sábado, 17 de junho de 2017

Bragança inaugura memorial com sinagoga que abre portas ao culto judaico

A cidade de Bragança inaugurou hoje o Memorial e Centro de Documentação Sefardita, que alberga uma sinagoga e abre portas à possibilidade de realização de culto judaico, como admite a comunidade sefardita.
foto: C.M.B.
O Memorial e Centro de Documentação custou 286 mil euros, financiados por várias entidades, e, além de disponibilizar conteúdos à investigação sobre os sefarditas (judeus da Península Ibérica) de Bragança, reconstitui no interior o espaço de culto religioso judaico.

Segundo o presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, não existe na cidade uma comunidade que tenha atividade religiosa habitual conhecida, mas não está afastada a possibilidade da realização de cerimónias religiosas no local, como admitiu o presidente do Conselho da Comunidade Sefardita de Jerusalém, Abraham Haim.

A cidade de Bragança acolhe durante quatro dias, até domingo, um encontro internacional, o Terras de Sefarad, dedicado à cultura judaica portuguesa, com um congresso, exposições e concerto com artistas israelitas, mostra de cinema judaico e mercadinho Kosher.

O evento tem revelado a importância dos judeus que há 500 anos fizeram de Bragança e de Trás-os-Montes um centro económico e cultural impulsionando diversas atividades de que ainda hoje há vestígios.

Depois de ter inaugurado, em fevereiro o Centro de Interpretação da Cultura Sefardita, a Câmara de Bragança inclui no programa do evento internacional a abertura oficial do Memorial e Centro de Documentação, mais "um contributo para a preservação da memória e da presença sefardita em Bragança", como realçou o autarca.

O edifício alberga uma pequena sinagoga que permite a realização de atos religiosos, segundo o presidente da Câmara, que ressalvou não existir em Bragança "uma comunidade judia que tenha atividade concreta e diária para utilizar aquele espaço".

Este equipamento "é um projeto emotivo", segundo o presidente do Conselho da Comunidade Sefardita de Jerusalém, Abraham Haim, para quem "dependerá agora da vontade" a possibilidade de celebrações nesta sinagoga, embora em momentos esporádicos, como para um grupo de turistas judeus.

O presidente da Câmara acredita que as iniciativas desenvolvidas a nível local serão "um passo importante para que se coloque Bragança na rota do turismo nacional e internacional ligado a esta temática" e para atrair "novos investimentos provenientes de judeus que se encontram espalhados pelo mundo, muitos deles com raízes em Bragança".

Hernâni Dias referiu que "ainda na semana passada 56 judeus de Israel visitaram Bragança".

O representante judaico Abraham Haim encara o memorial hoje inaugurado como "um dos passos importantíssimos para um reencontro de Bragança, as suas autoridades e habitantes, com os judeus em geral e com os sefarditas em particular".

A atenção da comunidade judaica espalhada pelo mundo depende agora, considerou, "dos esforços da rede de judiarias portuguesas, da Câmara de Bragança e de outros fatores como as comunidades judias fora de Bragança", nomeadamente no Porto e em Lisboa.

Agência Lusa

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