segunda-feira, 6 de junho de 2022

… quase poema… ou dos vermes

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Ouvi-o durante longas noites… às vezes parecia que voava… perpassando a noite e os medos antigos… outras vezes caminhava em lugar incerto… de novo o bater de asas!… e a respiração se detinha no risco do silêncio.
… voava em lugar difuso!... acordava a noite e o menino de sua mãe!
- Mãe, tenho medo! É verdade que há almas penadas?!
- Não, meu filho! Não tenhas medo! Vai-te deitar! A mãe está aqui!
… sossegavam os medos… a mãe estava ali! E calava-se e máquina da costura da Candidinha costureira que tinha morrido de pneumónica!
… a mãe estava ali!
Hoje, pela manhã encontrei o verme. Morto, de pernas para o ar…inerte!
… e é sempre assim… os vermes assustam… criam medos… voam rente ao boato e à intriga… fazem o que só um verme pode fazer.
… depois morrem… e a verdade é límpida como o sol nascente no coração da serra.
… e os vermes ficam inertes… e a vida continua!
… felizmente!


Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

1 comentário:

  1. Companheiro das velhas Lides, nunca acabadas. Acompanho a Tua Obra Literária desde os primórdios. Este Teu... quase poema... é um dos que mais me "toca"!

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