sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Em Agosto o regresso dos emigrantes dá outra vida a aldeias do Nordeste Transmontano

O mês de Agosto fica marcado pelo regresso em massa de emigrantes, ao Nordeste Transmontano. A diáspora mantém a tradição de dedicar este mês à terra natal, as aldeias da região, algumas quase desertas, rejuvenescem e vêem a população aumentar com o regresso dos emigrantes, que mantém o apego à terra e a vontade de regressar durante um mês inteiro, que é de festa.
Em Santulhão, Vimioso, a população que durante o ano pouco ultrapassa os 400 habitantes, mais do que duplica a população nesta altura do ano. Para os habitantes é um mês em que o regresso é obrigatório.

Maria dos Anjos Martins, que emigrou para Espanha, com apenas 16, diz “agora já somos mais turistas que emigrantes” porque desde que o marido se reformou vem mas vezes. Mas ainda assim o hábito de passar esse mês na aldeia que a viu nascer mantém-se. “Uma pessoa gosta de vir à terra. No mês de Agosto só se estivermos no hospital, senão temos de vir”, refere.

Também de Santulhão são os pais de Frederico Lopes, que emigraram para França, onde ele já nasceu. Mas apesar disso mantém a tradição dos pais e “Agosto, sempre que possa” passa-o na aldeia. As tradições das festas, o convívio com familiares que só nesta altura encontra e a ligação à terra são os motivos que o levam também a “educar os filhos para que continuem sempre o mesmo caminho, no mês de Agosto”.

Já a aldeia de Coelhoso, no concelho Bragança, com cerca de 300 habitantes permanentes, é também uma aldeia muito marcada pela emigração. Quase toda a gente tem um familiar emigrado, a grande maioria em França e essa presença influencia a escolha do destino para quem escolhe o estrangeiro para tentar uma vida melhor.

É o caso de Lourenço Gonçalves, de 40 anos, que está há 16 em França, nos arredores de Paris.

“É um mês de festa, vir para cá é uma grande alegria. Quando venho a caminho estou sempre com um grande entusiamo para ver a família, as raízes e reviver os hábitos daqui, é uma grande emoção”, afirma.

E recentemente, por culpa da crise, o caminho de emigração reabriu-se, e há uma nova geração que escolhe o estrangeiro, como é o caso de Manuela Teixeira, que há meia dúzia de anos foi há procura de uma vida melhor:

Manuela Teixeira, de Coelhoso, faz parte da vaga mais recente de emigrou. Foi há 6 anos com a família para França, “porque a vida cá era mais difícil”. Ela e o marido escolheram emigrar para os arredores de Paris para dar uma melhor vida aos filhos, um de 18 e outro de 13, a quem se juntou a mais nova de apenas 2 anos, que já nasceu em França.

A escolha recaiu sobre este país pelo facto de ter já familiares e amigos, mas o mês de Agosto “é essencial” ser em Coelhoso. “Nas outras férias é um pouco mais difícil porque é menos tempo, mas em Agosto as nossas férias são sempre na aldeia”, garante.

O regresso dos emigrantes a marcar o mês de Agosto no Nordeste Transmontano. É um mês em Portugal e 11 de saudades. 

Escrito por Brigantia
Olga Telo Cordeiro

Sem comentários:

Enviar um comentário