de existência, o movimento surgiu a partir da vontade de um grupo de amigos que, consciente da “fraca participação e de um grande desinteresse” da população em geral pelas questões públicas, quis “alertar consciências, repor a esperança no futuro e mostrar que só com a congregação de esforços e a participação ativa será possível concretizar” os anseios da região.

Maria Meireles
in: Voz de Trás-os-Montes

Um frade (macrolepiota procera) comestível

Foi encontrado na serra de Paredes, freguesia de Adoufe, um cogumelo gigante com cerca de 43 centímetros de largura e 30 de altura. Trata-se de um frade (macrolepiota procera) comestível.

Foi dado início a mais uma edição da Norcaça- Norpesca e Norcastanha com a abertura oficial da feira no dia 29 de outubro


De 23 a 25 de outubro realizou-se por mais um ano na Vila de Vinhais a Festa da Castanha que celebrou a sua décima edição


Castanha impulsiona caça e pesca na Feira Internacional do Norte

A castanha é actualmente o principal motor económico da Norcaça, Norpesca e Norcastanha.
O fruto seco, com grande peso económico na região, funciona como o maior impulsionador da feira e como forma de valorizar e revitalizar os sectores da caça e da pesca. 
A convicção foi expressa, ontem, pelo presidente do município de Bragança, Hernâni Dias, na abertura da Feira Internacional do Norte.
“A castanha, por aquilo que representa em termos económicos, não deixa de ser o motor da economia transmontana e, por essa via, será aqui um impulso para a promoção da caça e da pesca, até porque, na gastronomia regional, as três são compatíveis e ligam bem”, sustentou o presidente da Câmara.
“A castanha, por aquilo que representa em termos económicos, não deixa de ser o motor da economia transmontana e, por essa via, será aqui um impulso para a promoção da caça e da pesca, até porque, na gastronomia regional, as três são compatíveis e ligam bem”, sustentou o presidente da Câmara. 
O autarca reconhece que o impacto das actividades cinegéticas e piscatórias tem vindo a diminuir na região, no entanto, entende que a promoção é a melhor forma de dinamizar estes sectores. “Todos sabemos que há, neste momento, alguma dificuldade no que tem a ver com os produtos cinegéticos e com a própria caça, a verdade é que é necessário continuar a apostar neste tipo de eventos para que consigamos chamar a atenção para esta temática. Teremos de continuar a apostar e reinventar uma feira como esta”, frisa. 
De acordo com a organização, “as expectativas são grandes para o evento”, que vai já na 14.ª edição, e conta com 140 expositores das áreas de caça, pesca, castanha, mas também de outros produtos e serviços emblemáticos da região. Até domingo a Norcaça, Norpesca e Norcastanha está de portas abertas em Bragança, contando com debates, “showcooking” de nove países, exposição e venda de produtos e animação. Uma montaria ao javali, provas de caça e pesca completam ainda o cartaz do certame. 
Este ano para entrar os visitantes poderão adquirir uma pulseira que permite a entrada no recinto nos três dias. 

Escrito por Brigantia

Investigadora defende formação e controlo sanitário na caça

É necessário um maior controlo sanitário da carne de caça e apostar na formação dos caçadores, de forma a despistar eventuais doenças que representem riscos para a saúde pública.
O alerta é de Madalena Vieira, professora de Inspecção Sanitária e Segurança alimentar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
A investigadora esteve ontem à noite em Bragança no seminário “A caça e Pesca em Trás-os-Montes: Riscos e Oportunidades”, que decorreu no pavilhão do Nerba, no âmbito da Norcaça, Norpesca e Norcastanha. 
Madalena Vieira lembra que este tipo de controlo “não é obrigatório, ainda que os regulamentos comunitários façam um apelo a que os caçadores tenham um curso que os ajude a entender estas matérias de higiene e cinegéticas”, considerando importante garantir a formação dos caçadores nesta área e, se possível, ter a presença de um veterinário nas montarias. 
Este tipo de fiscalização poderia ajudar a determinar as doenças existentes nas espécies de caça da região, contribuindo para o seu controlo. Actualmente as doenças de caça maior que merecem mais preocupação são o quisto hidático e a brucelose, entendendo a investigadora que seria importante “sensibilizar os caçadores para evitar a eliminação das vísceras no campos que depois pudessem ser consumidas por raposas, lobos e cães, e esses sim transmitem a doença ao homem. E poderíamos identificar se corsos ou veados podem ter brucelose, que existe nos pequenos ruminantes”. Contudo, a investigadora garante que não há motivos para alarme. 
O novo quadro comunitário prevê o apoio a estruturas de recolha e controlo de animais de caça. Uma oportunidade que, segundo a professora, não deve ser desperdiçada. Os dados divulgados neste seminário resultam do estudo da UTAD “Doenças da Caça Maior em Portugal. Catorze anos de Estudo: Quais as recomendações”, apresentado no primeiro dia da Norcaça, Norpesca e Norcastanha”. 

Escrito por Brigantia

Mosaicos de 70 mil euros embelezam batistério da Catedral de Bragança

A catedral de Bragança tem um novo conjunto de painéis de azulejos. A criação artística é da responsabilidade da pintora Ilda David e do escultor Manuel Rosa. Os materiais e execução da obra representam um investimento de cerca de 70 mil euros, que ficou a cargo dos Municípios de Bragança e de Mirandela.
“Num diálogo que estamos a realizar com os artistas, como o Mestre José Rodrigues, Cláudio Pastro e do Pe. Marko Rupnik, prosseguimos com estes artistas, que aceitaram a criação dos mosaicos para o batistério, com o apoio para os custos necessários à obra como os materiais e execução da parte dos municípios de Bragança e Mirandela”, esclarece.
O bispo da Diocese Bragança - Miranda, D. José Cordeiro, explica que a catedral tem vindo a ser preenchida com várias obras de arte que surgem através da colaboração com pintores e escultores e com o apoio dos municípios do distrito. A obra de arte tem o nome de “Epifania da Graça” e é composta por pedaços de pedra que vieram de países como o Brasil, Índia, China, Bélgica ou Espanha e também mármores e calcários portugueses. Dividem-se em três grandes painéis. “O painel central do batismo de jesus com o castanheiro, que é emblemático na nossa região, o painel do anjo da vida com a árvore da amendoeira e o painel dos discípulos de Emaús com a oliveira, num diálogo e inter-relação dos mistérios da vida de cristo, que são a origem da graça da vida dos cristãos”, descreve D. José Cordeiro.
Na inauguração dos painéis foi também apresentado o Livro “Eu e a Catedral”, da autoria de Baldomiro Soares. Trata-se da biografia de Carolino Outor, um emigrante nos Estados Unidos, natural de Alfândega da Fé. 
Carolino Outor foi um dos principais mecenas da catedral, contribuindo para que a obra fosse retomada depois de 15 anos parada por falta de apoios financeiros, e tendo oferecido ainda o carrilhão de 16 sinos do templo. Um contributo também para esclarecer um pouco do percurso da catedral, que, confessa D. José Cordeiro, foi uma longa história. A última tentativa de construção da catedral começou em 1981 e terminou 20 anos depois. 
Após concluída, têm sido vários os artistas que contribuem para enriquecer o interior do templo. Depois dos painéis de azulejos de Ilda David, a próxima doação será da pintora transmontana Graça Morais que irá pintar os vitrais da catedral. 

Escrito por Brigantia

Dia de Todos os Santos em Macedo de Cavaleiros


Nenhum trabalhador estrangeiro da apanha da castanha tinha “Certificado de Registo”

A utilização de mão-de-obra estrangeira na apanha da castanha, na zona de Bragança, registou uma melhoria da relação laboral com as entidades empregadoras.
A conclusão é do SEF, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, e resulta de uma fiscalização conjunta com a Autoridade para as Condições do Trabalho realizada em oito explorações agrícolas na zona de Bragança e Vinhais, os concelhos maiores produtores de castanha no país.
A fiscalização foi realizada em plena campanha e resultou na identificação de 123 trabalhadores, dos quais 59 eram estrangeiros.
Segundo o SEF, a maioria dos cidadãos estrangeiros foram identificados nos soutos a apanhar castanha, tendo sido alguns deles identificados ainda no local onde habitualmente se reúnem e aguardam a chegada dos seus patrões para os levar aos locais de trabalho.
Nenhum deles era detentor de “Certificado de Registo”, documento que formaliza a sua permanência regular no país, pelo que, tal como as demais operações deste cariz, o SEF sensibilizou tanto o cidadão estrangeiro como a entidade patronal para o dever de o fazer.

Informação CIR (Rádio Ansiães)

COZIDO, em Comeres Bragançanos e Transmontanos

“Almoço na Pensão Rucha. O prato de carne era cozido à portuguesa”
[In O Cónego, de A.M. Pires Cabral]

A Pensão Rucha desapareceu, deu lugar a uma agência bancária, ficou a memória dos comeres nela servidos, no caso em apreço o cozido à portuguesa, em versão bragançana. Com efeito, quase se pode dizer quantas terras, quantas receitas de cozido. Umas mais famosas que outras.
Nesta questão da fama do cozido pode-se considerar que o favor popular é consequência da habilidade de quem concebe as receitas levando em linha de conta a boa harmonização dos produtos de natureza animal e vegetal de cunho local (ao tempo), e os propagadores a dizerem quão excelente é a pitança a preços razoáveis. O sólido e completo cozido maragato cujo epicentro é San Roman cerca de Astorga, deve a fama aos almocreves que não se cansavam de o enaltecer onde quer que estanciassem. Pudera, consta de: diversas carnes de porco e vaca, enchidos, para o recheio presunto, ovos e pão, verduras que a horta dá, sopa de macarrão, pão e arroz que se prepara no caldo do cozido.
Prato popular, apodado depreciativamente de rústico, o cozido consegue atingir a mesa dos ricos, embora na maioria das vezes sofrendo modificações pela incorporação de outros acompanhamentos a torná-lo mais refinado. O cozinheiro Rumpolt publica em 1581, Ein new Kochbuch tratado de boas maneiras à mesa e de instrução da alta criadagem, ao mesmo tempo reinterpreta o cocido espanhol tão do agrado da arraia-miúda “numa iguaria de luxo para o rei e imperador, para príncipes e senhores” no qual entram noventa espécies de carne e enchidos diferentes.
O cozinheiro real Domingos Rodrigues no Arte de Cozinha revela larga preferência pelo cozido, pois nas sete ementas para toda a semana, salvo os dois dias de jejum a interditar a carne, o cozido é sempre o prato principal, antecedendo os doces. O cozido servido no domingo incluía vaca, carneiro, mãos de porco, presunto, grãos, nabos, pimentão, todos os adubos amarelos, bem como açafrão.
A confraria de maçons de Pérouges, loja dos Sete Tecelões, executava uma receita assente no número sete. Para se obter um: “bom resultado, considerada a quantidade de ingredientes, deviam ser pelos menos doze os comensais, todos robustos e de bom apetite”. Da leitura da receita entende-se os requisitos exigidos aos participantes no ágape. Consta de: “numa panela cheia de água quente e ligeiramente salgada e com um copo de azeite, ponha-se um pedaço de cada um dos sete cortes de carne de vaca: ponta da costela, pá, faceira, cachaço, lombo, perna e alcatra. Cada uma destas peças deve estar furada com cravos de cheiros. Colocam-se numa panela todas juntas de maneira que cada uma conserve a sua consistência específica. Na panela junto às carnes juntam-se aipo, cebolas, cenouras, dentes de alho pisados e um ramo de alecrim fresco. Noutra panela, cozem-se da mesma maneira sete adjuvantes: uma galinha, uma língua e um rabo de boi, um chouriço e um pé de porco, uma cabeça de vitela, e um pedaço de lombo de porco. Em ambos os casos, durante a cozedura, a realizar-se em lume brando, as panelas devem espumar continuamente. Todas as carnes são servidas com sete verduras: abóboras, batatas, nabos, couves, funchos, cebolas e cenouras salteadas com manteiga, sobre as carnes que se mantêm quentes sobre um fogareiro, no seu caldo que ao chegar o momento de ser servido, acrescenta-se um pouco de sal grosso.
Sirvam este cozido com molho verde, mostarda forte e molhos, o primeiro misturando partes iguais de mel, vinagre e nozes picadas. O segundo com uma pêra cozida com canela, pimenta e cravinho.
Serve-se com um pouco de vinagre quente”.
O poeta João Penha impenitente comilão conta que após ter comido canja de galinha, deu réplica adequada a uma receita do “chamado antigo cozido à portuguesa, composto de carne de boi, galinhas, paios, toucinho e presunto, couve-flor e arroz.”
Às receitas acima aduzidas podem-se juntar outras de idêntica composição originárias de outros países, mas o propósito é referir comeres bragançanos que em diversas composições estão colocados na classificação mais ampla – transmontanos –, sendo os exemplos trazidos à colação como prova provada da existência de centenas de receitas de cozido, um pouco por toda a Europa, países de África e América Latina.
Nós levamos o cozido para o Brasil, na Baía confeccionam um cozido de peru, previamente assado, mais linguiça, legumes e verduras.
O cozido nas suas diversas versões é um prato a exigir paciência, isto é: cozeduras lentas, em lume brando, daí resultando uma comida grávida de aromas e a conceder grato prazer à boca, e beatitude pós prandial. Assim o dá a entender Eça de Queiroz ao nos descrever o jantar oferecido pelo Conselheiro Acácio, onde o cozido foi o prato de substância.
O facto de o cozido resultar melhor quanto mais lenta for a cozedura, é o resultado dos ensinamentos colhidos pelas cozinheiras na miscigenação dos povos. Tais influências milenares resultaram da herança deixada por esses mesmo povos que demandaram a Península Ibéria, e por cá ficaram implantando crenças e hábitos, daí estudiosos afiançarem ser o cozido descendente da adafina. A adafina é uma receita judaica de origem sefardita que se come no sabat. A cozinha judaica é marcada por rigoroso respeito pelas festividades religiosas, ora o sabat é uma das mais importantes, nesse dia louva-se e evoca-se o repouso do Senhor, após ter criado o homem à sua imagem. O domingo dos cristãos é bem menos exigente, senão atente-se na seguinte passagem: “Observe escrupulosamente os dias de guarda. Seis dias trabalharás, para fazeres a tua tarefa; no sétimo dia porém... não trabalharás tu nem o teu filho, ou filha, nem teu escravo, nem teu boi, nem teu burro, nem qualquer cabeça do teu gado...”, assim o determina a lei Mosaica.
Não podendo fazer fogo no sabat, muito menos cozinhar, segundo o Êxodo 35:3: “Não acendereis lume em todas as vossas casas no sétimo dia”, os judeus conceberam um prato quente – a adafina – um cozido, que se colocava no forno comunal previamente aceso, ou na casa de cada um, durante toda a noite, em fogo lentíssimo, metido num recipiente hermeticamente fechado. Adafina significa coisa quente, tendo ficado conhecida como sopa dos judeus em Espanha e Portugal. A adafina é referida no Talmud e outras obras da literatura rabínica, tendo influenciado diversas cozinhas, caso do cassoulet francês e do cocido madrileno e de outras terras de Espanha. Naturalmente, o cozido português em geral e o cozido bragançano em particular, mais a mais existindo na região uma importante comunidade sefardita, não ficaram imunes à referida influência.
A receita da adafina incorpora: pé de vitela, cebolas, carne de peito de vitela ou de vaca, ossos de tutano, grão-de-bico, batatas e ovos cozidos. A forma de servir a adafina é igual à do cozido.
A receita milenar da adafina terá sido alterada pelos cristãos ao lhe acrescentarem carne de porco, e seus derivados caso dos enchidos e toucinho.
“Alguns em suas casas passam com duas sardinhas em pousadas alheias pedem iguarias,
desdenham o carneiro pedem as adafinas”
O fanatismo exacerbado e orientado pela Inquisição deu origem a uma receita denunciante intitulada cozido de cristão velho. Tristes e desapiedados tempos aqueles!

Comeres Bragançanos e Transmontanos
Publicação da C.M.B.

Bragança // Furto de seis toneladas de castanha em Izeda

A GNR está a investigar o furto de seis toneladas de castanha de um armazém em Izeda, concelho de Bragança, que terá ocorrido durante a madrugada de quinta-feira.
Desde o dia 20 de outubro, data em que se iniciou a "Campanha da Castanha 2015" já foram identificados 13 suspeitos pela prática deste tipo de crime, quatro deles foram presentes a tribunal e condenados a trabalho comunitário.

Notícias de Bragança por volta do ano de 1721

Rua das Amoreirinhas, antiga Rua da Moreirola
Das cinzas de Bragança arruinada ressuscitam nesta notícia algumas memórias da sua grandeza, não digo aquela fabulosa. E dizem alguns do vulgo que em tempo antigo fora esta cidade tão grande que chegava junto a Braga e favorecia o seu dizer achar-se em escrituras que Bragança ficava perto daquela cidade, mas do modo que se deve entender assim era: ou porque sendo estas duas cidades do arcebispado em tempo que esta pertencia àquela diocese duas outra cidade> se dizia ficar perto uma da outra ou porque o distrito desta confinava com o de Braga e hoje se pode dizer o mesmo pela sua comarca, pois unicamente seis léguas dista Ruivães de Braga e neste sentido diz também Faria na Europ., tom. 3, part. 3, cap. 11, n.º 236, fol. 209, que Bragança ou Juliobriga ficava perto de Braga, tomando as terras do seu domínio pela mesma cidade.
E que o desta em muitos séculos compreendia toda a província ultramontana se manifesta da sua grande antiguidade e se foi dividindo o seu distrito nas muitas vilas que em diversos tempos se fundaram, que se podem ver em Carvalho, Corograph., tom 1, Livr. 2 e Mendes Silva na Povoação de Hespanha. E ainda em tempo dos reis D. Afonso II e Sancho II se estendia a sua jurisdição de Miranda até Montenegro, como mostrei no “Catálogo dos alcaides-mores” em D. Fernando Fernandes, n.º 5, “Tenente Bragancia et Miranda et Montinegro”, incluindo no seu distrito o que hoje é da cidade de Miranda e vilas da Bemposta, Vimioso, Vinhais, Chacim, Mirandela e outras muitas que hoje estão fora da sua comarca.
E sendo o corpo do distrito tão dilatado, bem podia ser a cabeça ou cidade muito numerosa e com certeza se afirma, se entendia até à Fonte da Seara, de que hoje dista meia légua para a parte do oriente. E das Portas do Sol descia uma rua pela fonte do alcaide que se avizinhava ao rio Sabor e de outra parte formava um bairro nas Carvas. E por onde hoje é a cerca do Mosteiro de Santa Escolástica havia outra rua que se dilatava até à Fonte da Trejinha  para a parte do Norte. E naquele vale se comunicava com outro bairro e havia mais três, um em Britelo, Vale de Álvaro, e o dos Cortinheiros, da outra parte da ribeira de S. Jorge. E não é só tradição, mas consta de alguns papéis do arquivo da Câmara e de uma escritura de composição com esta cidade e moradores do distrito, feita em o ano de 1461, pela qual se mostra se eximiam os moradores que ainda havia em alguns bairros dos encargos a que estão obrigados os mais do distrito como é a limpeza da cidade, pagar oitavas que é uma das rendas da Câmara, e a renda das sacadas que são os direitos reais.
E os moradores desta cidade não pagam, porque só os do distrito têm a imposição.
Advertência: A renda das sacadas pertence à Casa de Bragança e anda unida às do almoxarifado desta cidade. Esta renda são os direitos reais que os lugares do termo são obrigados pagar, porque esta cidade é isenta de pagar este direito.
Teve princípio em tempo de el-Rei D. Afonso III, porque sendo os moradores do termo desta cidade obrigados a sustentar um rico-homem, para se livrarem desta obrigação, ofereceram a el-Rei pagar-lhe todos os anos dois mil maravedis, a saber, mil dia de Páscoa e mil por dia de S. Martinho. E lhe deu foral que declara tudo isto, dado na aldeia de Santo Estêvão da vila de Chaves, no mês de Maio da era de 1291, que é o ano de 1253. Importa os dois mil maravedis [em] 97$200 e é o preço por que se arremata esta renda, sem acrescer nem diminuir coisa alguma e se arremata sem exceder a quantia de vinte réis por fogo, antes se dá a quem por menos do vintém se obriga a receber estes direitos das sacadas, cujo nome se deduz do verbo antigo “sacar”, isto é, tirar fora pela obrigação do que se eximiram do rico-homem.
Mas já neste tempo se achavam estes bairros desmembrados do corpo da cidade e com tão pouca vizinhança que se nomeiam por aldeias e pardieiros, razão por que os moradores do distrito não sofriam que gozassem do foro da cidade. E hoje nem vestígios se conhecem do que foi, mais que uma fonte de pedraria que uma inundação há poucos anos descobriu em Vale de Álvaro. E na cerca do Mosteiro de Santa Escolástica, com a tradição de que naquele sítio havia outra fonte, deram com o manancial e descobriram pedras lavradas e uma de sepultura do tempo dos romanos, de que ainda farei lembrança.
Também nas guerras da feliz aclamação se demoliram cinco ruas inteiramente, sendo as principais a Rua Bragança e a dos Prateiros, que eram as mais povoadas daquele tempo, umas para fazer esplanada ao castelo e outras para continuar a fortificação. E sem dúvida foi em tempos antigos cidade muito populosa, mas as ruínas que por muitas vezes padeceu a reduziram a seus princípios.
El-Rei D. Sancho I, no foral que lhe deu, chama indiferentemente cidade e vila pelo que foi e pelo que representava. E com este último título se satisfez, até que D. Afonso V lhe restituiu o de cidade que tem voto em cortes. E de trinta anos a esta parte se tem aumentado em moradores e tendo em aquele tempo quando muito seiscentos, hoje completa o número de mil. Agora fica fácil de entender a tradição de que nesta cidade e seu distrito constava a fábrica da seda de cinco mil teares, mas não só esta se atenuou, mas também o tempo deixou sepultada a memória de algumas igrejas e outros edifícios que agora serviria para prova da sua grandeza, mas direi a que ainda nos ficou.

Memórias de Bragança
Publicação da C.M.B.

Das FONTES da Cidade de Bragança em 1721

Antigas armas da cidade de Bragança num poço público
Dentro desta cidade só há três fontes e todas particulares. Uma no Colégio da Companhia e duas nos mosteiros das religiosas. Mas tem grande número de poços, alguns públicos, e os mais particulares. E alguns de tão perene manancial que parte do ano correm pela boca, como é o das portas de S. Francisco, que por ser obra da Câmara tem as armas da cidade.
Mas pela circunferência desta se acham vinte e duas fontes perenes de cristalina e excelente água. E só o monte de S. Bartolomeu se mostra tão pródigo em mananciais que se poderão tirar inumeráveis fontes dele, mas são mais célebres, entre todas, a Fonte do Jorge e a do Conde. Daquela se afirma tem virtude contra o mal de pedra.
A esta deu nome o conde de Mesquitela quando, assistindo nesta cidade, governava as armas desta província, porque, fazendo uma junta de médicos, se achou era a mais delgada e, deixando esta o nome de Fonte do Bispo que de antes tinha, tomou o do Conde, parece-me que obrigada de a fazer andar para diante, porque a pôs corrente em cano, sendo primeiro um pobre charco. Mas a do Jorge lhe leva vantagem em conservar por mais tempo a sua frescura.
A Fonte da Avelaira, sendo delgada, é destemperadamente fria quando o tempo se abrasa em mais calor, razão por que se não usa muito dela, e a Fonte do Cano tem a propriedade que bebida na fonte é demasiadamente pesada e pousada 24 horas se iguala com as melhores.
Entende-se que é de alguma terra que traz consigo.
Este ano passado de 1721, que por estas partes foi geral a seca, se observou nas fontes desta cidade que foram mais copiosas do que se experimentava pelo mesmo tempo nos anos antecedentes.

Memórias de Bragança

Publicação da C.M.B.

Apanha da azeitona

O Município de Alfândega da Fé e a Quinta da Serrinha realizam um programa comum centrado na apanha da azeitona.
O evento decorre no próximo dia 7 de novembro na Casa da Cultura de Alfândega da Fé.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Micólogos alertam, em Vinhais, para o potencial por explorar dos cogumelos

Micólogos portugueses e espanhóis reúnem-se durante quatro dias, em Vinhais, no Nordeste Transmontano, num encontro ibérico que começa com um alerta para o potencial por explorar da variedade de milhares de espécies de cogumelos existentes na região.

Da alimentação, à ornamentação, medicina ou tinturaria, há uma fileira por explorar, como disse hoje à Lusa Francisco Xavier, um dos micólogos mais conhecidos de Trás-os-Montes e membro do Grupo Micolóxico Galego, que organiza o encontro ibérico, em parceria com entidades locais.

Trata-se de um encontro científico bienal que junta, entre sexta e segunda-feira, 90 especialistas em saídas de campo e recolha de cogumelos seguidas de estudo e identificação para posterior publicação, além de seminários e degustação.

O trabalho destes micólogos já permitiu identificar "milhares de variedades de cogumelos" na chamada zona de influência climática do Atlântico, que abrange os dois lados da fronteira norte e que é considera das mais importantes da Península Ibérica, em termos micológicos.

"Nós só podemos cuidar, preservar, aproveitar se soubermos aquilo que temos e onde temos", realçou Francisco Xavier, indicando que do que já se conhece e está devidamente registado "existe um grande potencial", mas, sobretudo, do lado português, ainda não se avançou para a fase de aproveitar as possibilidades existentes.

Estima-se, seguindo o micólogo, que na zona Norte de Portugal se movimente perto de um milhão de euros anualmente com os cogumelos, porém "num mercado negro, com muito pouca transparência, muito clandestino".

As florestas são esventradas por pessoas à procura de cogumelos silvestres que se limitam a vender a intermediários espanhóis"

"Há 15 anos que me bato pela valorização deste património silvestre que pode ser aproveitado em benefício das populações", enfatizou, defendendo que falta iniciativa do Estado e privada também.

O micólogo realçou que "Portugal é o único país que não tem legislação para regulação da apanha", apesar de há quase uma década, em 2006, ter feito parte de um grupo de trabalho, que incluiu o Ministério da Agricultura, e que elaborou um esboço de decreto-lei para regulamentar a apanha".

"Ficou pronto quase para publicação e não sei onde para", afirmou.

As associações como o Grupo Micolóxico Galego "facultam informação gratuita" sobre o potencial que existe e como pode ser aproveitado, porém não têm, seguindo disse, procura por parte de privados para projetos empresariais.

Francisco Xavier garantiu que oportunidades de negócio não faltam entre os milhares de espécies existentes neste território.

Além das espécies para alimentação tradicional, "está-se a descobrir que há cogumelos com propriedades medicinais do novo conceito de alimento nutricêntrico", uma espécie de suplemento alimentar.

O Instituto Politécnico de Bragança está a desenvolver investigação nesta área e vai dar conta do processo no encontro ibérico de Vinhais.

A tinturaria micológica poderá ser outra frente da fileira de negócio, recuperando uma prática ancestral em que os cogumelos eram utilizados para tintos, que não são contaminantes para o meio ambiente.

A ornamentação e decoração são outras propostas apontadas.

Os estudiosos têm a expectativa de novas descobertas, em Vinhais, já que é considerada uma "das zonas mais ricas" de Trás-os-Montes em cogumelos, e onde existe um Centro Micológico que dá conta da biodiversidade conhecida.

O encontro esgotou a capacidade hoteleira de Vinhais, nomeadamente as 110 camas disponíveis no Parque Biológico, como disse à Lusa Carla Alves, diretora deste espaço que é uma réplica da fauna e flora do Parque Natural de Montesinho, que abrange este concelho e o de Bragança.

Agência Lusa