segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

João José de Freitas

Doutor em direito pela Universidade de Coimbra, onde terminou o curso com distinção em 1895, professor liceal. Nasceu em Misquel, freguesia de Parambos, concelho de Carrazeda de Ansiães, a 28 de Maio de 1873; filho de Manuel José de Freitas e de D. Carlota da Cunha Almeida.
Concluiu os estudos liceais no Porto em 1889, com distinção em quase todas as disciplinas. Advogado nos auditórios do Porto e leccionista em colégios da mesma cidade, concorreu em 1896 ao grupo liceal de geografia e história, sendo o terceiro classificado entre vinte e dois concorrentes; mas, devido às suas ideias republicanas, não foi despachado. 
No mesmo ano fez concurso à cadeira de economia política da Academia do Porto, e, posto que fosse o primeiro classificado em mérito absoluto, foi-lhe preferido em mérito relativo Bento Carqueja. Desgostoso com esta injustiça, foi advogar para Luanda e depois para S. Tomé em 1898, de onde regressou para reger uma cadeira do liceu de Braga, em que foi provido por decreto de 9 de Fevereiro de 1906.
Candidato a deputado por Lisboa e Bragança nos anos de 1906 a 1910, não conseguiu vencer, sendo, logo que se proclamou a República, o primeiro governador civil que estas novas instituições nomearam para o distrito de Bragança, onde esteve até Junho de 1911. Deputado às Constituintes pelo distrito de Braga, terminadas estas foi eleito senador. Finalmente, por decreto de 14 de Abril de 1911 foi transferido para o liceu Rodrigues de Freitas, do Porto.
Casou em 2 de Outubro de 1909 com D. Berta de Azevedo Albuquerque, filha do lente de matemática da Academia do Porto, doutor Joaquim de Azevedo Albuquerque.

Escreveu: A revisão da Lei da Separação do Estado das Igrejas – «Proposta a apresentar à Comissão de Cultos do Senado». Porto, 1913. 8.° de 7 págs. E colaborou na República do Norte, do Porto; Mundo e Luta, de Lisboa, e Resistência, de Coimbra.
Foi assassinado no Entroncamento (estação da Barquinha), perto de Lisboa, no dia 17 de Maio de 1915, após haver disparado quatro tiros em João Chagas, presidente do ministério nomeado pela revolução de 14 desse mesmo mês e ano.

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

Obs* Segue-se texto inserido in:arspblica.blogspot.pt

Sabia que o advogado transmontano (Carrazeda de Ansiães 1873 - Entroncamento 1915) tinha sido um republicano dos 4 costados, participando na revolta portuense de 31 de Janeiro - sendo-lhe vedado por 2 vezes o acesso à docência pela sua posição política. Pelo seu soundbite, imaginava uma espécie de Catão, um estóico que norteava todas as suas acções pela moral e nobreza mais elevadas.
Resolvi saber um pouco mais sobre a personagem, e tive uma surpresa, o seu fim foi inflamado (como a sua vida), mas teve pouco de nobre. 
Adepto da ditadura de Pimenta de Castro (apoiada pelo seu Partido Evolucionista e pela União Republicana, contra o Partido Democrata,  maioritário no parlamento), JJF ficou possesso com o resultado da revolta de 14.5.1915, que depôs o governo (levando, por arrasto, o presidente Arriaga), e mais ainda pela indigitação do novo chefe de governo, João Chagas, com quem estava desavindo, talvez desde que este demitira o seu irmão mais velho do cargo de governador civil de Bragança (curiosamente, ou não, JJF fora o antecessor do António Luís de Freitas).
Na madrugada de 17 de Maio, JJF entrou num comboio parado na Barquinha e descarregou 5 tiros em João Chagas (3 dos quais acertaram-lhe de raspão na cabeça, perdendo o olho direito). O então Senador foi dominado, alvejado com uma carabina por um GNR e demoradamente linchado pela multidão, com tiques de malvadez - consta que até lhe deram fel a beber.
Parece que a ética republicana era uma coisa talvez demasiado belicosa.  

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