quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

António Bernardo de Morais Leal Júnior

Nasceu em Moncorvo a 8 de Junho de 1836; filho natural de D. Guilhermina Clotilde de Morais e do padre António Bernardo de Morais Leal, doutor em direito e teologia e advogado em Moncorvo. Faleceu em Lisboa em Maio de 1899. Leal Júnior pode conseguir em 1861 que D. Pedro V o tomasse sob a sua protecção, mandando-o frequentar a Universidade de Coimbra; morrendo, porém, logo este monarca, seu irmão D. Luís continuou custeando-lhe as despesas universitárias.

Escreveu:
Uma página Académica – «Opúsculo crítico-histórico, em que é imparcialmente julgada a Academia de 1863 e 1864 sobre a petição do perdão dacto, e consequências da má interpretação da Portaria do Ministério do Reino de 25 de Abril do ano corrente», por A. B. de Morais Leal Júnior (caloiro), prestacionado de S. M. El-Rei. Coimbra na Imprensa da Universidade, 1864. 8.° gr. de XVI-368 págs.
Esta obra levantou grande celeuma e atraiu sobre o seu autor o ódio de muitos que nela eram julgados pouco benevolamente, tendo por isso de interromper os seus estudos. A imprensa política discutiu-a largamente; até Pinheiro Chagas escreveu sobre ela uma carta na Gazeta de Portugal n.° 545 de 15 de Setembro de 1864.
Gazeta Lisbonense. Publicação semanal, literária, noticiosa, crítica e recreativa. Lisboa, Tip. do Futuro, 1865. 4.° gr. Saíram doze números: o primeiro a 10 de Março e o último a 27 de Maio. Contêm ao todo 96 págs.
O Espectador Imparcial – Jornal, de que se publicaram vários números.
O Mosquito – Periódico satírico, político, literário, noticioso e recreativo. Lisboa, Tip. do Futuro, 1867. Saiu o primeiro número a 24 de Março.
Colaborou em diversos jornais da província, como Jornal do Porto, Bracarense, Independente, Pensamento, Justiça, etc.
Borregos e salafrários no concelho e comarca de Moncorvo – Com vista à «Actualidade», jornal portuense. Lisboa, Tip. Portuguesa, 1885. 8.° de 30 págs.
Neste opúsculo declara o autor que é redactor do Mosquito e do Archote e que colaborou no Distrito de Faro. O opúsculo contém uma carga violenta e verrineira sobre os homens mais em evidência ao tempo em Moncorvo.
No «Prólogo» da Página Académica alude o autor à protecção que, em hora de desdita, encontrou em Alexandre Herculano. Eis a carta que este lhe deu em Outubro de 1863 para José da Silva Mendes Leal, então ministro da Marinha:

«Ex.mo Amigo e Senhor – O portador é um rapaz de Trás-os-Montes, de quem poderá fazer conceito ouvindo-o. Elle lhe contará a sua historia.
Estava á entrada do paço para falar a el-rei; pretenção ambiciosa de mais para a obscuridade desvalida, e que os cortezãos baixos para dentro e altivos para fora, sabem reprimir.
Viu-me e lembrou-se de falar comigo. A minha opinião foi que recorresse ao unico homem de poder que comprehenda o que ha legitimo nas suas aspirações e doloroso na sua situação. Tal conselho impunha-me o dever d’esta carta. Ella e elle ahi vão. Lea-a, e ouça-o. De V. Ex.cia amigo e creado – Alexandre Herculano».

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

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