(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
- Lágrimas não me faltam, não há novidade! Choro por tudo!
Dizia o meu vizinho que falava só por falar, meio envergonhado, como quem sempre ouviu dizer que os homens não choram.
- O pior são as noites… longas, não há com quem falar… Até podia ir até à Taberna, jogar as cartas, mas para quê… só é para um homem ainda se aborrecer… o senhor sabe com é!..
Pois sei e sinto no peito as ausências, o luto, a viuvez e todas as mágoas do meu vizinho!
Aqui há tempo apareceu-me em casa um gato… diabo do gato, meigo, companheiro e ali ficávamos os dois à noite… quase conversando!... Por isso que eu não ia para a Taberna… ficava-me ali em casa com o meu companheiro…
Outro dia o gatinho deixou de comer… veterinário para cá… veterinário para lá… no fim de conta ainda tive que pagar… para que o pobre do bicho não sofresse mais… pelo menos morreu sem sofrer...
E as lágrimas caíram-lhe pelo rosto moreno, como punhos.. e as lágrimas do meu vizinho caíram-me no peito… chuva de tormentos!
… o que um homem passa!
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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