mostajeiro |
Nos últimos 100 anos, desapareceram mais de 90% de variedades de sementes da Terra, o que empobreceu a diversidade da alimentação humana, cada vez mais refém de variedades manipuladas visando maior rendimento. Entretanto, o país rural português possui cerca de duas mil variedades de sementes. Há que zelar pela sua salvaguarda. As sementes são parte do património cultural, histórico e alimentar de um povo. A parábola bíblica alegoriza-as como arquétipo da vida: se plantarmos hoje a boa semente, amanhã colheremos saúde, amor, abundância e paz.
Mas esta parábola conduz-nos também, de novo, às grandes ameaças que pairam sobre a sobrevivência da nossa floresta autóctone. Dada a grande extensão de áreas consumidas pelos incêndios, muitas espécies autóctones estão a desaparecer. E, para que num futuro plano de reflorestação se possam recuperar as espécies perdidas, lá voltamos à questão das sementes.
O mostajeiro, por exemplo, uma espécie outrora muito usada para madeira e artesanato e cujo fruto as populações aproveitavam para uma excelente compota, está hoje limitado a duas únicas árvores conhecidas em Portugal, diz-nos um especialista da UTAD. Por isso, há que recuperar e proteger num banco de sementes as espécies que estão em risco efetivo.
Sem a biodiversidade ativa, estará em causa a qualidade de vida nos territórios, sendo que a qualidade das sementes é um dos importantes aspetos a ter em conta em qualquer programa de arborização. E daí que proteger os recursos genéticos e promover a arborização de espécies autóctones, seja também uma forma de proteger o futuro.
Alexandre Parafita
in:diariodetrasosmontes.com
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