segunda-feira, 24 de julho de 2017

Pasto, hortícolas e frutas mais afetados por seca, a seguir será vinha e olival

Todas as culturas estão já afetadas pela seca, principalmente pastagens, hortícolas e frutas sazonais, e, se não chover dentro de um mês, será também a vinha e o olival, defendeu a Confederação Nacional da Agricultura.
"Estão já afetadas todas as culturas, especialmente as de primavera-verão, mas também as permanentes, como a fruta", disse hoje à agência Lusa João Dinis da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), e referiu que o interior é mais atingido, exemplificando com as dificuldades sentidas no distrito de Bragança.

Alertou que, "se continuar assim", sem chuva, "mais um mês e a seca vai atingir também a vinha e o olival, apesar de atualmente estarem promissores".

Quase no final de julho, o retrato que a CNA faz da situação de seca severa no território nacional, já reconhecida pelo Governo através de um despacho hoje publicado, reflete os problemas dos pastos e pastagens, que registam uma quebra de 80% relativamente ao "normal" para esta altura, produtos hortícolas criados ao ar livre e frutas sazonais, cuja produção pode descer para metade.

Sem água, a fruta não cresce ficando aquém do calibre exigido, portanto as perdas incluem o que ficou seco, mas também o que sobreviveu mas sem as características de qualidade ou dimensão exigidas.

Quanto às culturas de primavera-verão, como os cereais de sequeiro, "começam a ser mais palha que grão", relata João Dinis.

O especialista salienta que, mesmo nas zonas irrigadas, "a situação complica-se" porque é precisa mais água, o que aumenta os custos de produção, com a exigência de mais gastos de energia e mais trabalho, a que acresce "o baixo preço pago à produção", por exemplo nos hortícolas, como a batata, caso que classifica como "desastre".

O representante da CNA voltou a alertar para a necessidade de medidas mais eficazes para apoiar a agricultura e a defender que o Governo devia começar a preparar uma candidatura ao Fundo Europeu de Solidariedade para obter ajuda para o setor, atingido pela seca, como fez para enfrentar os efeitos dos grandes incêndios de junho.

O diploma hoje publicado em Diário da República, assinado na terça-feira e com efeitos a 30 de junho, refere que se denota "já nas atividades agrícolas que suportam a alimentação animal, culturas forrageiras e pastagens, quebras de produtividade relevantes, pelo que, em muitas situações, se antecipa o consumo das reservas existentes destinadas ao período estival ou mesmo o desvio para pastoreio de áreas de cereais para grão".

E destaca os prejuízos registados nos cereais para grão, traduzidos numa quebra de qualidade e de rendimento, lembrando que a falta de água para rega levou à redução de áreas semeadas nas culturas de arroz, milho para grão, tomate para indústria, melão e batata.

Este passo agora dado pelo Governo inicia procedimentos para a disponibilização de compensações aos agricultores.

Os últimos dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) referem que, no final de junho, cerca de 80% de Portugal continental estava em seca severa (72,3%) e extrema (7,3%).

Segundo o índice meteorológico de seca (que tem em conta os dados da quantidade de precipitação, temperatura do ar e capacidade de água disponível no solo), a 30 de junho mantinha-se a situação de seca meteorológica em quase todo o continente, verificando-se, em relação a 31 de maio, um agravamento da sua intensidade.

EA (VP/ROC/DD)// ATR
Lusa/fim

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