quarta-feira, 7 de junho de 2017

António Joaquim Ferreira Pontes

Doutor em direito pela Universidade de Coimbra, deputado em diversas legislaturas e governador civil do distrito de Bragança. Nasceu em Peredo dos Castelhanos, concelho de Moncorvo, em 1815 e faleceu na sua quinta de Crestelos em 1883; sendo os seus ofícios fúnebres em Moncorvo, ficou sepultado no jazigo da família, em Ligares.
Fez parte do batalhão dos Voluntários da Rainha e combateu nas Linhas do Porto. Liberal convicto, filho doutro liberal, que muito sofreu por esta causa, chegando a estar preso desde 1828 a 1834, ainda em 1846 retomou as armas contra o absolutismo de Costa Cabral, de onde lhe veio como resultado ter de emigrar para Espanha.
Era condecorado com as medalhas das campanhas da liberdade e a comenda de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, e em memória dos seus serviços foi agraciada sua esposa D. Flora de Sampaio e Melo, com o título de viscondessa da Alegria, que seu marido rejeitara, quando lho ofereceu o ministro José Dias Ferreira.
Falecendo sem sucessão, deixou seus bens a seus sobrinhos doutores Galos (João e José).
Foi por duas vezes nomeado governador civil do distrito de Bragança: a primeira, por decreto de 26 de Maio de 1865, mas logo substituído em 26 de Setembro seguinte; e a segunda, em 25 de Maio de 1870 e substituído a 2 de Setembro desse ano.
Serviu por várias vezes o cargo de presidente da câmara de Moncorvo, e foi durante a sua gerência que se procedeu à demolição do velho e arruinado castelo, transformando-o em 1878 em passeio público arborizado, tal como ainda hoje se conserva.
Também serviu de administrador do concelho de Moncorvo, dando-se durante a sua gerência factos lamentáveis, que bem mostravam o desgraçado estado do país.
Em Foz Côa, a célebre quadrilha dos Marçais (António Joaquim Marçal e Manuel António Marçal) recomeçara nos antigos roubos e assassinatos com as lutas cabralistas; António Augusto de Almeida, cunhado dos Marçais e administrador de Foz Côa, tanto se assinalou pelas perseguições cometidas pela sua guerrilha, melhor, quadrilha, que muitos indivíduos das vizinhanças se retiraram para Moncorvo, onde Pontes favorecia os anticabralistas.
É então esta vila invadida pelos Marçais, em Junho de 1849, sequiosos de vingança sobre o administrador, e, acolhidos à sua protecção, fogem, deixando o campo aberto ao inimigo que, insolente e desesperado pelo malogro da razia, depois de «acamparem na praça principal da vila, de efectuarem várias buscas domiciliárias, de jurarem vingança e nova expedição», se retiraram, ficando simplesmente os administradores a esfuziarem reciprocamente nos periódicos onde «o Ferreira Pontes levou o Almeida de vencida, porque as suas respostas, fundadas em factos duma verdade irrecusavel, eram esmagadoras pela eloquencia das provas», pois, publicando-lhe as relações com os nomes dos assassinatos, mostrou que a temível quadrilha havia cometido 34 assassinatos, 41 espancamentos, 6 roubos e obrigara a expatriar-se 104 chefes de família, entre as quais a família Campos Henriques, ascendente do bem conhecido homem público deste apelido, que por várias vezes desempenhou os cargos de ministro de Estado.
Estes factos, referidos pela imprensa do tempo, ecoaram também no parlamento, na sessão da câmara dos pares de 6 de Julho de 1849.
Por fim, aqueles povos começaram a ter mais tranquilidade, quando, a 11 de Janeiro de 1851, António Joaquim Marçal foi assassinado no lugar do Farpão, freguesia da Lousa, concelho de Moncorvo.

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

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