sábado, 22 de outubro de 2016

Dia Europeu sem Carros, em Mirandela

Normalmente só se criam dias para isto e para aquilo porque dá jeito ou para tentar tapar o que está mal. Era quinta-feira e feira em Mirandela, com mais gente pelas ruas e a Praça Nova composta. Era dia da «Feira da Couve para Plantar» e os hortelões de Contins, que não têm vergonha de trabalhar, são os que inundam o mercado com manhuças de «Couve de Mirandela» para pôr.

Passados uns três meses vai aparecer na nossa praça e nas hortas a melhor couve troncha de Portugal. Melhor? Divinal! Basta caírem umas geadas e não há melhor. Leva as características edafoclimáticas únicas de Mirandela e de algumas hortas dos municípios vizinhos. Mas, depois de comprar umas bôlas de azeitonas e calcadas na Padaria Seramota, apercebo-me que não se podia andar de carro na rua do tribunal e do Palácio dos Távoras. Pareceu-me que era mais para dar um pouco de descanso à memória dos antigos e desafortunados Senhores de Mirandela.

Até os nossos avós, que retemos bem na memória, achariam que é uma prosmeirice, andar pela cidade a mostrar os carros. Andam-se 50, 200, 500 metros e, num acto de imbecilidade, pega-se no carro só para o mostrar. Às vezes escondem-se as letras bancárias ou um empréstimo arrancado a um familiar ou «amigo». Apesar das limitações, procuro sempre andar a pé.

O Director do Notícias de Mirandela deixa-me estacionar o carro no seu em aparcamento e dou as pequenas voltas a pé. É preciso muita pedagogia para fazer mudar as pessoas de atitude e fazer-lhes compreender o que é a pegada ecológica. É preciso bons Projectos de Escola, não com bandeiras a fazer de conta, mas com práticas e crescimento interior de professores e alunos.

O que fica deste dia, na minha memória, é que a Câmara Municipal deixou uma pequena mensagem e criou um bom incómodo aos automobilistas, para que, pelo menos alguns pensem que os carros só devem ser usados quando são mesmo precisos. Era bom que as pessoas interiorizassem que andar a pé nos meios urbanos faz bem à saúde, à carteira e ao ambiente. Assim, não se deve criticar a construção de ecovias ou ciclopistas, como a que vai de Mirandela ao Parque de Campismo da Maravilha, porque, além de criar segurança aos ciclistas e peões, é pedagógica e dignifica-nos.

Jorge Lage
in:atelier.arteazul.net

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