sexta-feira, 31 de março de 2017

Autarcas querem que Espanha abandone de vez construção de fábrica de urânio

Suspensão temporária não é solução, sublinham autarcas portugueses.
O presidente da Associação de Municípios Ribeirinhos do Douro, Artur Nunes, avança que a "suspensão temporária" do processo de autorização da construção de uma fábrica de concentrados de urânio em Retortillo, perto fronteira espanhola, "não é a melhor solução".

O Ministério da Energia espanhol decidiu suspender o processo de autorização da construção de uma fábrica de "concentrados de urânio" em Retortillo (Salamanca), perto dos concelhos portugueses de Almeida e Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda.

O também presidente da câmara de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, defende que "toda a situação deverá ser repensada por parte das entidades espanholas, já que se está a adiar um problema ibérico".

Esta posição é partilhada pelo município de Almeida, no distrito da Guarda, que lamenta o facto de a decisão do Governo espanhol ter "carácter de temporário".

Ambientalistas espanhóis e portugueses opõem-se às obras em curso da empresa Berkeley para abertura de uma mina de urânio a céu aberto em Retortillo, assim como da fábrica que irá fazer a separação do urânio dessa mina e que pode também usar material proveniente de outras minas espanholas.

A associação ambientalista Quercus alertou, no ano passado, para os perigos para a saúde pública e para o ambiente que representa esse projeto.

Também em 2016, a plataforma espanhola "Stop Uranio" alertou para a proximidade de uma das entradas do Parque Natural do Douro Internacional, principalmente junto ao concelho de Figueira de Castelo Rodrigo.

Segundo os ambientalistas, há dois cursos de água que atravessam o território onde vai ser instalada a exploração mineira de urânio, que vão desaguar no rio Douro, junto ao território de Saucelle (Espanha) e Freixo de Espada a Cinta (Bragança), a jusante da barragem espanhola de Saucelle".

Os opositores à exploração mineira sublinham ainda que outra das implicações negativas do projeto passa pelo abate de 25 mil árvores de crescimento lento, que estão plantadas numa área com uma extensão de cerca de 27 quilómetros, onde a empresa Berkeley tem intenção de abrir a mina e construir a fábrica para a exploração de urânio.

Francisco Pinto
in:m80.iol.pt

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