sexta-feira, 11 de agosto de 2017

COMO É FEITA A OPINIÃO

          Por Humberto Pinho da Silva
(colaborador do Memórias...e outras coisas)
Certo politico – que dizem ser o pai da democracia portuguesa, – proferiu, certa vez, frase (que não era sua) que ficou célebre: “Só os burros é que não mudam!”
Assim é; mas será que a maioria das pessoas têm opinião ou sabem o que é ter opinião?
Creio que não: porque os pareceres mudam, consoante: os momentos, os interesses e a opinião do “ clube”, que estão inseridos.
Vejamos: Qual é o militante, que pretende ascender a cargos – remunerados ou não,  do seu partido, que se atreve a discordar do líder quando este está em plena ascensão?
Poucos ou nenhuns. A opinião do militante, é, salvo raras exceções, a mesma do chefe.
Uma vez o líder em queda, surgem, então, os pareceres, as discórdias; e poucos o defendem, mesmo os que meses antes se batiam heroicamente a seu favor.
Também o critico da moda – literário ou teatral, – ao escrever o comentário, tem o pensamento na “ capelinha” que o apoia, que não lhe perdoaria critica negativa, a camarada.
O escritor é excelente ou medíocre, conforme o grau de amizade, ou por haver tratado tema, que agrada a certa feição, seja: politica, religiosa ou desportista.
Sejamos francos e honestos: a obra pode ser excecional, o autor um génio, mas se os ideais defendidos são contrários ao nosso ponto de vista, a obra é: má ou assim, assim.
Para o homem da esquerda, só tem valor o que pensa como ele; e o mesmo acontece, quase sempre, ao que milita em partidos de direita.
Mas, o que é afinal, ser de direita ou de esquerda?
Há homens de direita, que pensam e agem, como se fossem de esquerda; e há de esquerda, que quando agem, enquadram-se até na extrema-direita!... 
 Uma coisa é vê-los falar; outra, são as obras…
É que a escolha de ideologia ou partido, é feita, muitas vezes, por razões sentimentais ou conveniências…
Já repararam: se futebolista joga num clube rival ao nosso, as atitudes incorretas, taxamo-las de: indisciplina e má educação; mas, se o nosso clube, contrata-o, passam a ser: “nervosismo…”, ” ter o coração junto da boca”…
Sabemos que é assim; mas as massas não sabem; e como são incapazes de raciocinar sem a muleta do crítico ou comentador, seu parecer, é o que está em voga, ou o que seu jornal defende.
E está em voga, porque, minoria, bem organizada,  com poder, domina a mass-media, e interessa-lhe que o Senhor “A” seja uma sumidade, e que o Senhor “B“, burro chapado ao quadrado! …
E, as massas acéfalas, em rebanho, engrossam as manifestações e os abaixo assinados, convencidas que pensam, mas não pensam…E mal é quem lhes diga isso…
E assim, o povo, não passa de bonequinho de marioneta: salta, canta, chora, ri, aplaude, censura, grita, berra, sem se aperceber, que é comandado por cordelinhos invisíveis! …

Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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