Domingos Soares começou a viver na casa que pertence à Pia União Casa do Clero corria o ano de 1983. O acordo era o seguinte, o ex-construtor civil poderia habitar a moradia se em troca executasse trabalhos na Casa do Clero. “Eu fazia todo o tipo de reparações, inclusive, em eletrodomésticos, até pinturas e carpintaria. Mesmo durante a noite fui muitas vezes levar doentes ao hospital no meu carro. Fazia tudo por aquela casa”, conta o atual inquilino, angustiado pela situação em que se encontra.
Em 2013, a Pia União Casa do Clero intentou uma ação em tribunal contra Domingos Soares por ocupar a casa ilegalmente e por estar a violar o direito de propriedade. O visado deveria entregar a habitação, mas recusa-se a ser despejado, pois garante que se ficar sem um teto, não tem onde viver. “Eu não tenho para onde ir, nem possibilidades para pagar uma renda. Não tenho trabalho, estou no desemprego, que é que eu vou fazer?”, questiona o sexagenário, que vive de alguns biscates que vai arranjando como cortar lenha.
A Pia União Casa do Clero já manifestou a sua intenção em vender os prédios, mas a associação de párocos não quis prestar declarações à Comunicação Social, pois o processo ainda decorre no Tribunal de Bragança, garantindo, no entanto, que foram feitas várias tentativas para ambas as partes chegarem a acordo. “Fomos a tribunal e eles disseram-me que me davam 5 mil euros e um ano para eu sair daqui”, conta, revoltado. “Ainda se fossem outras pessoas… Agora, a Igreja? Em vez de ajudarem as pessoas, ainda estão a desgraçá-las”, manifesta Domingos Soares, em vias de ser despejado.
Bruno Mateus Filena
in:diariodetrasosmontes.com
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