quarta-feira, 4 de maio de 2016

Autarca de Mirandela vai parar transportes no Tua por falta de financiamento

O presidente da Câmara de Mirandela, António Branco, anunciou hoje que, a partir de sábado, vai parar os transportes alternativos ao comboio na Linha do Tua, entre Mirandela e o Tua, por falta de financiamento do Governo.
O autarca social-democrata explicou à Lusa que, desde janeiro, a Câmara já acumulou uma dívida superior a 80 mil euros por a CP ter deixado de pagar os 20 mil euros mensais de um acordo anterior e o Governo não ter avançado com uma solução para garantir o transporte.

A situação arrasta-se há oito anos, desde que foi suspensa a circulação na maior parte da Linha do Tua, devido a quatro acidentes com outras tantas mortes em dois anos, e a CP passou a assegurar transporte alternativo em táxis às populações, um serviço que acabou por ser assumido pelo município.

A Câmara de Mirandela fazia o transporte na linha do Tua, através do Metro de Mirandela, ao serviço da CP até à desativação da linha, ocasião em que o metro passou a circular apenas entre Mirandela e o Cachão.

O restante percurso até ao Tua passou a ser feito por via rodoviária, mas em julho de 2012, a CP suspendeu o serviço sem pré-aviso e acabou por negociar com a Metro de Mirandela, que a troco de uma compensação mensal passou a assegurou o transporte em todo o percurso da antiga linha, cerca de 60 quilómetros.

O município conseguiu equilibrar as contas do serviço, mas as soluções eram de cariz provisório até estar concluído o plano de mobilidade prometido como contrapartida pela construção da barragem do Tua, que está praticamente concluída ainda sem o projeto dos transportes executado.

O autarca de Mirandela disse à Lusa que há vários meses que está a negociar com o Governo, nomeadamente com a secretária de Estado dos Transportes, uma solução definitiva.

Desde janeiro que a CP deixou de pagar os 20 mil euros mensais e a empresa municipal Metro de Mirandela, segundo ainda o autarca, "está a assumir os custos de transportes".

"Não podemos continuar a criar dívida", afirmou à Lusa o presidente da Câmara, vincando que a partir de sábado vai parar o transporte entre Mirandela e o Tua.

"A Secretaria de Estado não responde, vou ter de parar", indicou, lembrando que já anteriormente foi obrigado a tomar posição idêntica por falta de resposta das entidades oficiais para os custos deste serviço às populações servidas antigamente pelo comboio.

Se o metro parar entre Mirandela e o Cachão, e os táxis deixarem de circular do Cachão ao Tua, as população ribeirinhas do Tua ficam sem qualquer tipo de transporte público para se deslocarem, por exemplo às sedes de concelho, ou apanharem o comboio da Linha do Douro, que liga ao Porto

A Metro de Mirandela é uma empresa detida maioritariamente pela Câmara de Mirandela e, ao abrigo da lei do setor empresarial local, já devia ter sido extinta por acumular prejuízos.

António Branco é também presidente da empresa e os acionistas já deliberaram a extinção da mesma, mas o futuro está condicionado a uma decisão do Governo.

O plano de mobilidade imposto à EDP, concessionária da barragem, seria a solução para o problema, mas cinco anos depois do início das obras do empreendimento hidroelétrico, as últimas notícias sobre o mesmo são do final de 2015, data em que a empresa dava conta de que haveria um potencial operador turístico em executar e exploração o projeto.

O plano tem uma vertente de transporte turístico e quotidiano, que inclui viagens de barco na albufeira, que deve começar a encher este ano, até à Brunheda, e a recuperação da antiga ferrovia da Brunheda até Mirandela.

A EDP disponibilizou 10 milhões de euros para o projeto que tem vindo a sofrer alterações e que ainda não tem data conhecida para a execução.

Agência Lusa

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