sexta-feira, 23 de setembro de 2016

“Justiça para um amigo assassinado”, pede a Plataforma Salvar o Tua

Ainda sobre se é possível salvar o Tua, João Joanaz de Melo, coordenador da Plataforma Salvar o Tua, considera que tal só seria possível se as autoridades competentes voltassem atrás com as decisões tomadas. Não acredita grandemente nessa reversão, por isso, pede justiça para um amigo assassinado.
“A única forma de salvar o Tua neste momento era se as nossas autoridades ganhassem vergonha na cara e dizerem que há uma série de ilegalidades, que não é um projeto de interesse público, que a EDP não está a cumprir as suas obrigações, por isso devia esvaziar-se a barragem e cancelar a concessão. Era isso que as autoridades deviam fazer.

Pela experiência que nós temos isso, infelizmente, não vai acontecer. As nossas autoridades são subservientes  à EDP. O que está a acontecer no Tua é um assassinato. Queremos, ao menos, que haja justiça para um amigo assassinado. Se já não é possível salvar o Tua, que neste momento as probabilidades são reduzidas, pelo menos que sirva de exemplo para outros casos, como para o Tâmega. Para lá estão previstas quatro barragens tão inúteis e tão danosas como a Barragem de Foz Tua.”

E em relação ao Plano de Mobilidade, que será assegurado pela empresa turística Douro Azul, João Joanaz de Melo compara o que está em vias de ser feito com um parque de diversões.

“Não tem nada a ver com o que era a vivência no Vale do Tua, com aproveitar os valores locais.

Mas, enfim ,pode encarar-se o que vai ser feito com uma Disneylândia. Pode ter a sua graça, mas não tem nada a ver com o sítio e com o valor que teria a linha férrea do Tua, até Bragança. Para as populações locais este projeto não serve absolutamente para nada. Incluiu um passeio de barco, um pequeno troço de caminho de ferro, eventualmente com uma locomotiva a vapor. Nada disso tem a ver com mobilidade local.

O que vai acontecer, e vários estudos já feitos demonstram isso, quer no caso do Tua, quer noutros, como o que está a acontecer no Baixo Sabor, é que ao destruir valores locais estamos a afastar as populações, estamos a agravar o despovoamento e o empobrecimento da região. E é isso que está em curso.”

A opinião do coordenador da Plataforma Salvar o Tua sobre o estado atual da concessão da EDP, que deve entrar em funcionamento até ao final deste ano.

Escrito por ONDA LIVRE

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