domingo, 28 de agosto de 2016

Uma Taberna a Nordeste

Havia uma Taberna a Nordeste e Maria Oliveira - a Carçona oficiava neste Templo onde se amaciavam as caminhadas, se afogavam as mágoas… se deixavam segredos e onde o vinho era de Sendim e os peixes do Sabor, pescados pelo Tio Cândido no recato do rio. 
…a minha mulher tem uma ferida ruim… os corvos já andam por perto lá para os lados da Luada…
…a minha Maria vai morrer!
Isto dizia o Tio Folgado…na agrura da morte anunciada… enquanto abanava a cabeça e batia com os dedos… penosamente… na tábua do balcão!
… ele acontece cada uma a um homem!
E tu mentias minha avó Maria Oliveira… que não… que não ia morrer… que tu também já tinhas tido uma ferida assim! E servias... um copinho de vinho e dois peixes... por conta da casa.
… as tuas mentiras Maria Oliveira… não eram mentiras… eram caridade… eram compaixão!
… como eu te entendo… Maria Oliveira - a Carçona… por isso, hoje fui ao rio Sabor e os peixes de escabeche são iguais aos teus peixes, antiquíssima Taberneira e se algum vizinho estiver muito triste… coisas da vida… come dois peixes, bebe um quarteirão de vinho… e decerto ficará mais animado…
… e custa tão pouco devolver a felicidade!
… tu é que sabias!... Nossa Senhora de todas as Tabernas!… de todos os milagres... e uma Taberna a Nordeste era o segredo…
… que orgulho Maria Oliveira! 
Obrigado!

Fernando Calado

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