quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Bragança tem mais diabéticos do que o resto do país

O distrito de Bragança está acima da média nacional nos casos de diabetes diagnosticados.
Números preocupantes, que sugerem que tem que se investir na prevenção, considera Raul Sousa, coordenador Unidade Funcional da Diabetes da Unidade Local de Saúde do Nordeste. Uma população envelhecida ajuda a explicar estes valores.

“No distrito de Bragança temos uma prevalência de diabetes de 10.57. Portanto, é superior à média nacional, dos diabetes diagnosticados, que é de 7.4, mais 5.7 que são os que não se conhecem, o que dá uma prevalência de 13.

Temos que fazer algo por isto, temos obrigação, somos técnicos de saúde, e temos que atuar preventivamente, não só curar. Em números reais, a prevalência de 10.57 significa que temos 13 234 diabéticos, dos quais uma percentagem de 12% são do tipo 1, e são insulinodepedentes, são jovens. O restante grupo tem uma idade mais avançada, que está de acordo com a nossa população, mais envelhecida.”

Certo é que os tratamentos da diabetes evoluíram, mas são mais caros. Mesmo com mais encargos para o Governo, e, consequentemente, para os contribuintes, Paula Freitas, endocrinologista no Hospital S. João, no Porto, defende que é um investimento que vai impedir outros de maior dimensão no futuro.

“Há um custo imputado ao Estado , e não tanto ao doente. O doente paga uma parte do fármaco, mas a outra somos todos nós que pagamos. Ora, também temos que pensar a longo prazo. Mesmo que agora paguemos mais, este doente vai trabalhar mais anos, vai ser útil à sociedade mais tempo, e não vamos pagar uma unidade de cuidados intensivos,ou uma unidade coronária, se calhar este doente não vai precisar de fazer um bypass cardíaco.

Por isso, estamos a poupar. Temos que pensar um bocadinho mais a longo prazo, e pensar em tratar bem. Tratar bem logo desde o início, diagnosticar precocemente, para que vivam mais anos livres da doença.”

Dados revelados à margem das I Jornadas sobre o tema, dedicadas a profissionais da área do distrito de Bragança e Vila Real, promovidas pela Unidade Coordenadora Funcional da Diabetes da Unidade Local de Saúde do Nordeste, que foi criada há dois anos no distrito.

Raul Sousa entende que este tipo de formações são importantes, sobretudo quando feitas a pensar na realidade da região.

“Em Trás-os-Montes, quer em Vila Real quer em Bragança, mas provavelmente mais no de Bragança, dada a sua maior interioridade, temos muito pouco em termos de formação.

E como temos muito pouco, acho que tudo que se possa fazer é sempre bom. Neste momento, se queremos formação, temos que ir ao grandes centros. E nem sempre é possível. Temos o túnel mas não chega. Tudo que se faça aqui, em Bragança nomeadamente, é bom também para falar dos problemas específicos da região, que podem ser diferentes dos de outros pontos do país.”

A diabetes, em especial a de tipo 2, foi ontem discutida por profissionais em Macedo de Cavaleiros.

Ainda assim, melhor do que tratar é prevenir. Fazer exercício físico, preferir os legumes e as leguminosas à carne e ao peixe, e evitar o açúcar refinado, o vulgar açúcar branco, são importantes passos para manter a saúde.

Escrito por ONDA LIVRE

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